Tânia Quaresma Dalton Santos
49 anos, mãe de Bárbara
O que a senhora espera agora?
Parece que a ficha não caiu ainda. Tiraram a vida de uma menina linda, parece que ela ainda está aqui com a gente. Sei o que vocês souberam e eles são miseráveis, psicopatas que não têm sentimento nenhum. É uma barbaridade o que aconteceu e quero que sejam punidos porque, senão, vão continuar cometendo crimes por aí e matando outras pessoas.
A senhora considera Belo Horizonte uma cidade violenta?
Morei aqui durante 25 anos e Belo Horizonte era muito mais calma. Mas hoje vive como qualquer megalópole. Conversei com o delegado e ele estava me contando. Aqui está muito violento, sim. Mais que São Paulo e o Rio de Janeiro juntos. Como é que vai fazer com uma cidade onde nossos filhos vão para a escola, vão para a universidade e não sabem se vão voltar? É muito pesar.
Como está seu coração?
Estou dilacerada por dentro, não é fácil. Perdi minha filha por causa da violência. A morte dela foi muito rápida. Levou um tiro e não sobreviveu nem meia hora. Quando eu soube, ela já estava morta. Acredito que as pessoas têm seu destino, mas a carga é muito grande. Tem hora que dá explosões, eu preciso me soltar. Sou católica e estou orando muito para a Bárbara. O que tem me dado força e mantido minha serenidade são minhas orações e novenas. Na quarta-feira mesmo, a gente tinha se falado e trocado mensagens, porque além de mãe e filha nós tínhamos negócios. Ela tinha tantos sonhos e planos, ia se formar no fim do ano, o intercâmbio já estava quase todo fechado. Acabou tudo.