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Estado de Minas NATUREZA ATROPELADA

Restauração de espécies exóticas ameaçadas pelas rodovias gera alto custo para Minas

Após introduzir capim meloso e feijão-guandu, que são prejudiciais à natureza na Serra do Cipó, DER-MG gasta R$ 3 milhões para restaurar plantas nativas, como alecrim-do-campo


postado em 27/06/2012 06:00 / atualizado em 27/06/2012 06:37

Margens de parte do trecho da MG-010, que liga a Serra do Cipó a Conceição do Mato Dentro, recebeu plantas originárias da região no lugar das invasoras (foto: GERALDO WILSON FERNANDES/DIVULGAÇÃO)
Margens de parte do trecho da MG-010, que liga a Serra do Cipó a Conceição do Mato Dentro, recebeu plantas originárias da região no lugar das invasoras (foto: GERALDO WILSON FERNANDES/DIVULGAÇÃO)

As mesmas estradas que abriram caminho para o desenvolvimento em municípios na Serra do Espinhaço deram passagem a espécies exóticas de plantas capazes de minar a biodiversidade da flora da região. Um projeto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tenta reverter esse quadro, com a restauração da vegetação às margens da MG-010, ao longo do trecho que atravessa a Serra do Cipó, distrito de Santana do Riacho, a 100 quilômetros de Belo Horizonte. No lugar da grama e do capim introduzidos por empreiteiras, foram plantados quaresmeiras, ipês nativos, caliandras, jacarandás do cerrado, entre outras, numa extensão de 14 quilômetros da rodovia. Pioneira no país, a recuperação da mata nativa contou com recursos de R$ 3 milhões do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), conforme mostra a quarta reportagem da série Natureza atropelada.

O Ministério Público (MP) estadual, por meio do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (Caoma), fez a conexão entre universidade e DER. “Depois do desmatamento, a invasão biológica é a segunda maior causa da extinção de espécies no mundo. Conseguimos demonstrar cientificamente ao MP o tamanho desse problema”, informa o coordenador do projeto Restauração ambiental e remoção de espécies exóticas, Geraldo Wilson Fernandes, professor do Departamento de Ecologia da UFMG. “A estrada é extremamente importante, mas quando malfeita gera graves problemas”, ressalta.

O professor explica que, na época do asfaltamento da estrada, há quase 10 anos, o DER-MG introduziu nas margens da rodovia, um tapete de gramas com espécies invasoras, como capim-meloso, feijão-guandu ou andu e crolatária. “As espécies são mais resistentes e invadem os campos rupestres, trazendo pragas e prejudicando toda a dinâmica do ecossistema. A diversidade dos campos rupestres se compara à Amazônia, é onde está uma infinidade de nascentes que têm de ser protegidas”, destaca Geraldo. Com a retirada-do-capim, cerca de 20 espécies nativas foram introduzidas, como alecrim do campo e cocoloba, espécie endêmica da região e ameaçada de extinção. Embora a situação na Serra do Cipó tenha sido controlada, o professor alerta que o problema está longe de ser resolvido.

“Encontramos essa situação ao longo de toda a MG-10, até mesmo em áreas onde há remanescentes de mata atlântica”, afirma. A assessora jurídica do Caoma, Cristina Chiodi, afirma que o que ocorreu, no caso do DER, foi uma medida corretiva e que um inquérito civil foi aberto sobre o assunto. “O DER fez a reparação de um dano ambiental bastante significativo em virtude de uma revegetação malfeita na época do asfaltamento da estrada”, afirma. De acordo com o DER, a retirada das espécies exóticas está sendo feita por se tratar de rodovia dentro de uma unidade de conservação (APA Federal Morro da Pedreira). Em nota, o departamento informou que “não houve problemas dessa natureza em outras rodovias. Caso venham a ocorrer, procedimentos semelhantes serão adotados.”
 


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