Na Avenida Pedro II, corredor que liga o Complexo da Lagoinha, no Centro de BH, ao Anel Rodoviário, na Região Noroeste, o BRT light – definição usada pelo presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar – será uma versão mais simples que os modelos das avenidas Cristiano Machado e Antônio Carlos/Pedro I, já em implantaçãoEm comum, o sistema Pedro II tem operação do transporte público pela esquerda – no canteiro central da via –, embarque no mesmo nível do ônibus e passagem pré-paga em estaçõesA diferença fundamental é a ausência de pista exclusiva para ultrapassagemOu seja, para passar um ônibus que estiver parado em uma das nove estações o coletivo que vier atrás precisará entrar em uma das faixas reservadas ao trânsito misto, mais à direita da avenidaA expectativa é de que as obras comecem no início de 2013, podendo se estender até 2014, ano da Copa.
Com o novo modelo de transporte coletivo, a estimativa da BHTrans é de que o tempo de viagem no corredor Pedro II tenha redução de 45%“Operamos hoje com uma média de velocidade de 11km/hEm alguns pontos chega a 18km/h, mas em outros não passa de 6km/hO BRT vai permitir aumento para uma média de 20km/h”, explica o diretor de Desenvolvimento e Implementação da BHTrans, Daniel Marx Couto
O terminal deve receber 22 linhas alimentadoras, que vão trazer os passageiros dos bairrosEles vão embarcar em linhas troncais que seguem pela Pedro II em direção a outras partes da cidadeAtualmente, 22 linhas municipais passam pelo corredor, número que será reduzido para as cinco troncaisEntre as rotas estudadas estão os destinos Centro, via BRT Área Central; Centro, via Avenida Afonso Pena; Região Hospitalar; Avenida José Cândido da Silveira; e Região da Pampulha, todas partindo da Estação São JoséAlém das troncais, outros coletivos que passam pela Avenida Presidente Carlos Luz e seguem pela Pedro II – a exemplo da 3503 (Santa Terezinha/São Gabriel) – permanecem no corredorRotas alternativas, passando pelos pelo interior dos bairros, serão estudadas.
“Toda a frota será readequadaAs linhas troncais terão ônibus articulados, com 18,6 metros e capacidade para 180 passageirosTambém serão usados ônibus menores, de 13 metros, capazes de levar 90 pessoas”, explica CoutoOs ônibus convencionais, atualmente em circulação, não terão ponto na avenida
Outro impacto para o corredor por onde passam 68 mil veículos diariamente será a racionalização da frota e consequente diminuição da emissão de poluentes“No pico entre as 6h e as 7h, 171 ônibus passam pela Pedro II, fora as linhas metropolitanas, operadas pelo Departamento de Estradas e Rodagens (DER)Com o BRT, o número cairá para 51.”
O BRT light da Pedro II receberá R$ 10 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 e terá contrapartida do governo municipal, em valor ainda não definidoA obra está em fase de elaboração do projeto executivo, que dará condições de calcular o orçamento.
MUDANÇA DE PLANOS A Pedro II chegou a entrar no pacote de corredores aptos a receber a versão completa do BRT, com corredores exclusivosMas, devido ao alto custo das desapropriações, a prefeitura desistiu do projetoA obra havia sido orçada em R$ 233,5 milhõesNa ocasião, foram levados em conta os fluxos diários de passageiros de cada corredor para estabelecer a prioridade das intervençõesOs BRTs da Antônio Carlos e da Cristiano Machado terão condição de transportar 36 mil e 24 mil passageiros no horário de pico, respectivamente, enquanto o da Pedro II teria capacidade para 8 milSegundo a prefeitura, a versão light do BRT não vai requerer desapropriações.
PALAVRA DE ESPECIALISTA: RONALDO GUIMARÃES GOUVêA, PROFESSOR DA UFMG E ESPECIALISTA EM TRANSPORTES URBANOS
Bom, mas insuficiente
“O BRT da Avenida Pedro II vai trabalhar com uma restrição operacional, já que os ônibus precisam entrar na faixa mista para fazer ultrapassagensAinda assim, qualquer BRT já significa um tratamento viário que prioriza o transporte coletivo e oferece uma condição melhor de tempo de viagem ao motoristaO sistema contribui para a política de transporte público, mas não isenta a cidade de implantar um modelo de maior capacidade, como o metrôBelo Horizonte tem que continuar na busca incessante por recursos para ampliar a rede metroviária como espinha dorsal e o BRT e outros modais como complementaresNo caso da Pedro II, bem como da Antônio Carlos e Cristiano Machado, onde as obras do BRT estão em andamento, já há demanda para mais passageiros do que a capacidade totalOs 8 mil passageiros estimados pela BHTrans para a Pedro II são pouco diante da real demanda, que hoje gira em torno de 20 mil passageiros.”
TIPOS DE BRT
1 – Completo
Semelhante ao modelo da Avenida Antônio Carlos, é operado à esquerda, com passagem pré-paga em estações no canteiro central, uma pista exclusiva para ônibus do BRT e outra para ultrapassagemOu seja, enquanto um ônibus estiver parado em uma das estações, outro poderá passar livremente por uma faixa lateral.
2 – Intermediário
Como o que está sendo implantado no corredor Cristiano Machado, esse modelo só tem ultrapassem exclusiva no trecho das estações.
3 – BRT Light
Previsto para a Pedro II, terá operação à esquerda, estações para pagamento de passagens e faixa exclusiva para ônibus, mas a ultrapassagem será feita na faixa dos carros.
4 – BRT Simples
Como na Avenida Nossa Senhora do Carmo, é operado à direita da via, sem estações nem faixa para ultrapassagem