Jornal Estado de Minas

Expansão do Metrô de BH pode gerar novo gargalo na cidade

CBTU alerta que projeto de expansão pode inviabilizar operação no Calafate, que receberia passageiros do Barreiro e do Eldorado com direção ao Centro. Metrominas diz estudar solução

Mateus Parreiras

Estação Calafate, que pode ficar congestionada: CBTU e Sindimetro sugerem que linha 2 vá até Santa Tereza - Foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press - 4/5/09

A viabilidade das linhas 2 e 3 do metrô de Belo Horizonte, como foram apresentadas pela Trem Metropolitano S.A (Metrominas), está sendo questionada pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e pelo Sindicato dos Metroviários (Sindimetro)Em audiência pública sexta-feira na Câmara Municipal, o representante da operadora federal dos trens da capital, Adão Guimarães Silva, afirmou que apenas a construção de metade da Linha 2 não vai atender os 283 mil moradores do BarreiroOs passageiros dessa região têm, em sua maioria, o Centro como destino, mas chegarão apenas ao Calafate, onde será necessário ingressar nos já abarrotados vagões da Linha 1 (Eldorado/Vilarinho)“Não faz mais sentido (a Linha 2 tangenciar a Linha 1 no Calafate)Isso foi adaptado no projeto antigo por causa da transferência da rodoviária para lá, o que já não vai acontecer”, disse SilvaA Metrominas admite o gargalo e procura soluções.

Pela análise do representante da CBTU, a melhor solução seria concluir a Linha 2 inteira, do Barreiro ao Bairro Santa Tereza, na Região Leste, perto da área hospitalar, e passando pela Praça Sete“O estudo da CBTU concluiu que o melhor itinerário seria Barreiro-Santa Tereza”, consideraNão é a primeira vez que técnicos da companhia criticam os projetosA implantação de uma oficina e pátio de manobra subterrâneos na Linha 2 já foi considerada inviável por operadores da companhia.

Opostos na greve que paralisou o metrô por mais de um mês, CBTU e o Sindicato dos Metroviários concordam que o projeto precisa ser mudado“Não faz nem sentido encontrar mais as duas linhas (1 e 2) no Calafate

O certo é ir direto do Barreiro à Praça Sete e Santa TerezaNem que seja preciso deixar a Linha 3 (Savassi-Lagoinha) para depois”, disse o vice-presidente do sindicato, Romeu José Machado Neto.

Savassi

A própria necessidade de uma linha subterrânea é contestada pelo sindicalista que representa os operadores dos trens da CBTU“A primeira coisa a fazer quando se executa uma linha é pesquisar a origem e o destinoIsso não foi feito no trecho Lagoinha-SavassiO metrô é para tirar das vias o grande fluxo de ônibusQual é o grande corredor de ônibus entre a Lagoinha e a Savassi?”, questionaE conclui: “O sistema já não comporta o que tem, com a Linha 1 lotada todos os diasImagina injetar mais gente”, alerta Neto

O coordenador do projeto do metrô pela Prefeitura de Belo Horizonte, Márcio Duarte, admitiu que o projeto como está cria um gargalo na Estação Calafate“Será uma questão operacional
Estamos fazendo estudos e simulações, em busca de soluçõesUma das respostas pode ser o trem da Linha 2 ingressar nos trilhos da Linha 1 e cumprir o restante de seu itinerário até o Centro”, afirma

De acordo com a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), a necessidade de adequação de recursos exigiu, em 2008, a elaboração de estudos para definição de prioridades nos investimentos do metrô“Os recursos disponíveis atualmente não são suficientes para a execução da totalidade das linhasCom esta modelagem, o metrô terá a possibilidade de transportar até 900 mil passageiros/dia, ou seja, quase quatro vezes o movimento atual, com um aumento do número de vagões para 240”, informa em nota a Setop.

Primeira perfuração vem aí

A expectativa da Metrominas é de que as primeiras perfurações para levantamentos de geotecnia do metrô de Belo Horizonte sejam marcadas na próxima semana e ocorra nos próximos diasDe acordo com a companhia, a ordem de serviço está para ser assinadaA licitação para os serviços de topografia ainda não teve um vencedor determinado, uma vez que na primeira concorrência todas as empresas foram consideradas inabilitadas e tiveram tempo para se adequar às exigências do trabalho.