O crescimento no número de casos e mortes por Influenza A (H1N1) nos últimos dias em Minas Gerais tem aumentado a busca pela vacina que protege contra a doença na rede privada. Com a confirmação de 15 óbitos e 38 doentes nos seis primeiros meses do ano, estabelecimentos que fazem a aplicação da vacina estão com estoques chegando ao fim e alguns já não têm o medicamento. Por telefone, atendentes do call center chegam a fazer a recomendação ao cliente para se apressar se quiser tomar a dose, já que a vacina, vendida ao preço médio de R$ 50, não está sendo encontrada para compra. Também fazem agendamento para quando houver em estoque. Por outro lado, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) garante que tem o medicamento Tamiflu, usado para tratar casos graves da doença, em número suficiente para todo o estado.
Em uma rede de laboratórios que aplica a vacina em 10 pontos de Belo Horizonte, o aumento foi de 1.000% nas vendas desde o início da comercialização, no fim de fevereiro. Na época, quando a vacina foi liberada, a procura média por dia era de 40 doses. Atualmente, com a veiculação do aumento de casos e de mortes por causa da doença, cerca de 400 pessoas têm ido diariamente a um dos laboratórios da rede para se vacinar. Somente na unidade Aimorés, que funciona como central de vacinas, são 150 pessoas por dia. Com a procura intensa, é preciso ter paciência, pois nos horários de pico a espera pode chegar a até 45 minutos. O alerta feito por telefone pela atendente, de que o estoque estaria no fim, faz sentido, pois restam apenas cerca de 400 doses para serem vendidas e com isso as aplicações não devem passar de hoje.
Quem não quis ficar de fora da vacinação na rede particular foi o casal Cláudia Eunice Rodrigues, de 42 anos, que é funcionária pública, e o advogado Ezzio Savoi Cassimiro Browne Cunha, de 40. O alerta partiu do pediatra do filho deles, uma criança de 4 meses, que está fora da faixa de vacinação. “Estamos preocupados com a doença, porque ela começou a matar mais pessoas. Além disso, tivemos uma recomendação do médico do Bernardo (filho). Queremos prevenir para não griparmos e também não colocarmos a saúde dele em risco”, explicou Cláudia. A babá da criança também acompanhou o casal para se vacinar. “Trouxemos nossa funcionária, que é uma pessoa que tem contato direto com ele. É importante que todos estejamos protegidos”, afirmou. A mãe do bebê disse ainda que a família não tem se descuidado das medidas de higiene e tem se preocupado com a ventilação em casa.
Por determinação do Ministério da Saúde, devem-se vacinar aqueles que se enquadrem nos grupos prioritários – gestantes, crianças até 2 anos, idosos, profissionais da saúde e indígenas. Para quem pertence a esses grupos mas não se imunizou na época da campanha, a vacina pode ser tomada nos postos de saúde, caso ainda esteja disponível.
Tamiflu
Apesar do aumento do número de casos e de mortes, a SES garante que tem em estoque uma quantidade considerável do medicamento. “Temos o suficiente para suprir e abastecer os municípios e regionais de saúde do estado. Todos os municípios e regionais de saúde do estado podem realizar a solicitação. Até o momento, não tivemos a necessidade de receber nenhuma caixa do medicamento Oseltamivir (Tamiflu)”, informou a secretaria, por meio de sua assessoria de imprensa. Ainda conforme o órgão, o atual estoque do medicamento é de 2 milhões de caixas e não houve, até o momento, necessidade de pedir ao Ministério da Saúde uma nova remessa. O órgão reforçou ainda a recomendação com os cuidados de profilaxia como, proteger as vias aéreas quando for espirar ou tossir; usar lenços descartáveis para a higienização nasal; manter a higiene corporal higienizar; frequentemente, as mãos com água e sabão, principalmente depois de tossir ou espirrar; evitar tocar os olhos, nariz ou boca após contato com superfícies.
Sul do país tem mais 11 mortes
Porto Alegre – Os governos de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul confirmaram ontem a ocorrência de 11 novas mortes de pacientes com o vírus da gripe A. Foram registradas mais cinco mortes em Santa Catarina e seis no Rio Grande do Sul. Com os novos números, subiu para 95 o total de mortes registradas neste ano nos três estados da Região Sul – 52 em Santa Catarina, 29 no Rio Grande do Sul e 14 no Paraná, que divulgará o próximo balanço apenas na segunda-feira. O número de casos da doença no ano passa de 1,4 mil.
Em Santa Maria, no Noroeste do Rio Grande do Sul, milhares de pessoas foram para a fila ontem, como ocorreu na terça-feira, em busca da vacina contra a gripe A. Em frente às unidades que ofereceram as doses, longas filas se formaram desde as primeiras horas do dia. Segundo a prefeitura, 2,7 mil doses estavam disponíveis para ontem, mas acabaram em poucas horas.
Um balanço atualizado até o dia 3 pelo Ministério da Saúde aponta 110 mortes provocadas pela doença em todo o Brasil neste ano. O número equivale a 5,3% do total de mortes notificadas em 2009, auge da pandemia, quando 2.060 pessoas morreram no país. Dos casos de morte já contabilizados pelo Ministério da Saúde neste ano, 62,7% se concentram na Região Sul. O clima frio do inverno facilita a transmissão do vírus.
Antiviral
O Brasil registrou 27 mortes em 2010 e 113 em 2011. O fim da pandemia foi decretado em agosto de 2010 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O ministério retirou o medicamento antiviral Oseltamivir, conhecido pela marca Tamiflu, da lista de substâncias sujeitas a controle especial. O objetivo da medida é facilitar o acesso ao remédio, usado no tratamento da gripe, que passa a ser comercializado nas farmácias com receita médica simples, e não mais em duas vias. O antiviral também está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).
Ampolas roubadas
Em Lages (SC), a auxiliar de enfermagem Angelita Tormem Branco foi presa ontem por aplicar a vacina contra a gripe A sem autorização, cobrando R$ 30 pela dose. Ela tinha ampolas do medicamento em casa, que contou à polícia terem sido roubadas pela tia do marido na Gerência Regional de Saúde do município. Foram encontradas também seringas novas e usadas, além de agulhas. A polícia acredita que o desvio das ampolas deve ter ocorrido dentro da instituição. Angelita prestou depoimento à divisão de investigação criminal da Polícia Civil e vai ser indiciada por receptação de medicamentos e por ministrá-los sem prescrição médica. Ela já tem antecedentes criminais por falsidade ideológica e estelionato. A pessoa que teria desviado as vacinas vai ser chamada pela Polícia Civil para prestar depoimento. Ela deve ser indiciada por peculato, quando o funcionário público apropria-se de qualquer bem público.