Até o fim do ano uma praça localizada na Avenida Rio-Branco, em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, deverá ser totalmente iluminada com o uso da energia que sai do presídio da cidade. Um projeto pioneiro no país mudou a rotina da unidade prisional, onde detentos passaram a pedalar para gerar energia elétrica e, assim, ter parte da pena reduzida. Atualmente, oito presos participam do projeto e o objetivo é que até dezembro outros 22 estejam pedalando também.
Iniciado há dois meses, o projeto Pedalando para a Liberdade foi idealizado pelo juiz José Henrique Mallmann, da 2ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude de Santa Rita do Sapucaí, que se inspirou em uma experiência norte-americana que conheceu por meio da internet. O magistrado conta com apoio da sociedade civil e de instituições privadas da cidade.
Bicicletas velhas e sem registro que estavam guardadas na delegacia foram levadas para o presídio “Os amigos do diretor do presídio fizeram a montagem das bicicletas com a aparelhagem. Um cidadão doou um equipamento para transformar os watts gerados em volts. Outro grupo, que tinha conhecimentos técnicos, criou um aparelho para medir a quantidade de energia produzida”, relata o magistrado.
Apoiadas em cavaletes, as bicicletas velhas foram ligadas a alternadores e a baterias. Oito detentos com bom comportamento foram selecionados para participar do projeto. A cada 16 horas pedalas eles têm um dia de remissão na pena. “Hoje, tenho uma lista de espera de presos interessados”, afirma o juiz José Henrique Malmann.
A energia gerada com as pedaladas é suficiente para acender dez das 34 lâmpadas da praça, que é um ponto tradicional de caminhada na cidade. Para o magistrado autor da proposta, além de resgatar a autoestima dos presos, o projeto sustentável tem impacto positivo no município. “As pessoas percebem que o preso, com restrições, pode participar de alguma forma da vida em sociedade”, diz.
A expectativa é que mais seis bicicletas adaptadas sejam instaladas no presídio ainda neste ano, possibilitando a participação de dez detentos no projeto e a iluminação completa da praça, que tem 34 lâmpadas.