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Estado de Minas

Suspeito de matar oficial da Justiça Federal se contradiz em vários pontos, diz a polícia

Polícia contesta versão de estrangulamento e não acredita que outras pessoas estejam envolvidas no crime


postado em 27/06/2012 20:32 / atualizado em 27/06/2012 21:10

Omar Teixeira de Aguilar Junior foi preso pouco mais de uma semana depois de encontrado o corpo do oficial de Justiça(foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)
Omar Teixeira de Aguilar Junior foi preso pouco mais de uma semana depois de encontrado o corpo do oficial de Justiça (foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)

 

Várias contradições marcam os depoimentos que Omar Teixeira de Aguilar Júnior, de 35 anos, principal suspeito de envolvimento na morte oficial de Justiça Federal Daniel Norberto da Cunha, de 54 anos, prestou à polícia. Durante as mais de seis horas da reconstituição do crime, realizada nesta quarta-feira, a polícia tentou esclarecer pontos que ainda geram dúvidas aos investigadores. As principais divergências se referem ao meio pelo qual Daniel foi morto e à autoria do crime. Omar afirma que o oficial foi enforcado por um casal que os acompanhou a um motel em Contagem, na Grande BH, mas os investigadores acreditam que a morte se deu por envenenamento e que Omar é o único envolvido no crime.

A reconstituição teve início em uma rua do Bairro Cinco, em Contagem, onde Omar afirma ter conhecido Daniel. Segundo ele, caminhando pela via, semanas antes do crime, foi abordado pelo oficial, que transitava de carro pelo local e pedia informações sobre um endereço da região. Ele afirmou aos policiais que foi seguido por três quarteirões e que, em outra ocasião, Omar retornou ao local acompanhado por uma mulher jovem, que lhe entregou um cartão com o nome de um homem e um número de telefone celular. Segundo ele, o nome impresso não era Daniel, mas o número de telefone era da vítima.

O local onde Omar afirma ter tido o primeiro contato com o oficial é conhecido como área de prostituição masculina. No entanto, a polícia não tem confirmação de que o suspeito seja garoto de programa. Ele é desempregado e não há indícios de sua suposta atividade no ramo sexual. Todavia, os investigadores acreditam que ele usou este artifício para se encontrar com a vítima.

Policiais levaram Omar até o motel onde Daniel foi morto(foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)
Policiais levaram Omar até o motel onde Daniel foi morto (foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)
No dia em que Daniel foi morto, ele esteve em um motel de Contagem. Omar afirma que um casal os acompanhou ao local. Porém, imagens gravadas pela câmera do estabelecimento deixam evidente, segundo a polícia, que havia apenas dois homens no veículo do oficial. Uma funcionária do motel contou que quando o Fiat Idea chegou e o motorista abaixou o vidro pode ver que se tratavam de dois homens. Ela disse que Daniel pediu uma suíte nos fundos do prédio, mas como o interfone do quarto estava com defeito, foi oferecido a ele a suíte de número 25, localizada no centro do estabelecimento. As imagens que registraram a saída do veículo não permitiram visualizar os ocupantes.

De acordo com o delegado da Polícia Civil Frederico Abelha, o tempo todo Omar coloca o suposto casal na cena do crime e nega que tenha cometido o assassinato. Diante das evidências, ele não tem como negar que estava em companhia do oficial na noite em que ele foi morto, mas tenta se livrar da acusação de homicídio. Contudo, se contradiz quando expõe detalhes do crime.

Chamou a atenção dos policiais o fato de Omar ter usado luvas quando abandonou o carro do oficial em frente a uma concessionária de veículos, onde o corpo foi encontrado quatro dias após o desaparecimento da vítima. Ele alegou que o par de luvas, que afirma serem de pano, lhe foram dadas pelo homem que os acompanhava e teria estrangulado o oficial. Durante a reconstituição, o suspeito alegou que o homem roubou todo o dinheiro que estava na pochete da vítima, deixando apenas cartões bancários. Ele contou ainda que não tinha dinheiro para voltar para casa, e foi nesta hora que o homem lhe deu as luvas, dizendo que só o poderia ajudar com estes acessórios.

No depoimento que prestou na delegacia quando foi preso, Omar afirmou que não levou nenhum pertence da vítima. No entanto, há imagens que mostram ele tentando fazer saques em um caixa eletrônico de um supermercado da cidade com os cartões da vítima.

Carro com o corpo de Daniel ficou quatro dias em via pública sem ser notado(foto: Reprodução/ TV Alterosa)
Carro com o corpo de Daniel ficou quatro dias em via pública sem ser notado (foto: Reprodução/ TV Alterosa)
Outro ponto divergente é em relação ao momento em que Omar abandonou o veículo com o corpo de Daniel dentro. Ele garante que deixou as chaves na ignição do carro, mas nas imagens gravadas por câmeras da região ele aparece acionando o alarme do veículo.

No primeiro depoimento Omar disse que Daniel foi estrangulado até a morte. No entanto, revelou nesta quarta-feira que o oficial estava passando mal no motel e que por isso assumiu a direção do carro, deixando o suposto casal em ruas próximas ao estabelecimento e, em seguida, estacionando o veículo em frente a uma concessionária de veículos localizada na Avenida João César de Oliveira, em Contagem. Apesar do corpo ter sido encontrado em avançado estado de decomposição, a polícia afirma que não havia qualquer sinal evidente de que ele tivesse sido estrangulado.

A reprodução simulada dos fatos realizada nesta quarta-feira contou com a participação do delegado chefe da Delegacia de Homicídios de Contagem e de um delegado da Polícia Federal e peritos das duas corporações. Como Daniel era servidor federal, a PF acompanha as investigações. Omar segue preso na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. Segundo a polícia, as investigações estão na etapa final. São aguardados os laudos periciais que confirmarão a causa da morte para conclusão do inquérito, que será imediatamente encaminhado à Justiça e ao Ministério Público.

(Com informações de Andréa Silva)

Relembre

Daniel tinha 54 anos, era casado pela segunda vez e deixou dois filhos(foto: Arquivo Pessoal)
Daniel tinha 54 anos, era casado pela segunda vez e deixou dois filhos (foto: Arquivo Pessoal)
Daniel desapareceu na noite do dia 24 de maio logo depois de deixar o prédio da Justiça Federal no Bairro Santo Agostinho, na capital. O último contato dele foi com a mulher, às 19h19, quando ele telefonou para comunicar que teria de cumprir dois mandados. O corpo foi encontrado quatro dias depois, dentro do próprio carro da vítima, que ficou estacionado no Bairro Eldorado, em Contagem, desde a noite do dia 24.

Segundo a Polícia, imagens gravadas pelo circuito interno de um banco vizinho ao local onde o corpo foi encontrado mostram queo carro foi estacionado no local às 21h57 e que em menos de 20 segundos Omar saiu do local.


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