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Estado de Minas

Cresce número de multas a motoristas mineiros que dispensam a cadeirinha

Condutores ainda ignoram outras regras de segurança na hora de transportar crianças


postado em 21/07/2012 06:00 / atualizado em 21/07/2012 07:09

"Mais do que manter os filhos sentados na cadeirinha, é preciso ficar atento ao cinto de segurança", Sabrina Ganem, enfermeira que faz questão de transportar a filha, Júlia, dentro das regras de segurança (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
A enfermeira Sabrina Ganem, de 33 anos, não dá trégua à falta de segurança. E bem antes de se sentar ao volante para conduzir os filhos, Arthur, de 7 anos e meio, e Júlia, de 4, trata de acomodá-los nas cadeirinhas, no banco de trás, e afivelar bem os cintos de segurança. “Os dois saíram da maternidade já dentro da lei, no bebê-conforto, embora, no caso do Arthur, esses procedimentos ainda não fossem obrigatórios no país”, contou a mãe, na tarde de ontem, enquanto estacionava o carro em frente a uma farmácia.

Moradora do Bairro Cruzeiro, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, e trabalhando num hospital, Sabrina sabe dos perigos aos quais as crianças estão expostas no trânsito. “Mais do que manter os filhos sentados na cadeirinha, é preciso ficar atento ao cinto de segurança. Por isso mesmo, comprei um adicional para proteger melhor a Júlia”, afirmou enquanto fechava o equipamento extra comprado para a menina. “Se a criança ficar solta no banco, e ocorrer uma freada brusca ou acidente, ela pode ‘voar’ em direção ao para-brisa e bater a cabeça. Precisamos evitar ao máximo todo tipo de risco.”

Em Minas, nem todos os pais agem corretamente como a enfermeira Sabrina. De acordo com dados da Polícia Civil, houve crescimento de 36,73% no número de infrações, por transporte de crianças, sem observação das normas de segurança – 897 (entre janeiro e maio) contra 656 multas (no mesmo período de 2011). No fim de 2010, quando a lei de obrigatoriedade das cadeirinhas entrou em vigor, pela Resolução 277 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o número de infrações foi de 1.889, com queda de apenas quatro infrações no ano seguinte.

A ameaça à vida das crianças no trânsito em Minas, que tem a maior malha viária do país, está presente também no recém-divulgado Mapa da violência 2012/Crianças e adolescentes, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos. O estado é o primeiro da Região Sudeste em número de crianças e jovens de até 19 anos mortos no tráfego. Segundo a pesquisa, entre 2000 e 2010, o aumento de mortes nessa faixa etária foi de 23,2%, subindo de 440 para 542 óbitos. Esse resultado dramático deu ao território mineiro a condição de único entre seus vizinhos do Sudeste a registrar crescimento nesses indicadores.

A taxa de mortalidade no trânsito, por grupo de 100 mil habitantes, também põe Minas em destaque negativo. Com salto de 6,3 para 8,9/100 mil, o estado saiu da 21ª posição no país, em 2000, para o 14º lugar no ranking nacional em 2010. O aumento foi de 40% na taxa de óbitos por acidente viário.

Falta fiscalização

Na tarde dessa sexta-feira, ao buscar o filho de cinco anos numa escola do Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, uma mulher, que pediu para não ser identificada, disse que o carro estava sem a cadeirinha. “Eu tenho o equipamento no meu veículo, mas hoje, infelizmente, vim com o carro do meu irmão, pois o meu está na oficina”, desculpou-se, com um sorriso.

Os especialistas da área acreditam que falta mais fiscalização. “No Brasil, houve a banalização do risco, e os números mostram isso. É claro que os pais não querem ver os filhos expostos aos perigos, portanto devem ficar sempre atentos, ao mesmo tempo em que as autoridades precisam manter a vigilância”, afirma o professor de engenharia do transporte da PUC Minas, Paulo Rogério Monteiro.

O consultor em engenharia de tráfego e professor universitário Frederico Rodrigues também está certo de que a dobradinha fiscalização e conscientização é a melhor pedida para garantir a segurança das crianças. E dá razão aos pais que redobram os cuidados com a cadeirinha, certo do importante é manter o cinto bem afivelado. Além disso, afirma que não se podem subestimar alguns trechos, achando que numa distância curta pode-se relaxar. “É preciso ficar atento o tempo todo.”

O que diz a lei


A resolução 277 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) determina que crianças de até 7 anos e meio sejam transportadas no banco traseiro de veículos, com cadeiras e dispositivos de segurança. Quem não cumprir a lei fica sujeito a multa de R$ 191,54 e a levar sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (infração gravíssima), além de ter o veículo retido até solucionar o problema. A regra geral diz que crianças de até 10 anos devem ser sempre transportadas no banco traseiro.

Descuido

897

Número de multas por transporte de crianças fora das regras em MG entre janeiro a maio

656

Total de infrações registradas pelo mesmo motivo entre janeiro e maio do ano passado


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