Jornal Estado de Minas

Comércio fecha 125 caixas eletrônicos em Minas

Sucessão de ataques leva donos de supermercados, postos de combustível e farmácias a desativar as máquinas de autoatendimento bancário em Minas para evitar prejuízos

Paula Sarapu

Drogaria do Bairro Amazonas, em Betim, foi destruída por explosão de caixa eletrônico em junho, quando bandidos renderam clientes - Foto: Moisés Silva/EM/D.A Press - 7/6/12



A onda de explosões a caixas eletrônicos provocou em Minas Gerais, sobretudo em Belo Horizonte, uma enxurrada de desistência na prestação desse tipo serviço, levando comerciantes a solicitar a retirada de pelo menos 125 máquinas de supermercados, postos de gasolina e farmácias, segundo levantamento do Estado de Minas em associações, sindicatos, empresas e proprietáriosA rede Supermercados BH, por exemplo, vai desativar todos os 97 caixas de autoatendimento, a maioria na capitalA decisão foi tomada depois de um ataque em abril à loja da Avenida Portugal, no Bairro Jardim Atlântico, na Região da PampulhaEm fevereiro, uma loja da rede sofreu uma tentativa de explosão em Pirapora, no Norte de MinasPara minimizar o risco aos clientes e funcionários e evitar prejuízos, o Super Nosso também está suspendendo o serviço e já solicitou aos bancos a retirada de 12 máquinas de suas unidades

Diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) e dono de quatro postos, Carlos Eduardo Magalhães nem sequer esperou as operadoras dos caixas e já desligou as três máquinas de seus estabelecimentosUm deles, em uma das vias mais movimentadas da capital, foi alvo do ataque dos bandidos“Nem esperei os bancos, porque o risco é muito alto principalmente por causa do produto inflamávelA explosão em um dos meus postos atingiu dois carros de clientes que estavam estacionados e poderia ter sido muito pior”, diz eleE acrescenta: “Não temos uma estatística oficial, mas a cada 10 postos associados, dois ou três têm caixas e o que percebemos é uma grande preocupação e desinteresse em manter as máquinasPor questão de proteção, a tendência é de que elas sejam retiradas”, afirmou o comerciante


O proprietário de dois outros postos de combustíveis, que pediu para não ser identificado, disse que a empresa responsável pelas máquinas de atendimento 24 horas “fizeram força” para ele manter a prestação de serviços“Disseram que era uma onda passageira, mas o próprio funcionário, quando veio retirar minhas duas máquinas, contou que a demanda era grande e que uma rede de supermercados cancelou vários equipamentosDiante do perigo, ninguém quer mais isso.”

Suspensão

A situação é semelhante para os donos de farmácias e drogarias, que oferecem o serviço de saque e pagamentos em caixas eletrônicosSegundo a advogada Tacianny Mayara, do Sindicato de Farmácias e Drogarias de Minas Gerais, o assunto tem presença garantida nas pautas de discussões

“Havia um movimento crescente para a instalação dessas máquinas como atrativo de mercado e forma de agregar valor ao serviçoMas ter um caixa de autoatendimento hoje vulnerabiliza o estabelecimento e assusta o setorTemos 7.500 empresas registradas na Junta e vamos encomendar uma pesquisa para levantar esses dados oficiais, mas a maior parte dos comerciantes têm externado a vontade de suspender essa prestação de serviço”, disse a advogada.

Dos 50 estabelecimentos que integram a Associação de Farmácias e Drogarias de Belo Horizonte (Asfad), oito já retiraram os equipamentos bancários, segundo o presidente da entidade, Sebastião Eustáquio Alves“Quase todo mundo diz que vai solicitar o desligamento das máquinas e a suspensão do serviço de correspondente bancário, em que o cliente pode pagar contas nos caixas da loja, porque o rendimento é baixo e de forma nenhuma compensa o riscoSó para  ter uma ideia, alguns bancos pagam R$ 150 por mês para manter um caixa eletrônico na farmácia.”


Combate ao roubo de explosivos

Integrante da força-tarefa para combater este tipo de crime, o secretário-adjunto de Defesa Social, Denilson Feitosa, diz que o estado vai atuar contra mineradoras, pedreiras, revendedores e garimpos que não têm cuidado no armazenamento do material explosivoSegundo ele, vai ser fiscalizado o que for possível daquele que não se adequar: alvará de funcionamento, pagamento de impostos e situação da segurança privada, por exemplo
Desta forma, acredita ele, será mais fácil combater o bandido amador

“Mais do que a prisão, a população não quer que aconteça o crimePor isso, precisamos de um planejamento grande e bastante definido, principalmente porque a operação será permanenteO grupo Forças de Minas vai agregar todas as instituições na atuação de prevençãoQuem não fizer a devida guarda e uso do material, com capacidade de rastreá-lo, sofrerá as consequências”, garante o secretário.

Segundo ele, uma das linhas de investigação apura se há organizações criminosas fantasmas, criadas justamente para adquirir explosivosEle diz que os setores de inteligência e investigação estão afinados e que os alvos estão mapeados.

“O explosivo está disponível em todo o estadoNão basta entrar na viatura e sair por aíPrecisamos de informações para subsidiar as investigações e posso dizer que o trabalho está avançado Percebemos que há uma forma profissional e uma amadora de se explodirem caixasFizemos um raio X de quem compra licitamente porque o maior problema vem daí, do desvio, da forma de armazenar os explosivos sem o cuidado que se deveO amador a gente resolve secando a raizOs grupos organizados, fica mais fácilJá estamos monitorando alguns alvos.”

Este ano, cerca de uma tonelada de explosivos foi roubada por criminosos, de acordo com a Polícia CivilA Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército, responsável por este controle, contabiliza 504 quilos desde janeiro de 2011O órgão calcula o desvio de 312 metros de pavio e 272 unidades de detonadores(PS)


Saidinha de banco

Um homem perdeu nessa terça-feira R$ 9 mil em assalto conhecido como saidinha de banco, em Contagem, na Grande BHA vítima havia sacado a quantia em uma agência bancária no Bairro Cidade Nova, Região Nordeste de Belo HorizonteConforme informações da Polícia Militar, o homem, de 59 anos, foi abordado por dois bandidos em uma motocicleta na Rua Monsenhor João Martins, no Bairro Novo ProgressoUm dos assaltantes estava armado Militares informaram que a dupla fugiu depois do crimeA PM fez buscas na região, mas até o fim da noite não havia localizado nenhum suspeito.