Qual o maior desafio do governo em relação aos cursos d’água?
Nosso grande desafio é transformar todos os cursos d’água do estado em classe 2, o que, na prática, significaria poder pescar e nadar nos nossos riosPara alcançar essa meta, não basta construir estações de tratamento de esgoto (ETEs): é preciso impor uma regulamentação rígida do licenciamento ambiental na área do esgoto
Não falta um empenho mais efetivo nesse sentido?
Até 2015, investiremos R$ 500 milhões na despoluição do Rio das Velhas, que já recebeu R$ 1,3 bilhãoEstamos levando o exemplo do Velhas para outras bacias e também investiremos R$ 430 milhões nas bacias dos rios Piracicaba, Mogi-Guaçu, Paraopeba e ParáAlém dos recursos, é importantíssimo o trabalho de mobilização e, no setor industrial, o tratamento dos efluentes do processo produtivo.
De que forma a fiscalização tem atuado para coibir irregularidades?
Apenas este ano houve 423 ações de fiscalização relacionadas aos recursos hídricosFlagramos situações de desmatamento de áreas de preservação permanente (APPs), mata ciliar e tudo que contribui para piora na qualidade da águaTemos feito operações especiais em locais mais críticos, como indústrias, mineradoras, áreas de parcelamento do solo, siderurgia e irrigação.
Ainda não há por parte do estado o reconhecimento preciso do patrimônio hidrológico de Minas, com identificação de todas as nascentes e córregos menoresQuando haverá esse mapeamento?
Vale lembrar que temos hoje 36 comitês de bacia hidrográfica, órgãos formados por usuários, sociedade civil e pelo poder públicoEsse trabalho de diagnóstico é feito durante o plano diretor de cada bacia hidrográfica, que, além de mostrar a visão integrada da área, aponta quais metas deverão ser atingidasAtualmente, temos 19 planos diretores concluídos e estamos elaborando mais 11
CORREDEIRAS
Fruto de quase 7 mil quilômetros de uma viagem que cruzou 42 municípios, a série Rios de Minas mostrou o que sufoca as águas das principais bacias do estadoConfira o dia a dia da expedição pelas páginas do EM
Sexta-feira
A disputa pela água é marca em uma bacia onde o recurso parece abundante, mas já não é suficiente para contemplar toda a demanda
Quinta-feira
O sumiço de rios e córregos faz a seca correr pelo Vale do Rio JequitinhonhaGarimpos clandestinos, extração ilegal de areia e lançamento de esgoto ajudam a compor o cenário que ameaça o curso d’água, vital para a região conhecida pela aridez
Quarta-feira
Com represas e hidrelétricas, a bacia do Rio Grande é cenário de contrastes, reunindo o pior curso d’água de Minas e a maior quantidade de índices positivos de qualidade, em outros pontosPelo Rio Grande, Minas exporta poluição e esgoto para São Paulo.
Terça-feira
Governador Valadares e outros municípios do Vale do Rio Doce sentem sede às margens do manancialA contaminação por esgoto doméstico e industrial leva cidades a buscar alternativas de abastecimentoA proposta de instalação de pequenas hidrelétricas na bacia provoca conflitos.
Segunda-feira
A decadência do Rio São Francisco começa em seus principais afluentes, os rios das Velhas e ParaopebaA segunda reportagem da série revelou que, apesar de beber da água dos dois mananciais, a Grande BH “retribui” jogando nas bacias esgoto de 4,5 milhões de habitantes.
Domingo
A primeira reportagem da série Rios de Minas denunciou que a morte de afluentes do Velho Chico levou a vazão do rio a cair 35%, exibindo assoreamento que levou pescadores a abandonar varas e anzóis e abraçar a extração de areiaMostrou ainda que a contaminação por esgoto tornou-se um problema generalizado no estado
Confira galeria com imagens registradas durante a reportagem