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Estado de Minas

Sobra medo, falta vacina contra gripe suína

Com o aumento do número de casos e de mortes pela doença, cresce também a procura pela oferta de imunização na rede privada. Em Belo Horizonte, estoques estão no fim


postado em 13/07/2012 06:00 / atualizado em 13/07/2012 06:46

Dose da vacina contra a gripe A é oferecida gratuitamente na rede pública ao grupo de risco, que inclui profissionais da saúde, idosos, doentes crônicos e crianças (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press %u2013 24/5/10)
Dose da vacina contra a gripe A é oferecida gratuitamente na rede pública ao grupo de risco, que inclui profissionais da saúde, idosos, doentes crônicos e crianças (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press %u2013 24/5/10)

O crescimento no número de casos e mortes por Influenza A (H1N1) nos últimos dias em Minas Gerais tem aumentado a busca pela vacina que protege contra a doença na rede privada. Com a confirmação de 15 óbitos e 38 doentes nos seis primeiros meses do ano, estabelecimentos que fazem a aplicação da vacina estão com estoques chegando ao fim e alguns já não têm o medicamento. Por telefone, atendentes do call center chegam a fazer a recomendação ao cliente para se apressar se quiser tomar a dose, já que a vacina, vendida ao preço médio de R$ 50, não está sendo encontrada para compra. Também fazem agendamento para quando houver em estoque. Por outro lado, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) garante que tem o medicamento Tamiflu, usado para tratar casos graves da doença, em número suficiente para todo o estado.

Em uma rede de laboratórios que aplica a vacina em 10 pontos de Belo Horizonte, o aumento foi de 1.000% nas vendas desde o início da comercialização, no fim de fevereiro. Na época, quando a vacina foi liberada, a procura média por dia era de 40 doses. Atualmente, com a veiculação do aumento de casos e de mortes por causa da doença, cerca de 400 pessoas têm ido diariamente a um dos laboratórios da rede para se vacinar. Somente na unidade Aimorés, que funciona como central de vacinas, são 150 pessoas por dia. Com a procura intensa, é preciso ter paciência, pois nos horários de pico a espera pode chegar a até 45 minutos. O alerta feito por telefone pela atendente, de que o estoque estaria no fim, faz sentido, pois restam apenas cerca de 400 doses para serem vendidas e com isso as aplicações não devem passar de hoje.

Na Drogaria Araujo, que costuma oferecer a vacina a R$ 45, em parceria com a clínica Vacsim, o medicamento está em falta há mais de uma semana. A enfermeira da Vacsim Marisa Mariano informa que não há qualquer previsão de quando o produto estará disponível novamente. Segundo ela, desde que começaram a ser divulgadas as mortes pela gripe A no estado passou a haver uma corrida em busca das doses da vacina. Ontem, uma atendente da loja Centenário da Drogaria Araujo, na Avenida Getulio Vargas, informou, por telefone, que, mesmo não havendo nada em estoque, a empresa está fazendo agendamento de clientes interessados em se vacinar quando o medicamento, que é fabricado no exterior, chegar.

Quem não quis ficar de fora da vacinação na rede particular foi o casal Cláudia Eunice Rodrigues, de 42 anos, que é funcionária pública, e o advogado Ezzio Savoi Cassimiro Browne Cunha, de 40. O alerta partiu do pediatra do filho deles, uma criança de 4 meses, que está fora da faixa de vacinação. “Estamos preocupados com a doença, porque ela começou a matar mais pessoas. Além disso, tivemos uma recomendação do médico do Bernardo (filho). Queremos prevenir para não griparmos e também não colocarmos a saúde dele em risco”, explicou Cláudia. A babá da criança também acompanhou o casal para se vacinar. “Trouxemos nossa funcionária, que é uma pessoa que tem contato direto com ele. É importante que todos estejamos protegidos”, afirmou. A mãe do bebê disse ainda que a família não tem se descuidado das medidas de higiene e tem se preocupado com a ventilação em casa.

Por determinação do Ministério da Saúde, devem-se vacinar aqueles que se enquadrem nos grupos prioritários – gestantes, crianças até 2 anos, idosos, profissionais da saúde e indígenas. Para quem pertence a esses grupos mas não se imunizou na época da campanha, a vacina pode ser tomada nos postos de saúde, caso ainda esteja disponível.

Tamiflu

  Apesar do aumento do número de casos e de mortes, a SES garante que tem em estoque uma quantidade considerável do medicamento. “Temos o suficiente para suprir e abastecer os municípios e regionais de saúde do estado. Todos os municípios e regionais de saúde do estado podem realizar a solicitação. Até o momento, não tivemos a necessidade de receber nenhuma caixa do medicamento Oseltamivir (Tamiflu)”, informou a secretaria, por meio de sua assessoria de imprensa. Ainda conforme o órgão, o atual estoque do medicamento é de 2 milhões de caixas e não houve, até o momento, necessidade de pedir ao Ministério da Saúde uma nova remessa. O órgão reforçou ainda a recomendação com os cuidados de profilaxia como, proteger as vias aéreas quando for espirar ou tossir; usar lenços descartáveis para a higienização nasal; manter a higiene corporal higienizar; frequentemente, as mãos com água e sabão, principalmente depois de tossir ou espirrar; evitar tocar os olhos, nariz ou boca após contato com superfícies.


Sul do país tem mais 11 mortes

Santa Maria (RS) teve o segundo dia de longas e demoradas filas à espera de imunização(foto: Cláudio Vaz/Agência RBS/Folhapress)
Santa Maria (RS) teve o segundo dia de longas e demoradas filas à espera de imunização (foto: Cláudio Vaz/Agência RBS/Folhapress)
Porto Alegre – Os governos de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul confirmaram ontem a ocorrência de 11 novas mortes de pacientes com o vírus da gripe A. Foram registradas mais cinco mortes em Santa Catarina e seis no Rio Grande do Sul. Com os novos números, subiu para 95 o total de mortes registradas neste ano nos três estados da Região Sul – 52 em Santa Catarina, 29 no Rio Grande do Sul e 14 no Paraná, que divulgará o próximo balanço apenas na segunda-feira. O número de casos da doença no ano passa de 1,4 mil.

Em Santa Maria, no Noroeste do Rio Grande do Sul, milhares de pessoas foram para a fila ontem, como ocorreu na terça-feira, em busca da vacina contra a gripe A. Em frente às unidades que ofereceram as doses, longas filas se formaram desde as primeiras horas do dia. Segundo a prefeitura, 2,7 mil doses estavam disponíveis para ontem, mas acabaram em poucas horas.

Um balanço atualizado até o dia 3 pelo Ministério da Saúde aponta 110 mortes provocadas pela doença em todo o Brasil neste ano. O número equivale a 5,3% do total de mortes notificadas em 2009, auge da pandemia, quando 2.060 pessoas morreram no país. Dos casos de morte já contabilizados pelo Ministério da Saúde neste ano, 62,7% se concentram na Região Sul. O clima frio do inverno facilita a transmissão do vírus.

Antiviral

O Brasil registrou 27 mortes em 2010 e 113 em 2011. O fim da pandemia foi decretado em agosto de 2010 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O ministério retirou o medicamento antiviral Oseltamivir, conhecido pela marca Tamiflu, da lista de substâncias sujeitas a controle especial. O objetivo da medida é facilitar o acesso ao remédio, usado no tratamento da gripe, que passa a ser comercializado nas farmácias com receita médica simples, e não mais em duas vias. O antiviral também está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).

Ampolas roubadas

Em Lages (SC), a auxiliar de enfermagem Angelita Tormem Branco foi presa ontem por aplicar a vacina contra a gripe A sem autorização, cobrando R$ 30 pela dose. Ela tinha ampolas do medicamento em casa, que contou à polícia terem sido roubadas pela tia do marido na Gerência Regional de Saúde do município. Foram encontradas também seringas novas e usadas, além de agulhas. A polícia acredita que o desvio das ampolas deve ter ocorrido dentro da instituição. Angelita prestou depoimento à divisão de investigação criminal da Polícia Civil e vai ser indiciada por receptação de medicamentos e por ministrá-los sem prescrição médica. Ela já tem antecedentes criminais por falsidade ideológica e estelionato. A pessoa que teria desviado as vacinas vai ser chamada pela Polícia Civil para prestar depoimento. Ela deve ser indiciada por peculato, quando o funcionário público apropria-se de qualquer bem público.
 


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