Um produtor rural de 32 anos morreu na quinta-feira depois de contrair raiva humana em Rio Casca, na Zona da Mata de Minas Gerais. Desde 2005, o estado não registrava um caso da doença, o último havia acontecido no município de Prados, região central. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), o homem foi atacado por um morcego e os sintomas começaram a aparecer em 10 de junho de 2012, quando ele procurou um médico. O ataque correu 49 dias antes e o paciente não procurou atendimento. Ele chegou ao hospital com um corte na mão e suspeita de tétano.
Com o agravamento dos sintomas, o paciente procurou novo atendimento Hospital Arnaldo Gavazza, em Ponte Nova, na Zona da Mata. Somente nessa ocasião, esposa dele relatou o ataque pelo morcego. A SES registrou em 19 de junho a notificação da suspeita de raiva humana. Nesse mesmo dia, o produtor rural foi transferido para o Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte, onde passou por tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI),mas morreu na noite de ontem. Análises da Fundação Ezequiel Dias (Funed) e Instituto Pasteur (SP) comprovaram a contaminação por raiva humana. Os exames identificaram o vírus de morcego hematófago, causador da doença.
A raiva é viral e transmitida por mamíferos como furões, raposas, coiotes, guaxinins, gambás e morcegos. Os vírus mata quase 100% das pessoas contaminadas. O micro-organismo ataca o sistema nervoso central, portanto a doença pode ter sintomas como confusão mental, desorientação, agressividade, alucinações, espasmos, salivação excessiva e e evoluir para paralisia em membros. Em Minas Gerais, casos isolados da doença em humanos têm ocorrido de forma ocasional.
Segundo a SES, a ocorrência desses casos mostra que ainda há o risco do aparecimento de novas contaminações em Minas e que somente através das ações desenvolvidas em conjunto pelo poder público e pela população será possível a proteção efetiva contra essa grave doença.
Prevenção e combate
Entre as principais medidas para prevenir a raiva humana está a Campanha de Vacinação Antirrábica Animal, que tem controlado a doença transmitida por cães e gatos. Porém, considerando que a raiva pode ser transmitida por outros mamíferos, é fundamental a intensa vigilância e controle no contato de humanos com esses bichos. A SES alerta que a participação da população é fundamental, com a adesão às campanhas de vacinação antirrábica animal e à procura de atendimento médico em caso de ataques. O tratamento está disponível nas unidades de saúde de todo o estado.
Medidas tomadas em Rio Casca
No dia da notificação sobre a doença do produtor rural, a Superintendência Regional de Saúde de Ponte Nova visitou o local do ataque, orientou os profissionais de saúde da região e vacinou cães e gatos num raio de 12 quilômetros. A Secretaria de Agricultura foi acionada para atuar na área com o controle de abrigos de morcegos hematófagos, além da orientar os produtores rurais.