Os quatro abalos sísmicos registrados em Montes Claros, no Norte de Minas, no último final de semana, demonstraram que o município terá de repensar a estrutura de suas construções para evitar danos maiores para a população. É o que afirma o técnico do Observatório Sismológico de Brasília, André Menezes. Segundo ele, não há motivo para alarde porque é muito pequena a probalidade de abalos acima do tremor de 4.2 da escala Richter registrado no último sábado. Contudo, é importante pensar em formas de prevenção. “É preciso investir em projetos de engenharia adequados para as características geológicas da região. Isso é, elaborados para prevenir danos causados por abalos sísmicos”, afirma Menezes.
O coordenador do curso de engenharia civil da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Guilherme Guimarães, explica que já existe tecnologia nacional que permite maior estabilidade das edificações em caso de tremor. “As construções na cidade devem privilegiar materiais mais resistentes, porém mais flexíveis. A estrutura das obras deverá ter capacidade para suportar também esforços horizontais”, opina.
Segundo ele, os prédios deverão contar com estrutura de pêndulos que possam a garantir a sustentação e também amortecedores nas fundações. “Isso pode ser feito com materiais como o aço, instalado em sistemas como se fossem molas para diminuir o impacto”, explica. Guilherme Guimarães salienta que foram justamente as condições precárias na estrutura de diversas casas que provocaram danos em imóveis da Vila Atlântica , bairro mais atingido pelo tremor de maior magnitude registrado no final de semana. Seis casas foram condenadas e duas interditadas pela Defesa Civil, sendo que 18 pessoas estão desabrigadas e 10 desalojadas.
Os especialistas também apontam a falta de preparo do país para o monitoramento e prevenção dos efeitos dos tremores, como aponta o técnico do Observatório Sismológico da UnB André Menezes. “O Brasil não está imune a terremotos. Tanto Montes Claros quanto Goiás estão sujeitos a ocorrência de sismos. É preciso reformar os investimentos e recursos técnicos para atender o Brasil inteiro”, afirma Menezes. Ele ressalta que o Observatório Sismológico da UnB conta com apenas seis técnicos especializados para o monitoramento dos fenômenos em todo território nacional, sendo que existem 22 estações sismográficas espalhadas pelas cinco regiões do pais.
Causas
Conforme o professor George Sands de França, também do Observatório Sismológico da UnB, a existência da falha geológica em Montes Claros, bem como sua dimensão e profundidade, será confirmada com a instalação de uma rede de sismográfos na região. Segundo ele, para alcançarem melhores resultados os estudos devem ser feitos imediatamente após os tremores, porém o município ainda não possui esse tipo de equipamento.
No ano passado foi anunciada uma parceria entre o governo do estado, a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e o Observatório Sismológico da UnB para instalação de uma estação sismográfica. Ontem, a reitoria da Unimontes disse que todas as providências já foram tomadas em relação ao projeto, inclusive com a identificação dos equipamentos que deverão ser importados dos Estados Unidos, mas a aquisição dos aparelhos ainda está na dependência de liberação de recursos pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), no valor de R$ 142 mil.
Pedreiro terá casa demolida
Um dos atingidos pelo tremor na Vila Atlântica foi Wedson Gomes de Aguiar, de 38 anos. A casa dele sofreu várias rachaduras nas paredes e foi condenada pela Defesa Civil. Ontem, com tristeza, o pedreiro se viu obrigado a deixar a residência e buscar acomodação temporária na casa de sua avó. Wedson, que é casado e pai de uma filha, diz que comprou a casa por R$ 25 mil e somente depois da compra percebeu que a construção não tinha nenhuma estrutura de pilares para a sustentação das paredes. Comprometida pelo abalo sísmico, a casa terá de ser demolida.
MEMÓRIA: Terremoto em Itacarambi
Em 9 de dezembro de 2007 o Brasil registrou a primeira morte causada por terremoto, a da menina Jessequele Oliveira Silva, de 5 anos. Registrado no povoado de Caraíbas, a 35 quilômetros de Itacarambi, no Norte de Minas, o tremor de 4.9 graus na escala Richter provocou a retirada de 76 famílias que moravam no lugarejo. O esvaziamento de Caraíbas foi recomendado pela Defesa Civil, tendo em vista que pequenos abalos continuavam a ocorrer e a qualquer momento poderia haver outro tremor de maior magnitude. Depois do maior tremor, foi registrada uma série de outros pequenos abalos na localidade, todos atribuídos à movimentação de uma falha geológica existente no subsolo da região, com cerca de quatro quilômetros de extensão e um quilômetro de profundidade.
O coordenador do curso de engenharia civil da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Guilherme Guimarães, explica que já existe tecnologia nacional que permite maior estabilidade das edificações em caso de tremor. “As construções na cidade devem privilegiar materiais mais resistentes, porém mais flexíveis. A estrutura das obras deverá ter capacidade para suportar também esforços horizontais”, opina.
Segundo ele, os prédios deverão contar com estrutura de pêndulos que possam a garantir a sustentação e também amortecedores nas fundações. “Isso pode ser feito com materiais como o aço, instalado em sistemas como se fossem molas para diminuir o impacto”, explica. Guilherme Guimarães salienta que foram justamente as condições precárias na estrutura de diversas casas que provocaram danos em imóveis da Vila Atlântica , bairro mais atingido pelo tremor de maior magnitude registrado no final de semana. Seis casas foram condenadas e duas interditadas pela Defesa Civil, sendo que 18 pessoas estão desabrigadas e 10 desalojadas.
Os especialistas também apontam a falta de preparo do país para o monitoramento e prevenção dos efeitos dos tremores, como aponta o técnico do Observatório Sismológico da UnB André Menezes. “O Brasil não está imune a terremotos. Tanto Montes Claros quanto Goiás estão sujeitos a ocorrência de sismos. É preciso reformar os investimentos e recursos técnicos para atender o Brasil inteiro”, afirma Menezes. Ele ressalta que o Observatório Sismológico da UnB conta com apenas seis técnicos especializados para o monitoramento dos fenômenos em todo território nacional, sendo que existem 22 estações sismográficas espalhadas pelas cinco regiões do pais.
Causas
Conforme o professor George Sands de França, também do Observatório Sismológico da UnB, a existência da falha geológica em Montes Claros, bem como sua dimensão e profundidade, será confirmada com a instalação de uma rede de sismográfos na região. Segundo ele, para alcançarem melhores resultados os estudos devem ser feitos imediatamente após os tremores, porém o município ainda não possui esse tipo de equipamento.
No ano passado foi anunciada uma parceria entre o governo do estado, a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e o Observatório Sismológico da UnB para instalação de uma estação sismográfica. Ontem, a reitoria da Unimontes disse que todas as providências já foram tomadas em relação ao projeto, inclusive com a identificação dos equipamentos que deverão ser importados dos Estados Unidos, mas a aquisição dos aparelhos ainda está na dependência de liberação de recursos pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), no valor de R$ 142 mil.
Pedreiro terá casa demolida
Um dos atingidos pelo tremor na Vila Atlântica foi Wedson Gomes de Aguiar, de 38 anos. A casa dele sofreu várias rachaduras nas paredes e foi condenada pela Defesa Civil. Ontem, com tristeza, o pedreiro se viu obrigado a deixar a residência e buscar acomodação temporária na casa de sua avó. Wedson, que é casado e pai de uma filha, diz que comprou a casa por R$ 25 mil e somente depois da compra percebeu que a construção não tinha nenhuma estrutura de pilares para a sustentação das paredes. Comprometida pelo abalo sísmico, a casa terá de ser demolida.
MEMÓRIA: Terremoto em Itacarambi
Em 9 de dezembro de 2007 o Brasil registrou a primeira morte causada por terremoto, a da menina Jessequele Oliveira Silva, de 5 anos. Registrado no povoado de Caraíbas, a 35 quilômetros de Itacarambi, no Norte de Minas, o tremor de 4.9 graus na escala Richter provocou a retirada de 76 famílias que moravam no lugarejo. O esvaziamento de Caraíbas foi recomendado pela Defesa Civil, tendo em vista que pequenos abalos continuavam a ocorrer e a qualquer momento poderia haver outro tremor de maior magnitude. Depois do maior tremor, foi registrada uma série de outros pequenos abalos na localidade, todos atribuídos à movimentação de uma falha geológica existente no subsolo da região, com cerca de quatro quilômetros de extensão e um quilômetro de profundidade.