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Estado de Minas

Secretaria de Saúde prepara campanha contra avanço da gripe suína em Minas

Com mais três vítimas confirmadas em Uberaba, Frutal e Limeira do Oeste, no Triângulo, e uma em Cabo Verde, no Sul de Minas, autoridades ficam em alerta


postado em 12/07/2012 06:00 / atualizado em 12/07/2012 06:34

A pequena Pedrinópolis, no Alto Paranaíba, onde duas pessoas morreram, faz vacinação em massa(foto: Divulgação/Secretaria Municipal de Saúde de Pedrinópolis)
A pequena Pedrinópolis, no Alto Paranaíba, onde duas pessoas morreram, faz vacinação em massa (foto: Divulgação/Secretaria Municipal de Saúde de Pedrinópolis)

Após a confirmação de 38 casos e 15 mortes causadas pelo vírus H1N1, quatro vezes mais que no ano passado, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) prepara uma campanha de mídia para reforçar entre a população os conceitos de prevenção da gripe, como lavar as mãos, usar lenços para espirrar e buscar o atendimento médico quando sintomas como febre alta e tosse persistirem.

O subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Carlos Alberto Pereira Gomes, não considera que a campanha esteja sendo feita tardiamente. “Tínhamos uma campanha de vacinação em curso e nosso entendimento é que a campanha nacional de imunização chamaria a atenção da população para esses cuidados. Talvez essas medidas não tenham sido tão enfatizadas”, admite, ressaltando que cabe às escolas, famílias e meios de comunicação difundir as formas de prevenção ao H1N1.

Nessa quarta-feira, mais quatro mortes foram confirmadas em Minas pela Superintendência de Vigilância Epidemiológica nas cidades de Cabo Verde, na Região Sul, Frutal, Limeira do Oeste e Uberaba, todas no Triângulo Mineiro. Ainda estão sob investigação 46 casos suspeitos de ser Influenza A H1N1. Segundo a SES, a faixa etária com maior índice de óbitos é a de 40 a 60 anos – sete das 15 mortes – e 80% das vítimas tinham algum problema de saúde crônico associado, como diabetes e cardiopatia.

“Os estudos epidemiológicos mostram que essa faixa etária é a que tem a maior incidência de comorbidade. Por isso não podemos ter como única referência a idade, mas o estado de saúde do paciente. Os casos graves”, explica Tânia Marcial, infectologista e assessora da Subsecretaria de Vigilância e Proteção à Saúde, lembrando que todas as pessoas que morreram em decorrência do H1N1 não tinham sido vacinadas.

As regiões mais frias do estado concentram a maior parte dos infectados. São 13 casos confirmados no Triângulo Mineiro e 10 casos na Região Sul, o que, segundo infectologistas, é esperado pela comunidade médica. “O clima frio e úmido e o fato de as pessoas passarem a maior parte do tempo em ambientes fechados contribui para a sobrevivência e disseminação do vírus”, afirma Carlos Alberto Pereira Gomes.
 
Tratamento

A corrida pela vacina da gripe não adianta mais. Segundo Tânia Marcial, o mais eficaz agora é o tratamento, já que a vacina só começa a fazer efeito depois de 15 dias. O professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e infectologista Unaí Tupinambás considera fundamental redobrar os cuidados para evitar o contágio e, em caso de contaminação pelo H1N1, a rápida medicação . “A gripe A é uma doença que pode evoluir rapidamente. Diante de sintomas, a população deve procurar imediatamente o posto médico”, ressaltando que o tratamento só deve ser feito sob orientação médica.

Multidão faz fila para receber vacina no interior do Rio Grande do Sul(foto: Luís Paulo Soares/Ag RBS/Folhapress)
Multidão faz fila para receber vacina no interior do Rio Grande do Sul (foto: Luís Paulo Soares/Ag RBS/Folhapress)


Sul do país preocupa governo

O avanço da Gripe A no Sul do país, com o registro de mais de 1,3 mil casos e 87 mortes nos três estados da região, levou o governo federal a mudar a estratégia de prevenção e combate ao vírus H1N1, causador da doença. Em vez de priorizar a vacinação, como vinha fazendo, a orientação à população passa a ser que aja rapidamente. A recomendação foi dada ontem pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em um programa de rádio. Segundo ele, aparecendo os sintomas, o doente deve procurar um médico para saber se precisa usar o remédio adequado, o Oseltamivir, conhecido com o nome comercial de Tamiflu. A indicação é que as pessoas não se tratem em casa e só usem o medicamento sob orientação médica, diante do surgimento dos sintomas.

O Ministério da Saúde informou que esse protocolo está em vigor desde o fim do ano passado, mas o aumento do número de casos da gripe A levou as secretarias a agilizarem a distribuição do medicamento nas unidades de atendimento nos últimos dias. Além disso, na terça-feira a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) soltou uma notificação dispensando o uso de receita controlada para a administração do Tamiflu. Agora, para comprar a medicação ou retirá-la no posto de saúde, as pessoas só precisam apresentar uma receita simples do médico, o que deve facilitar ainda mais o tratamento de pacientes gripados.

População amedrontada

Com 600 casos confirmados e 47 mortes, Santa Catarina é o estado da Região Sul mais afetado. No Rio Grande do Sul, a secretaria estadual de saúde divulgou segunda-feira que 23 pessoas já haviam morrido vítimas da doença e o número de casos chega a 145. O medo da contaminação é tamanho que ontem cerca de 5 mil pessoas formaram filas quilométricas em Santa Rosa, no Noroeste gaúcho, na tentativa de se vacinar. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a cidade recebeu um novo lote com 9 mil doses do Ministério da Saúde na terça-feira e algumas pessoas teriam passado a noite na fila à espera de receber o medicamento ontem. A prioridade é vacinar o grupo de risco, que inclui gestantes, crianças de 6 meses a 2 anos, idosos e portadores de doenças crônicas.

A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo confirmou 66 casos  neste ano. Por se tratar de uma gripe, a maioria das pessoas, segundo a secretaria paulista, não procura auxílio médico e só casos graves são notificados. Já são 14 óbitos no ano pela doença. Na pandemia de 2009 foram 600 mortes no estado. (Com agências)


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