Entre as medidas anunciadas pelo Grupo Executivo de Gestão Articulada do Trânsito (Gegat), organização que engloba autoridades policiais e de trânsito, está a instalação de um posto de fiscalização em horário integral – 24 horas por dia –, ação mais cobrada pela população desde o dia do acidente. O local ainda não foi definido. Atualmente o bloqueio da BHTrans a caminhoneiros infratores é feito no Trevo do Belvedere, na ligação entre a BR-356 e a Nossa Senhora do Carmo. É a partir deste ponto que passa a valer a proibição de circulação para veículos de carga acima de 5 toneladas. O local também é a última opção de retorno para quem burlar as placas instaladas no trecho anterior. Anteontem, o Estado de Minas denunciou que os próprios fiscais consideram o efetivo insuficiente. Dois agentes afirmaram não conseguir frear os infratores que furam o bloqueio e disseram que a fiscalização não conta com reforço de autoridades policiais.
Radares
A lista de mudanças inclui ainda o reforço na fiscalização eletrônica. Caberá ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) a implantação de mais radares na BR-356, trecho que antecede a descida da Avenida Nossa Senhora do Carmo. Também serão instaladas câmeras de videomonitoramento na rodovia, acima do local do posto de controle, com geração de imagens para monitoramento remoto do tráfego de veículos de carga para facilitar a interceptação. As providências incluem ainda a colocação de um painel de mensagens variáveis (PMV) no trecho da 356 entre a avenida Raja Gabaglia e o trevo do Belvedere. O equipamento trará alertas permanentes e visíveis sobre a restrição ao tráfego de veículos de carga, em especial de carretas e cavalos mecânicos, proibidos de circular na Avenida Nossa Senhora do Carmo durante as 24 horas do dia.
Constam ainda entre as mudanças, possíveis ajustes nas placas do trecho que vai do encontro do Anel Rodoviário com a BR–356, local sob jurisdição do Dnit, até o trevo do Belvedere, sob responsabilidade da BHTrans. O anúncio do pacote de medidas foi feito depois de uma inspeção dos órgãos de trânsito no trecho percorrido pelo motorista Jadson Santos Alves, de 26 anos, que seguia de Ipatinga, no Vale do Aço, com destino a São Paulo, capital. À polícia, Jadson afirmou que havia se perdido no Anel Rodoviário e acabou chegando à Nossa Senhora do Carmo, no Sion, Zona Sul da cidade. Após a vistoria, o grupo se reuniu e definiu as alterações na operação no trecho. Ainda nesta semana, as autoridades se encontram novamente para estabelecer os prazos, além de decidir a localização da sinalização, radares, câmeras e postos de controle. O Gegat inclui representantes da BHTrans, Guarda Municipal, Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Polícia Militar Rodoviária (PMRv), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Dnit.
Protesto por mais segurança
Um carro capotado, pessoas sangrando e profissionais de saúde prestando socorro foram usados ontem por organizadores de um protesto. Com cenas fortes, eles cobravam mais segurança na Avenida Nossa Senhora do Carmo, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O movimento, organizado pelo grupo Paz no Trânsito no trevo do Belvedere, teve o objetivo de sensibilizar as autoridades de trânsito sobre a necessidade de mais rigor na fiscalização de caminhoneiros infratores. Uma chuva de pétalas vermelhas foi usada para chamar a atenção dos motoristas sobre o respeito às leis de trânsito. Aos caminhoneiros que chegaram ao local, rosas brancas como um pedido de paz. Os organizadores do movimento pertencem a bairros adjacentes à avenida, como Sion, Belvedere, Santo Antônio, São Pedro, Carmo Sion e o Aglomerado Morro do Papagaio.
“Estamos aqui para alertar o poder público sobre os riscos que os caminhões trazem para quem quer trafegar pela Nossa Senhora do Carmo. A simulação do acidente causa impacto visual e é uma estratégia para sensibilizar as autoridades”, explicou o coordenador do grupo, o jornalista Marcelo Aro.
Convidada para integrar o movimento, a mãe da estudante de medicina Caroline Palmer Irffi, de 23 anos, a psicóloga Márcia Irffi, não compareceu. Por telefone, ela disse que “a dor de ter perdido uma filha e um genro em uma tragédia que poderia ter sido evitada ainda é muito grande”. “Ainda estou muito abalada com tudo o que aconteceu”, afirmou. “É triste ver que a Avenida Nossa Senhora do Carmo se transformou em um corredor da morte. Moro nas proximidades há cerca de 40 anos e tenho acompanhado todas as tragédias que ocorrem nela. Nunca imaginei, no entanto, que minha filha se tornasse uma das vítimas”, disse.
À noite, familiares e amigos de Caroline, do namorado dela, Lucas de Oliveira Magalhães, e da administradora Márcia Bombonato, vítimas do acidente, rezaram pela alma dos parentes. A celebração ocorreu na Igreja Nossa Senhora do Carmo, bem perto de onde foi a batida. Hoje, no mesmo local, haverá mais um protesto, às 20h.
MUDANÇAS NA FISCALIZAÇÃO
O Grupo Executivo de Gestão Articulada do Trânsito (Gegat) anunciou medidas para melhorar a vigilância contra circulação de caminhões acima de 5 toneladas na Avenida Nossa Senhora do Carmo. Saiba quais são as ações:
– Instalar um posto de controle integrado na BR–356, com operação durante todo o dia, 24 horas por dia
– Aumentar o número de equipamentos eletrônicos de controle da velocidade (radares) na BR–356. A medida fica a cargo do Dnit
– Instalar câmeras de videomonitoramento na BR–356, acima do local do posto de controle, com geração de imagens do tráfego de veículos de carga e interceptação posterior
– Instalar painel de mensagens variáveis (PMV) no trecho da BR–356, entre a Avenida Raja Gabaglia e o trevo do Belvedere com informações sobre a restrição ao tráfego de veículos de carga, em especial de carretas e cavalos mecânicos
– Fazer eventuais complementações ou acréscimo de sinalização vertical no trecho entre o Anel Rodoviário e a BR–356 até o trevo do Belvedere.