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Estado de Minas

Caos toma conta do trânsito de BH com interdição de avenida, greve do metrô e chuva

Motoristas precisaram de paciência e passageiros ficaram parcialmente sem metrô e enfrentaram chuva e ônibus lotados


postado em 16/05/2012 06:00 / atualizado em 16/05/2012 07:09

Corredores tiveram tráfego intenso pela manhã, agravado pelo funcionamento do metrô em escala mínima(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press)
Corredores tiveram tráfego intenso pela manhã, agravado pelo funcionamento do metrô em escala mínima (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press)

O primeiro dia de interdição da Avenida Santos Dumont para as obras do BRT (transporte rápido por ônibus), marcado pela lentidão no trânsito do entorno da via, exigiu muita paciência de quem precisou passar ou ir ao Hipercentro pela manhã e à noite. Com o fechamento do trecho entre as ruas da Bahia e Espírito Santo, motoristas ficaram perdidos na tentativa de localizar os desvios feitos pelas ruas Caetés e Guaicurus. Também levaram mais tempo para se adaptar às mudanças de sinalização de estacionamento e carga e descarga. Isso porque parte da sinalização vertical e horizontal, incluindo as placas indicativas das linhas de ônibus, ainda não havia sido implantada pela BHTrans, mesmo depois do início da operação especial. Já os passageiros dos ônibus ficaram confusos com os novos pontos de embarque nas ruas próximas. A volta para casa no segundo dia da greve dos metroviários também foi complicada, apesar da escala mínima de trens no horário de pico. O trânsito na área central e nos principais corredores voltou a ficar tumultuado, e a chuva persistente aumentou a aflição de motoristas, passageiros e pedestres.


A costureira Nilce Ferreira, de 76 anos, chegou à estação Central às 19h34 e, apesar da idade, não sensibilizou funcionários do metrô. “Saí do São Bento (Centro-Sul) e o trânsito estava parado. Não sabia que o metrô funcionaria só até as 19h30”, disse a idosa, que pegaria um ônibus para casa, no Bairro Heliópolis, Norte da capital.

Às 19h30, a luzes da Estação Central já estavam apagadas e o portão fechado. Alguns usuários conseguiram convencer um segurança e dois minutos depois ele abriu o portão para saída de passageiros e permitiu a entrada dos retardatários. Usuários de linhas que passam pela Santos Dumont também enfrentaram dificuldades na volta para casa. Jean Carlos Vieira, de 26, morador do Zilah Sposito, reclamou da demora do ônibus e da falta de infraestrutura do ponto. “Além do atraso, aqui não há abrigo nem marquise e temos de ficar na chuva”, protestou.

Cerca de  3,3 mil ônibus e milhares de veículos passam pelo Centro diariamente, situação agravada pela interdição para obras, que exigiu reforço. “O tempo dos semáforos foi alterado para atender as mudanças, mas, mesmo com os sinais funcionando normalmente, estamos coordenando o trânsito, para evitar que os cruzamentos sejam fechados. A maior dificuldade é a Caetés, que não suporta os dois fluxos”, informou o guarda municipal João Paulo Rabelo, referindo-se aos carros que passavam pela Santos Dumont.


Por volta das 9h, a lentidão chegou a 19,5 quilômetros na área de influência da Avenida do Contorno, com 22 vias com tráfego intenso, segundo a BHTrans. O problema é reconhecido pelo presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar. “A Caetés e a Guaicurus eram as únicas opções para o desvio”, explicou. Segundo ele, a confusão de ontem era esperada. “O motorista ainda desconhece as mudanças, porque esse é um percurso novo, ao qual ele não se acostumou. A recomendação é de que o condutor, se puder, evite passar pelo Centro”, afirmou. O supervisor de Transporte e Trânsito da Área Central, Alisson Serravite, disse que a empresa está acompanhando o movimento em torno dos pontos de ônibus e, se for preciso, haverá reajustes na localização das linhas.

A lentidão dificultou a vida das pessoas que tentavam chegar ao Hipercentro pela manhã. O reflexo foi sentido nos principais corredores, como as avenidas Antônio Carlos, Cristiano Machado, Pedro II, Andradas e Contorno. No Complexo da Lagoinha, uma longa fila de carros e ônibus deixou motoristas irritados. “Estou achando as mudanças horríveis. Fiquei muito tempo parado no trânsito e ainda estou tendo dificuldade para chegar à Rua Rio de Janeiro, onde vou fazer uma entrega”, afirmou o motorista Márcio Miranda, de 36.


Volta para casa à noite foi problemática no Hipercentro, com chuva, ônibus cheios e avenidas congestionadas(foto: Rodrigo Clemente/Esp.EM/D.A. Press)
Volta para casa à noite foi problemática no Hipercentro, com chuva, ônibus cheios e avenidas congestionadas (foto: Rodrigo Clemente/Esp.EM/D.A. Press)

Confusão sobre ônibus


Mesmo com os informativos distribuídos pela BHTrans, muitos passageirso de ônibus permaneciam confusos com as alterações dos locais de embarque e desembarque das 160 linhas remanejadas da Santos Dumont para as ruas Caetés, Guaicurus, Bahia, Espírito Santo e São Paulo. Houve quem reclamasse de atrasos dos coletivos e dos pontos cheios. Depois de uma hora e 40 minutos de espera, a aposentada Maria dos Anjos Ferreira, de 65 anos, ainda não havia embarcado. “Estou vindo do Bairro Goiânia (Região Nordeste), em direção a Santa Luzia. Saí de casa às 8h30, já são 11h30 e ainda estou no Centro. Vi dois ônibus passarem pela Avenida dos Andradas, mas não chegaram aqui”, disse, enquanto aguardava em um ponto de ônibus na Guaicurus.

E no comércio, as perdas já começaram a ser sentidas e lojistas falam em demissão. Gerente de uma lanchonete na Santos Dumont, Mauro Sérgio de Assis Costa calculou em 60% a queda do movimento no primeiro dia da interdição e estima que o índice chegará aos 70%. “Infelizmente, já cortamos um empregado e provavelmente teremos de despedir mais dois”, lamentou. Para não sofrer mais com o enfraquecimento nas vendas, uma padaria do quarteirão entre Espírito Santo e Bahia destacou um funcionário para informar a quem passava que o trânsito está liberado para clientes. “Há quem pense que não é mais possível entrar de carro neste trecho, mas para ir à padaria pode”, disse Thiago Araújo Ramos, de 17, com duas placas nas mãos.

Acidente

A complicação no trânsito do Hipercentro também foi motivada por um acidente na Avenida do Andradas, debaixo do Viaduto Santa Tereza. A batida entre um ônibus da linha 9201 (Baleia/Nova Granada) e um Fiat Palio obrigou a implantação de um desvio, o que tumultuou o acesso à Rua Guaicurus. O acidente ocorreu às 7h45 e, apesar de não haver vítimas, a via só foi totalmente liberada às 9h.


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