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Estado de Minas

Estudantes já se sentem prejudicados com anúncio de greve na UFMG

Professores decidem cruzar os braços na terça-feira e acompanhar movimento que já parou 48 universidades e institutos federais no país. Reitoria ainda não avaliou efeitos no ano letivo


postado em 13/06/2012 06:58

Os professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) decidiram ontem entrar em greve na terça-feira. A decisão foi tomada em assembleia geral no auditório da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), no câmpus Pampulha. No estado, já estavam em greve docentes de outras oito universidades federais, além do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas (Cefet-MG) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas (IFSudeste-MG). No país, já chegam a 48 as universidades e institutos federais paralisados.

Na UFMG, a matrícula de calouros, suspensa segunda-feira devido à paralisação dos servidores técnicos e administrativos, em greve desde 21 de maio, ainda não tem data para ocorrer. A administração da universidade informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não sabe se o calendário acadêmico sofrerá outras mudanças em decorrência da paralisação dos professores. A reitoria da UFMG alegou que não foi comunicada formalmente sobre a greve.

Filiados à Federação de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes), em nível nacional, e ao Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte e Montes Claros (Apubh), em nível estadual, os docentes da UFMG apresentam reivindicações semelhantes às dos colegas das outras instituições mineiras em greve, associados ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), que decretou a paralisação em 17 de maio. Os professores da UFMG também pedem reestruturação da carreira e aumento do piso salarial para 20 horas semanais, mas o valor pretendido pela Andes-SN (R$ 2.329) é menor do que o recomendado pela Apubh (R$ 2.700).

“O piso atual é de apenas R$ 1.541,52”, afirma o presidente do Apubh, João Maurício Figueiredo. “Desde 2009, o governo federal fala em discutir carreira e recomposição salarial, mas não apresentou nada. A categoria se cansou de esperar”, explica. Na terça-feira, dia da paralisação, os professores se reúnem novamente às 9h no auditório da Reitoria da UFMG, para rediscutir as pautas e definir novos encaminhamentos para a greve. Os docentes prometem se reunir em várias unidades da instituição para convencê-los da importância de aderir ao movimento.

NEGOCIAÇÃO

No fim da tarde de ontem, diretores da Andes-SN e do Proifes se reuniram com representantes do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Até o fim da noite, o encontro não havia se concluído. A expectativa dos grevistas era de que o governo apresentasse proposta de reestruturação da carreira docente, reabrindo as negociações. “Em substituição à carreira atual, com muitos níveis, defendemos uma estrutura mais simples, que valorize o trabalho docente e permita um ensino de qualidade. Para isso precisamos também de condições de trabalho, de salas de aula, laboratórios, bibliotecas”, explicou Marina Barbosa, presidente do Andes-SN.

Os professores da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) haviam aprovado indicativo de greve na semana passada, mas, em assembleia ontem, rechaçaram a paralisação. “A Unifei não entrará em greve e, pelo menos até o segundo semestre, não se toca no assunto. Temos esperança de que o governo apresente, de fato, uma proposta de reestruturação da carreira”, justifica o presidente do sindicato dos docentes da universidade, Agenor Pina. “Além disso, como o final do período letivo está próximo, não seria prudente fazer uma greve agora, isso prejudicaria muito os alunos”, salientou.

Meso dos estudantes

Nas universidades em greve os alunos já sentem os prejuízos. Giovane Fonseca, de 20 anos, cursa o 5º período de engenharia química na Universidade Federal de Viçosa (UFV). Antes da greve, ele havia decidido ocupar as férias com um intercâmbio de três meses nos Estados Unidos, de dezembro deste ano a fevereiro de 2013. O problema é que, com a paralisação, o próximo período letivo, que se concluiria em novembro, deve se estender pelo menos até dezembro. Para não cancelar o intercâmbio, ele resolveu trancar a matrícula no próximo semestre.

“No 6º período do curso, há matérias ministradas apenas no segundo semestre. Por isso, quando voltar, não vou poder pegar algumas matérias do currículo. A greve vai atrapalhar minha grade toda nos próximos anos. Vou ter de correr atrás do tempo perdido, mas acho que minha formatura vai ser adiada”, afirmou Giovane.

“O pior é que você não sabe quando vai terminar a paralisação, a gente fica sem saber quando vai se formar. Pode ser que a gente perca o semestre”, afirma Adriano Soares, de 22, estudante do 7º período de engenharia mecânica na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). “Sem aulas, é inviável estudar as matérias em casa. Não contamos com o acompanhamento do professor”, justifica.

Graduanda do 7º período de história da UFSJ, Raína de Castro Ferreira, de 21, teme não conseguir se formar no fim do ano. “Acho muito justa a causa defendida pelos professores, mas é claro que a greve prejudica o andamento da nossa grade acadêmica e atrasa o calendário”, constata. Ela garante que consegue estudar “por fora” os assuntos previstos nas ementas das disciplinas.

ONZE ESCOLAS PARADAS EM MG
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Universidade Federal de Lavras (Ufla)
Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop)
Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Universidade Federal de Alfenas (Unifal)
Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG)


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