Jornal Estado de Minas

Recém-inaugurada, Praça da Savassi já acumula lixos e pichações

Apenas 10 dias após ser inaugurada, Praça Diogo de Vancocelos tem lixo espalhado pelo chão, pichações e outras marcas da falta de cuidado da população com o patrimônio público

Mateus Parreiras
Banca de revista na Rua Antônio de Albuquerque com Alagoas se transformou em alvo dos pichadores menos de uma semana após inauguração - Foto: Leandro Couri/EM/DA Press

O deslizar das rodinhas duras dos skates pelo piso vermelho riscou trilhos brancos na pedra recém-assentadaEspalhado sob cestos metálicos e passagens, o lixo atirado indiscriminadamente no chão suja bancos, canteiros, jardins e vasos de plantas ornamentaisTinta colorida de pichações e adesivos já poluem o visual dos novos bancos, cadeiras, bancas de jornal e telefones públicosDez dias depois de saírem os tapumes das obras de revitalização da Praça Diogo de Vasconcelos, problemas antigos como sujeira, depredação e falta de estrutura do espaço voltaram em meio a shows, apresentações, mostras e eventos culturais que tentam reintroduzir o local à rotina da capital mineira.

Desde o dia 10 deste mês, quando as reformas nos quatro quarteirões foram inauguradas, depois de mais de um ano de obras e quase R$ 12 milhões gastos, o espaço tem sido palco de apresentações artísticas, shows de bandas e artistas de ritmos diferentesOntem, enquanto o quarteirão da Rua Pernambuco com Tomé de Souza tinha rock, no da Rua Antônio de Albuquerque com Rua Paraíba se ouvia o chorinho do Festival de Arte Negra (FAN)Mesmo com grandes e novas lixeiras espalhadas e acessíveis, o público continua a jogar no chão bitucas de cigarro, copos e garrafinhas de plástico, restos de alimentos, panfletos, papéis de embalagens, tampinhas de metal e saquinhos de pipoca.

No quarteirão da Rua Antônio de Albuquerque, por exemplo, a gordura dos alimentos consumidos impregnou o mármore claro dos bancos da praça, deixando rastros escuros dos alimentos escorridos"Aqui ficou muito bonito, agradável para passear, conversarO problema da sujeira é do brasileiroA gente mudou a praça, mas as pessoas não mudaram sua atitude", disse a estudante Raquel Lara, de 21 anosContrastando com essa situação, a menos de dez metros dali, um projeto de educação ambiental para crianças por meio de oficina de bonecos recicláveis atraía a atenção dos pequenos em meio à sujeira não aproveitada que poluía a praça"Foi minha filha que viu os bonecos coloridos e me puxou: olha aqui papai, o cavalinho
Vamos lá, me leva"Acho que só com esse tipo de atitude é que as pessoas vão pensar em conservar as coisas e não sujar%u201D, afirma o soldador Fábio Henrique Gonçalves, de 34 anos, pai da pequena Maria Eduarda do Carmo, de 3 anos.

Enquanto alguns usam o tempo para pregar adesivos, outros se dedicam a dar oficina para as crianças - Foto: Leandro Couri/EM/DA Press

- Foto: Leandro Couri/EM/DA PressNão há placas que proíbam que os praticantes de esportes radicais saltem e desçam de skate pelos quarteirões da Praça da SavassiMas o tráfego intenso das pranchas sobre rodas, contudo, mostra que o piso ali colocado não é feito para a atividade, pois os rastros das rodinhas deixaram uma trilha visível de arranhões brancos cravados no pisoO local onde isso se mostra mais evidente é o quarteirão da Rua Pernambuco com Rua Fernandes TourinhoPor ser uma ladeira, o espaço proporciona mais velocidade aos skatistas e os rastros acompanham suas curvas entre os vasos ornamentais.

A questão divide opiniõesPara a estudante Camilla Dantas, de 19 anos, a praça tem de ter espaço para todos"Já se andava de skate aqui antesPor que iriam parar agora? Tinham de ter feito o piso com material que resistisse ao uso de todos", disseO gerente de uma papelaria que fica em frente aos trilhos riscados na pedra, Carlos Eduardo Medeiros, acha que os skatistas deveriam procurar pistas próprias"Temos gente andando, idosos, clientes
Não é lugar deles ficarem descendo e pulandoPara nós foi um prejuízo danado o fechamento para a reformaAgora que melhorou começam a destruir tudo?", questiona.

No quarteirão da Rua Antônio de Albuquerque com Rua Alagoas, os riscos dos pichadores começam a poluir o metal dos bancos instalados nos espaços de convivência da praçaUma banca de jornais já foi riscada com tinta cor-de-rosaDois telefones públicos também foram rabiscados e recobertos por adesivos esportivosDe acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o horário da coleta de lixo será alterado no entorno da praça para que as lojas não deixem seus sacos espalhados na porta dos estabelecimentos ou sobre os canteirosA administração municipal não comentou sobre o problema da pichação e de as pedras não resistirem ao tráfego dos skates.