O último mapa da qualidade das águas, do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), apontou a qualidade da água como “média”“Houve o aumento da turbidez da água, que está relacionada à retirada de mata ciliar e à extração de pedras na região”, afirma a coordenadora do projeto de monitoramento das águas, Katiane BritoEla ressalta que há apenas um ponto de medição na região, o que pode influenciar o resultadoEmbora não tenha percebido alterações na aparência das águas da bacia do Paraúna (que inclui o Cipó), o presidente da organização não governamental Caminhos da Serra, que atua na região, Alex Mendes Santos, de 52 anos, teme a pressão da mineração sobre os cursos d’água“Ela está chegando com força
É preciso acelerar o passo para alcançar a dona de casa Nair Rodrigues, de 72 anos, no percurso diário que ela cumpre de casa até o leito do Paraúna, na comunidade do Cafundó, em Gouveia, na Região Central“Faz gosto tomar a água deste rioEle é a nossa riqueza, todo mundo que chega fica impressionadoAqui a gente busca água, pesca”, conta a senhora humilde e hospitaleira, que até evita pensar na possibilidade de perder o Paraúna, experiência vivenciada “uma vez para nunca mais”“Era uma tristeza quando o pessoal da hidrelétrica de Paraúna, aqui em cima, abria as comportas e o rio ficava todo sujo”, contaComo o problema já foi resolvido, dona Nair prefere nem pensar em outras possíveis ameaças ao curso d’água, motivo de alegria para os ribeirinhos.
Preservação
“Ê Paraúnaaa!” É com respeito e admiração que o ambientalista e psicultor Erick Wagner Sangiorgi, de 40 anos, cumprimenta o afluente do Velhas em seu encontro com o calha principal, em Santo HipólitoHá 30 anos dentro do rio, Erick sabe da importância dos rios Cipó e Paraúna para a qualidade das águas, assim como investimentos no Velhas contribuíram para sua melhora“Nunca vou esquecer o ano de 1996, quando estava tudo bom para peixe – a lua, o clima – e ninguém pescou nadaEm 2007 também foi triste, apareceram cianobactérias, a água ficou verde e o rio, interditado”, conta Erick, que atua também na captura ecológica de peixes e na preservação das espécies.
O melhor indicativo para a chegada de novos tempos foi o aumento da quantidade de peixes como o dourado, a matrinxã e o curimatã“E, consequentemente, a gente está vendo mais aves, até a garça cor-de-rosa, que estava sumida”, conta