A onda de explosões a caixas eletrônicos provocou em Minas Gerais, sobretudo em Belo Horizonte, uma enxurrada de desistência na prestação desse tipo serviço, levando comerciantes a solicitar a retirada de pelo menos 125 máquinas de supermercados, postos de gasolina e farmácias, segundo levantamento do Estado de Minas em associações, sindicatos, empresas e proprietáriosA rede Supermercados BH, por exemplo, vai desativar todos os 97 caixas de autoatendimento, a maioria na capitalA decisão foi tomada depois de um ataque em abril à loja da Avenida Portugal, no Bairro Jardim Atlântico, na Região da PampulhaEm fevereiro, uma loja da rede sofreu uma tentativa de explosão em Pirapora, no Norte de MinasPara minimizar o risco aos clientes e funcionários e evitar prejuízos, o Super Nosso também está suspendendo o serviço e já solicitou aos bancos a retirada de 12 máquinas de suas unidades
Diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) e dono de quatro postos, Carlos Eduardo Magalhães nem sequer esperou as operadoras dos caixas e já desligou as três máquinas de seus estabelecimentosUm deles, em uma das vias mais movimentadas da capital, foi alvo do ataque dos bandidos“Nem esperei os bancos, porque o risco é muito alto principalmente por causa do produto inflamávelA explosão em um dos meus postos atingiu dois carros de clientes que estavam estacionados e poderia ter sido muito pior”, diz eleE acrescenta: “Não temos uma estatística oficial, mas a cada 10 postos associados, dois ou três têm caixas e o que percebemos é uma grande preocupação e desinteresse em manter as máquinasPor questão de proteção, a tendência é de que elas sejam retiradas”, afirmou o comerciante
O proprietário de dois outros postos de combustíveis, que pediu para não ser identificado, disse que a empresa responsável pelas máquinas de atendimento 24 horas “fizeram força” para ele manter a prestação de serviços“Disseram que era uma onda passageira, mas o próprio funcionário, quando veio retirar minhas duas máquinas, contou que a demanda era grande e que uma rede de supermercados cancelou vários equipamentosDiante do perigo, ninguém quer mais isso.”
Suspensão
A situação é semelhante para os donos de farmácias e drogarias, que oferecem o serviço de saque e pagamentos em caixas eletrônicosSegundo a advogada Tacianny Mayara, do Sindicato de Farmácias e Drogarias de Minas Gerais, o assunto tem presença garantida nas pautas de discussões
“Havia um movimento crescente para a instalação dessas máquinas como atrativo de mercado e forma de agregar valor ao serviçoMas ter um caixa de autoatendimento hoje vulnerabiliza o estabelecimento e assusta o setorTemos 7.500 empresas registradas na Junta e vamos encomendar uma pesquisa para levantar esses dados oficiais, mas a maior parte dos comerciantes têm externado a vontade de suspender essa prestação de serviço”, disse a advogada.
Dos 50 estabelecimentos que integram a Associação de Farmácias e Drogarias de Belo Horizonte (Asfad), oito já retiraram os equipamentos bancários, segundo o presidente da entidade, Sebastião Eustáquio Alves“Quase todo mundo diz que vai solicitar o desligamento das máquinas e a suspensão do serviço de correspondente bancário, em que o cliente pode pagar contas nos caixas da loja, porque o rendimento é baixo e de forma nenhuma compensa o riscoSó para ter uma ideia, alguns bancos pagam R$ 150 por mês para manter um caixa eletrônico na farmácia.”
Combate ao roubo de explosivos
Integrante da força-tarefa para combater este tipo de crime, o secretário-adjunto de Defesa Social, Denilson Feitosa, diz que o estado vai atuar contra mineradoras, pedreiras, revendedores e garimpos que não têm cuidado no armazenamento do material explosivoSegundo ele, vai ser fiscalizado o que for possível daquele que não se adequar: alvará de funcionamento, pagamento de impostos e situação da segurança privada, por exemplo
“Mais do que a prisão, a população não quer que aconteça o crimePor isso, precisamos de um planejamento grande e bastante definido, principalmente porque a operação será permanenteO grupo Forças de Minas vai agregar todas as instituições na atuação de prevençãoQuem não fizer a devida guarda e uso do material, com capacidade de rastreá-lo, sofrerá as consequências”, garante o secretário.
Segundo ele, uma das linhas de investigação apura se há organizações criminosas fantasmas, criadas justamente para adquirir explosivosEle diz que os setores de inteligência e investigação estão afinados e que os alvos estão mapeados.
“O explosivo está disponível em todo o estadoNão basta entrar na viatura e sair por aíPrecisamos de informações para subsidiar as investigações e posso dizer que o trabalho está avançado Percebemos que há uma forma profissional e uma amadora de se explodirem caixasFizemos um raio X de quem compra licitamente porque o maior problema vem daí, do desvio, da forma de armazenar os explosivos sem o cuidado que se deveO amador a gente resolve secando a raizOs grupos organizados, fica mais fácilJá estamos monitorando alguns alvos.”
Este ano, cerca de uma tonelada de explosivos foi roubada por criminosos, de acordo com a Polícia CivilA Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército, responsável por este controle, contabiliza 504 quilos desde janeiro de 2011O órgão calcula o desvio de 312 metros de pavio e 272 unidades de detonadores(PS)
Saidinha de banco
Um homem perdeu nessa terça-feira R$ 9 mil em assalto conhecido como saidinha de banco, em Contagem, na Grande BHA vítima havia sacado a quantia em uma agência bancária no Bairro Cidade Nova, Região Nordeste de Belo HorizonteConforme informações da Polícia Militar, o homem, de 59 anos, foi abordado por dois bandidos em uma motocicleta na Rua Monsenhor João Martins, no Bairro Novo ProgressoUm dos assaltantes estava armado Militares informaram que a dupla fugiu depois do crimeA PM fez buscas na região, mas até o fim da noite não havia localizado nenhum suspeito.