Ainda sob o impacto de dois tremores de menor intensidade ocorridos ontem, autoridades de Montes Claros devem encaminhar nesta segunda-feira à Secretaria Nacional de Defesa Civil um relatório preliminar dos estragos provocados pelos abalos que atingiram a cidade do Norte de Minas no sábadoO objetivo é buscar ajuda do governo federal para os atingidos pelo fenômeno, considerado o mais intenso já enfrentado pela populaçãoO levantamento foi feito por uma força-tarefa formada pela Defesa Civil estadual e municipal e BombeirosSão esperados hoje dois técnicos do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), com equipamentos para monitorar e avaliar os abalos.
O Observatório Sismológico confirmou que o tremor foi o de maior intensidade ocorrido em Montes Claros até hoje: 4,2 graus na escala RichterA UnB também divulgou que outro tremor ocorrido na cidade no sábado, às 13h45min, teve magnitude de 3 grausDe acordo com moradores, a terra voltou a tremer na cidade ontem, por duas vezes, às 5h11 e às 16h35min, mas, até o início da noite, não havia confirmação oficialO pesquisador George Sands de França explicou que o tremor mais forte foi registrado pela estação sismográfica de BrasíliaJá o abalo menor foi detectado pelas estações de Itacarambi, Norte de Minas, e da Serra do Facão, em Goiás.
Ontem, a força-tarefa realizou vistorias em 60 casas de vários bairros da cidade, sobretudo na Vila Atlântica, que tiveram a estrutura danificadaSeis delas foram condenadas e evacuadasDuas foram interditadas, mas os moradores permanecem nelas após o escoramento de paredesSeis famílias foram levadas para abrigos municipais
Desabrigados
Uma dos casos mais dramáticos é o da operária Fabiana Aparecida Gonçalves, de 30 anosEla morava no segundo pavimento de uma casa ainda em construçãoA parede que separa a sala do quarto desabouFabiana conta que ela e a filha Luíza não foram atingidas porque estavam fora no momento do tremor“Se estivéssemos aqui, certamente os escombros teriam caído em cima da gente.” Depois de vistoria da Defesa Civil, Fabiana buscou abrigo com uma vizinha, devido ao risco de desabamentoNa casa de Rosenilde Ferreira de Oliveira, de 39, o reboco da laje despencou com o tremor, atingindo Rosenilde nas costasEla teve escoriações leves, mas, amedrontada, mandou os cinco filhos para a casa de parentes.
Insegurança
O terremoto de 6 graus na escala Richter ocorrido no Norte da Itália, na manhã de domingo, que provocou sete mortes e deixou 30 feridos, causou mais apreensão nos moradores de Montes Claros por ser apenas dois pontos superior ao ocorrido no município mineiroContudo, George Sands de França, do Observatório Sismológico da UnB, não vê motivo para alarme“A população não deve se preocupar, pois trata-se de uma medição de ordem de grandezaSe um tremor alcança 4 graus na escala Richter e outro passa de 5 graus, esse ponto de diferença significa uma intensidade 32 vezes maior”, explica
O especialista também tranqüila os moradores de que os abalos registrados em Montes Claros, cuja causa seria uma falha geológica, nunca devem passar de 5,0 graus na escala Richter“Neste caso, é muito pouco provável que aconteça tremores com capacidade para danos maiores, como derrubar prédiosAs casas com boa estrutura não devem ser atingidas”, assegura Sand de França.