Atrasada em relação a outras capitais na adoção de blitzes mais severas da Lei Seca, Belo Horizonte completa amanhã um ano de operações mais frequentes ainda com o desafio de alcançar números tão expressivos quanto Rio de Janeiro e São Paulo – as duas cidades endureceram antes a fiscalização da normaO balanço de 12 meses da campanha Sou pela vida indica redução de 15,9% nos acidentes com vítimas nos fins de semana, mas a capital mineira, proporcionalmente, ainda aborda menos motoristas em comparação com Rio e São Paulo e, como consequência, flagra mais condutores que desafiam as blitzes e insistem em misturar bebida e direção
Uma das medidas para inibir quem dirige sob efeito de álcool entra em funcionamento amanhã: haverá blitzes diáriasPelo menos num primeiro momento, porém, não está previsto aumento de efetivo de PMs nem a abordagem de todos os motoristas que passam pelas operações, prática já adotada por cariocas e paulistanosA saída para garantir blitzes todos os dias sem aumentar a quantidade de PMs foi adaptar duas operações por turno já feitas pelo Batalhão de Trânsito às segundas, terças e quartasA partir de agora, a diferença é que esses policiais usarão bafômetros nos pontos de bloqueio, um por noiteAté então, numa situação suspeita, eles precisavam pedir o equipamento ao batalhãoA unidade tem 11 aparelhos, mas só oito estão em funcionamento.
A nova fase traz mais desafios, apesar de manter a estruturaSe comparada às operações do Rio e São Paulo, que já montam bloqueios diários e realizam mais de 40 blitzes por semana, a fiscalização mineira ainda flagra oito vezes mais motoristas com sinais de embriaguez que no Rio e duas vezes mais que em São Paulo (veja quadro acima)Do total de motoristas que sopraram o bafômentro na capital mineira, 468 condutores apresentaram teor alcoólico acima de 0,34 mg de álcool por litro de sangue e foram autuados por crime de trânsito, o que representa 2,3% do totalOutros 1.303 condutores foram autuados por infração de trânsito (teor acima de 0,14 mg/l), chegando a 6,4% dos que sopraram o bafômetro.
No Rio, desde o início da Operação Lei Seca, em março de 2009, apenas 0,78% dos motoristas flagrados pelo bafômetro beberam e 0,29% cometeram crime, com teor alcoólico acima de 0,34 mg/l
Rigor
“Quanto mais ostensivo for esse trabalho, melhorPrincipalmente no primeiro momento, para o condutor saber que não vale a pena arriscar”, avalia o consultor de transportes Silvestre de Andrade Puty Filho“O motorista precisa ter certeza de que a fiscalização existe, é rigorosa e acontece a qualquer hora do dia, em qualquer lugar da cidade”, acrescentaPara o especialista, o elemento surpresa e a presença ostensiva são essenciais para mudar a cultura e estabelecer um novo comportamento no trânsito, o que depende também de um processo contínuo e permanente
Carlos Cateb, especialista em trânsito da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), avalia que é preciso número maior de equipes nas ruas para fiscalizar a realidade da capital
À espera de concurso
A ampliação do número de bloqueios simultâneos na capital depende da contratação de mais policiais militares, segundo o subsecretário de Integração e Promoção da Qualidade do Atendimento do Sistema de Defesa Social, Robson Lucas da SilvaEnquanto não há concurso, o subsecretário pediu aos bombeiros que voltem a integrar as equipes ao menos nos fins de semana, nas quatro blitzes que ocorrem por noite de quinta a domingo “No Rio, para ter uma ideia, a Operação Lei Seca tem 242 policiais militares à disposição das blitzesAqui, são só 25, com mais seis ou oito guardas municipais”, contaEle admite que a quantidade de policiais é limitada inclusive para abordar todos os motoristas que passam pelos bloqueios, mas afirma que o efetivo, no momento, é suficiente para garantir a presença do estado e fazer cumprir a lei