A Praça da Federação, no Bairro Coração Eucarístico, Região Noroeste de Belo Horizonte, popularmente conhecida como Pracinha do Coreu e famosa por ser reduto boêmio dos universitários, se transformou em palco de protesto e ganhou aparência de santuário na noite desta quinta-feira. Centenas de velas, faixas e cartazes foram colocados no local para homenagear a estudante Bárbara Quaresma Andrade Neves, de 22 anos, assassinada na noite anterior com um tiro a queima-roupa no Bairro Cidade Nova, Região Nordeste.
Cerca de 200 alunos do curso de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), se reuniram na noite desta quinta-feira no Campus Coração Eucarístico para render a homenagem à colega de curso. Além disso, buscaram chamar a atenção das autoridades e da população em geral para que a violência seja severamente combatida e a justiça cumprida.
“Esperamos que este seja um grito de alerta e que essa manifestação possa ser uma semente para uma mobilização maior, que comece pela escola e alcance a sociedade como um todo na luta pela paz, pela justiça e pelo fim da violência”, disse o estudante Caio Oliveira, de 23 anos, integrante do Diretório Acadêmico do curso de comunicação e um dos organizadores da ação.
“A Bárbara era só alegria. Mantinha um sorriso sempre estampado no rosto. Era uma menina que não tinha maldade. Sua morte abalou a todos nós”, declarou emocionado o estudante Bruno Oliveira Farnese, de 23. O professor Ercio Sena, coordenador do curso de comunicação, também lembrou o jeito cativante da aluna. “Como a maioria dos nossos alunos, era uma menina cheia de espectativas e sonhos. Uma jovem que teve seus planos interrompidos de forma trágica”, lamentou.
Os alunos se reuniram, por volta das 19h30 no prédio 13 do campus. Em clima de muita comoção, eles empunhavam cartazes e faixas com o nome da amiga morta e com palavras cobrando justiça e o fim da violência. Depois de alguns discursos emocionados, lembrando a convivência com Bárbara, eles seguiram até a praça. Lá, fizeram um minuto de silêncio, que foi acompanhado pelos frequentadores dos bares dispostos em volta da praça.
Dor e revolta
O corpo de Bárbara Neves foi enterrado por volta das 17h desta quinta-feira no Cemitério do Bonfim. Parentes e amigos lotaram o cemitério e em meio ao choro demonstravam indignação pelo brutal assassinato da jovem.
Bárbara foi baleada na nuca, dentro do próprio carro, na porta da casa do namorado Gabriel Quaresma, de 25, com quem mantinha um relacionamento há seis anos. O pai do rapaz contou que ouviu o barulho de um tiro e quando chegou na portaria do prédio Gabriel gritava que haviam matado a namorada.
Segundo a polícia, a versão de testemunhas indica que um Stilo parou na frente do carro de Bárbara e dois homens desceram, um deles armados, se aproximando da jovem que se assustou e pisou na embreagem, fazendo o carro movimentar. Neste momento o homem disparou a arma.
Na tarde desta quinta-feira a polícia apresentou a foto dos dois suspeitos de terem cometido crime. Segundo a polícia, o namorado de Bárbara não os reconheceu, mas outras testemunhas apontaram a dupla como autora do homicídio.