O medo de assalto que tira o sossego dos moradores do Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, é reflexo de uma realidade apontada pelas estatísticas da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). No ano passado, a capital registrou aumento de 12,88% nos crimes violentos contra o patrimônio, como furtos e roubos. O Mangabeiras é atendido pela 127ª Companhia da PM, que já havia registrado em toda a sua área de atuação, de janeiro até 23 de maio deste ano, aumento de 6% nos crimes violentos em relação ao mesmo período de 2010. Os dados incluem bairros vizinhos como Serra, Belvedere e Sion. Até 23 de abril, foram 308 crimes de furtos, roubos e tentativas registrados na área da 127ª, contra 296 do mesmo período de 2011.
A 127ª Companhia faz parte do 22º Batalhão da PM, responsável pela segurança de 500 mil moradores de 52 bairros da Região Centro-Sul e parte da Oeste, entre eles áreas nobres, como o Mangabeiras, Anchieta, Sion, São Bento e Santa Lúcia. O geoprocessamento da PM, feito com base no endereço das ocorrências, número de queixas e categoria de crimes cometidos, apontou que 70% dos casos registrados nesses bairros até maio deste ano correspondiam a furtos e roubos.
Apesar das queixas de moradores, o comandante interino do 22º Batalhão, major Cláudio Dias, disse ontem que houve redução da criminalidade na sua área de atuação. Ele sustenta que os furtos, roubos e arrombamentos no Mangabeiras diminuíram 50% este ano em comparação com o mesmo período do ano passado, embora se recuse a informar os números comparativos. “Em relação a toda a subárea da 127ª Companhia, que atende ainda o Sion, Serra, Anchieta e Cruzeiro, a tendência também é de redução. Passou da estabilidade e houve redução de abril para cá”, disse o major.
Oito casos
Para quem vive no Bairro Mangabeiras o clima de insegurança é constante. Na Rua Comendador Viana, por exemplo, onde um imóvel foi ontem alvo da tentativa de assalto, vizinhos das vítimas relatam dramas semelhantes. Segundo eles, mesmo tendo contratado serviço de segurança privada há cerca de um ano e meio, com ronda 24 horas, pelo menos oito assaltos ocorreram em diferentes residências nesse período. “Pagamos caro, mas as ocorrências de violência mostram que a vigilância não está funcionando. O clima no bairro ficou péssimo depois que essa onda de roubos começou. Estamos inseguros, com medo de entrar, sair e ficar em casa”, conta uma moradora de 68 anos, que teve a casa invadida por quatro assaltantes no sábado. Ao relembrar os momentos de horror vividos por ela e pelo filho, ela conta que os ladrões só foram embora porque um rapaz na rua ouviu os gritos de socorro dela e chamou a polícia.
Na casa de uma das vizinhas, também aposentada, de 85 anos, até para varrer o passeio é preciso coragem. “Minha empregada não quer mais ficar sozinha na porta de casa. Tem medo de ser assaltada”, conta. Segundo ela, há cerca de três meses o marido foi abordado por dois homens armados quando chegava em casa de carro. “Ele entregou o veículo, mas eles queriam mesmo era entrar em casa para roubar. Como alguém na rua viu, desconfiou e chamou a polícia, eles fugiram sem levar nada”, disse.