Uma equipe de cinco técnicos do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) iniciou, ontem, a instalação dos equipamentos para monitoramento dos tremores de terra registrados em Montes Claros, no Norte de Minas. Serão montados cinco sismógrafos que vão oferecer dados a respeito do epicentro e confirmar a causa dos abalos que, segundo técnicos da UnB, podem ser resultado de uma falha geológica na região. Agora, é necessário que ocorram sismos para que o registro seja feito.
De acordo com os registros do observatório, desde 1995 até hoje foram registrados 23 abalos na cidade. Os fenômenos se intensificaram nos últimos quatro anos: foram 18 abalos desde o dia 15 de dezembro de 2008 até ontem. O tremor do último sábado, de 4.5 graus na escala Richter, foi o de maior intensidade ocorrido no município. O sismo provocou danos em 60 casas. Seis delas estão condenadas e duas interditadas.
Mônica Von Huelsen declarou que pelas características da região está afastada a possibilidade de ocorrência de tremores com intensidade acima de 5 graus na Escala Richter, que teria capacidade de produzir danos mais sérios. “Não há motivo para a população se alarmar. As construções com boa estrutura não correm riscos”, assegurou a geofísica.
Especulações
A especialista também descartou a hipótese dos abalos terem sido causados pela presença de cavernas subterrâneas, exploração de poços artesianos ou pela atividade de pedreiras, conforme especulam moradores da região. “Com certeza, a causa é uma falha geológica”, comentou. Segundo ela, os sismógrafos serão instalados em diferentes pontos do município e, a princípio, o monitoramento será feito durante dois meses. Mas ainda não se sabe quando os resultados serão divulgados. A equipe da UnB participou na tarde de ontem de reunião com o secretário-executivo da Defesa Civil estadual, tenente coronel Fabiano Vilas Boas, e com o prefeito de Montes Claros, Luiz Tadeu Leite.
A comitiva ainda visitou casas atingidas pelo tremor no Bairro Vila Atlântica, onde foram registrados os danos mais sérios e Mônica Von Huelsen conversou com moradores, como a doméstica Marisa Rodrigues Lima, de 26 anos, que teve a casa condenada pela Defesa Civil.
ENTENDA O CASO
Dia 19 – Tremores assustaram os moradores de Montes Claros às 10h40. Casas ficaram danificadas e um shopping foi esvaziado
Dia 20 – Observatório Sismológico da Universidade de Brasília confirma ocorrência de dois tremores na cidade. O primeiro, mais forte, registrou 4.2 graus na escala Richter, e o segundo, 3 graus. Uma casa teve a estrutura comprometida. Outros dois abalos de menor intensidade foram sentidos
Dia 21 – Autoridades de Montes Claros enviam relatório à Secretaria Nacional de Defesa Civil informando dos estragos e pedindo ajuda. Dois técnicos da UnB chegam para monitorar a área
Dia 22 – Moradores sentem novo tremor em diversas partes da cidade. O observatório registrou o abalo às 14h09 de magnitude 2.6 graus. Unb revisou o primeiro tremor, no sábado, e constatou que ele foi de 4.5 graus na escala
Dia 23 – Defesa Civil identifica rachaduras em mais 60 casas. Até então, outras 60 residências haviam sido atingidas, sendo seis condenadas e duas interditadas. UnB anuncia a instalação de sismógrafos
Dia 24 – Moradores de casas danificadas dormem ao relento com medo de novos abalos