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O mestre em ecologia aquática e consultor de recursos hídricos Rafael Resck aponta essa captação de esgotos clandestinos como a saída correta, mas não arrisca dizer se a Copasa conseguirá entregar as obras dentro do prazo“As ações previstas vão melhorar a situação, pois estão indo ao foco do problema (lançamento de esgotos e não tratamento de água da lagoa), mas para vermos resultados ainda vai levar algum tempo”, avisa.
Um dos grandes entraves para isso é o convencimento da população de quase 90 mil pessoas, a maioria de Contagem, na Grande BH, que há anos se acostumou a lançar esgoto diretamente de seus encanamentos em córregos e nascentes que deságuam em tributários da PampulhaSituação mostrada no ano passado pelo Estado de Minas, que percorreu os corpos de água que mais contribuem para levar a poluição até o reservatório, como os córregos Sarandi e RessacaA reclamação dos moradores de vilas, favelas e terrenos ocupados era de que a tarifa de água e esgoto seria muito cara e que não havia, ainda que quisessem, conexões próximas com a rede sanitáriaNa época, a Copasa informou que eles seriam beneficiados por tarifas sociais, que são mais baratas que as regulares.
O preço
A ações que visam despoluir a lagoa já custaram R$ 333,1 milhões entre 1997 e 2011, segundo a Copasa e as prefeituras de Belo Horizonte e ContagemÉ mais do que os R$ 330 milhões que o governo federal informou no início deste ano pretender destinar para a contenção de encostas de morros de Ribeirão das Neves, Vespasiano, Ibirité, Santa Luzia, Muriaé e Ouro Preto, cidades mais castigadas pelas últimas chuvas.
E os planos para que a lagoa se torne utilizável durante a Copa do Mundo de 2014, que tem o Mineirão entre os estádios-sede, é de que mais R$ 252 milhões sejam investidos pelas prefeituras e a Copasa, totalizando, até 2014, R$ 585 milhões em recursos, mais do que os R$ 500 milhões que o governador Antonio Anastasia (PSDB) anunciou para infraestrutura das cidades do Vetor Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte, inclusive as obras para acessos ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins.
Melhoria discreta Apesar de os índices de poluição terem piorado em alguns casos e se manterem similares na maioria das medições do levantamento de qualidade da água da Lagoa da Pampulha, a gerente de Monitoramento Hidrometeorológico Wanderlene Ferreira Nacif considera que alguns impactos positivos podem ser relacionados a obrasUm deles é a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), que mede a quantidade do gás dissolvido na água, que precisa ser grande para garantir a sobrevivência da fauna e da flora
Melhora que ainda não empolgou especialistas como Rafael Resck“Para que o resultado seja sentido pela população e visível na lagoa, essa DBO tem que melhorar muito maisPor esse motivo, acho que o termo mais adequado seria ‘uma leve melhoria’ em vez de ‘melhoria sensível’”, destacaA Prefeitura de Belo Horizonte informou que ainda precisa captar R$ 150 milhões para seus programas de desassoreamento, tratamento de águas, educação ambiental, monitoramento e fiscalização relacionados à lagoaEntre 2006 e o ano passado, depois da implantação da estação de tratamento das águas fluviais na Pampulha, a Copasa informou ter melhorado em 2,3 vezes a DBO diária.