O casarão que era habitado por moradores de rua e usuários de drogas na Rua Rio Grande do Norte, 1.022, na Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, começou a ser demolido. O imóvel foi desocupado no final de maio com intervenção da Polícia Militar. O terreno pertence à Associação Igreja Metodista e vai virar um restaurante e estacionamento feitos por dois empresários que alugaram o espaço. Para evitar que moradores de rua retornassem ao casarão, portas e janelas haviam sido fechadas com paredes em alvenaria, mas precisaram ser reabertas para acesso dos operários que trabalham na obra.
O segundo andar já foi totalmente demolido. Para a vizinhança, a retirada das pessoas que ocupavam a casa foi um alívio, já que o lugar havia se transformado em uma cracolândia e os menores drogados cometiam assaltos e ameaçavam os moradores do entorno. Para a Polícia Militar, a onda de arrombamentos de lojas na Savassi estava atribuída a esses jovens.
Na operação da PM em maio, 16 menores foram apreendidos na casa abandonada. Eles foram levados para abrigos sem a obrigação de permanecerem no local. O mais perigoso deles, segundo a PM, é identificado por Biscoito e tem 12 anos. Seu pai mora no Aglomerado Morro do Papagaio, no Bairro São Pedro, Região Centro-Sul, é usuário de drogas e tem passagens pela polícia por furtos e roubos, informou a PM. A mãe do menor também é moradora de rua e a avó, que é faxineira e tem residência fixa, disse que não consegue segurá-lo em casa. Como Biscoito tem 12 anos e não cometeu crimes graves como homicídio, ele não pode receber medidas protetivas.
De volta para a rua
No dia seguinte à ação da PM, muitos jovens já estavam na rua. Ontem, o soldado Caio Aquino, do Grupo Socializado de Atendimento à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco (Geacar), do 1º Batalhão da PM, informou que os menores migraram para a região hospitalar e diariamente são vistos na Praça Hugo Werneck e nas proximidades da Santa Casa.
O terreno foi alugado em 10 de novembro do ano passado para os empresários. Eles aguardavam apenas o alvará da Prefeitura de Belo Horizonte autorizando a demolição para a construção de um empreendimento comercial. Há dois meses, o representante da Associação Igreja Metodista, dona da casa, pastor Wesley Gonçalves, disse que cabe aos locatários do casarão a responsabilidade pela segurança. Eles chegaram a colocar novos cadeados nos acessos para impedir as invasões. A casa tem dois andares, vários quartos, dois banheiros, salas extensas, área externa e mais três cômodos nos fundos e está em uma das regiões mais valorizadas de BH.