Várias contradições marcam os depoimentos que Omar Teixeira de Aguilar Júnior, de 35 anos, principal suspeito de envolvimento na morte oficial de Justiça Federal Daniel Norberto da Cunha, de 54 anos, prestou à políciaDurante as mais de seis horas da reconstituição do crime, realizada nesta quarta-feira, a polícia tentou esclarecer pontos que ainda geram dúvidas aos investigadoresAs principais divergências se referem ao meio pelo qual Daniel foi morto e à autoria do crimeOmar afirma que o oficial foi enforcado por um casal que os acompanhou a um motel em Contagem, na Grande BH, mas os investigadores acreditam que a morte se deu por envenenamento e que Omar é o único envolvido no crime.
A reconstituição teve início em uma rua do Bairro Cinco, em Contagem, onde Omar afirma ter conhecido DanielSegundo ele, caminhando pela via, semanas antes do crime, foi abordado pelo oficial, que transitava de carro pelo local e pedia informações sobre um endereço da regiãoEle afirmou aos policiais que foi seguido por três quarteirões e que, em outra ocasião, Omar retornou ao local acompanhado por uma mulher jovem, que lhe entregou um cartão com o nome de um homem e um número de telefone celularSegundo ele, o nome impresso não era Daniel, mas o número de telefone era da vítima.
O local onde Omar afirma ter tido o primeiro contato com o oficial é conhecido como área de prostituição masculinaNo entanto, a polícia não tem confirmação de que o suspeito seja garoto de programaEle é desempregado e não há indícios de sua suposta atividade no ramo sexualTodavia, os investigadores acreditam que ele usou este artifício para se encontrar com a vítima.
De acordo com o delegado da Polícia Civil Frederico Abelha, o tempo todo Omar coloca o suposto casal na cena do crime e nega que tenha cometido o assassinatoDiante das evidências, ele não tem como negar que estava em companhia do oficial na noite em que ele foi morto, mas tenta se livrar da acusação de homicídioContudo, se contradiz quando expõe detalhes do crime.
Chamou a atenção dos policiais o fato de Omar ter usado luvas quando abandonou o carro do oficial em frente a uma concessionária de veículos, onde o corpo foi encontrado quatro dias após o desaparecimento da vítimaEle alegou que o par de luvas, que afirma serem de pano, lhe foram dadas pelo homem que os acompanhava e teria estrangulado o oficialDurante a reconstituição, o suspeito alegou que o homem roubou todo o dinheiro que estava na pochete da vítima, deixando apenas cartões bancáriosEle contou ainda que não tinha dinheiro para voltar para casa, e foi nesta hora que o homem lhe deu as luvas, dizendo que só o poderia ajudar com estes acessórios.
No depoimento que prestou na delegacia quando foi preso, Omar afirmou que não levou nenhum pertence da vítimaNo entanto, há imagens que mostram ele tentando fazer saques em um caixa eletrônico de um supermercado da cidade com os cartões da vítima.
No primeiro depoimento Omar disse que Daniel foi estrangulado até a morteNo entanto, revelou nesta quarta-feira que o oficial estava passando mal no motel e que por isso assumiu a direção do carro, deixando o suposto casal em ruas próximas ao estabelecimento e, em seguida, estacionando o veículo em frente a uma concessionária de veículos localizada na Avenida João César de Oliveira, em ContagemApesar do corpo ter sido encontrado em avançado estado de decomposição, a polícia afirma que não havia qualquer sinal evidente de que ele tivesse sido estrangulado.
A reprodução simulada dos fatos realizada nesta quarta-feira contou com a participação do delegado chefe da Delegacia de Homicídios de Contagem e de um delegado da Polícia Federal e peritos das duas corporaçõesComo Daniel era servidor federal, a PF acompanha as investigaçõesOmar segue preso na penitenciária Nelson Hungria, em ContagemSegundo a polícia, as investigações estão na etapa finalSão aguardados os laudos periciais que confirmarão a causa da morte para conclusão do inquérito, que será imediatamente encaminhado à Justiça e ao Ministério Público.
(Com informações de Andréa Silva)
Relembre
Segundo a Polícia, imagens gravadas pelo circuito interno de um banco vizinho ao local onde o corpo foi encontrado mostram queo carro foi estacionado no local às 21h57 e que em menos de 20 segundos Omar saiu do local.