A implantação das tornozeleiras será progressiva, até 2014Na primeira fase, em outubro, 814 presos dos regimes aberto e semiaberto serão selecionados para usar o equipamento, que funcionará com tecnologia GPS (Sistema de Posicionamento Global)Nos anos seguintes, a meta é ampliar o emprego da tecnologia para detentos que cumprem medidas cautelares, como presos provisórios, e para as saídas temporárias previstas na Lei de Execuções Penais.
As tornozeleiras eletrônicas para vigilância de presos são usadas no Brasil desde 2010São Paulo foi o estado pioneiro e hoje a tecnologia já funciona no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Brasília, Pará e Rio Grande do NorteEm Minas, testes foram feitos com o equipamento em 2008 com resultados positivos, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds)Depois disso, em 2009, a primeira licitação para tornozeleiras foi aberta, mas teve uma série de embargos das empresas concorrentes e ficou suspensa por questões judiciaisNa época, havia questionamentos sobre a tecnologia a ser usada: GPS, que permitia localização do detento mas tinha pouca autonomia de bateria, ou sistema de identificação por radiofrequência
Em 2011, novo edital foi publicado com a recomendação para aumento da vida útil da bateria, desde que resguardada a integridade física do sentenciadoQuanto à tecnologia, o edital previu um modo misto de localização, com uso de radiofrequência quando houver perda de sinalização do sistema GPS.
Central de controle
O contrato com a vencedora da licitação (Spacecom, especializada em monitoramento de sentenciados) prevê prestação do serviço pelo prazo de cinco anos ao custo de R$ 24 milhões“A empresa fornece as tornozeleiras, computadores, equipamentos de localização e móveis e a Seds entra com os profissionais para operar o sistema e monitorar os presos”, explica o subsecretário de Administração Prisional, Murilo OliveiraSegundo ele, um funcionário será capaz de vigiar 200 presos por turno de seis horasCom 800 presos da fase inicial, serão quatro pessoas por período e ao todo serão necessários 16 profissionais para o monitoramento dos detentos durante 24 horas“Eles vão operar o sistema em uma central instalada no Centro de Belo Horizonte, cujo espaço será cedido pela SedsOs presos podem ser acompanhados de cinco em cinco segundos”, afirmou Oliveira.
Além de humanizar a política prisional ao permitir que o preso retome laços sociais, o subsecretário destaca que o uso das tornozeleiras vai significar economia para os cofres públicos estaduais“A locação de um aparelho terá custo mensal de R$ 185, cerca de 10 vezes menos do que o valor médio gasto com o detento na unidade prisional, que é de R$ 1.800Inicialmente, vamos implantar em presos da região metropolitana (Belo Horizonte), mas a meta é expandir para o restante do estado”, disse.
O sociólogo e pesquisador do Centro de Estudos de Criminalística e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bráulio Figueiredo Alves da Silva, avalia como positiva a implantação das tornozeleiras“Vejo como uma tentativa de humanização do sistema prisional, já que o preso pode restabelecer seus laços sociais e profissionais, sem desconsiderar o controle do estado
Palavra de especialista
Adilson Rocha - presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da OAB-MG e doutor em criminologia
Benefícios para o sistema
A luta para implantação das tornozeleiras vem desde 2007, quando o estado anunciou o equipamento, e depois, em 2009, quando lançou a licitaçãoA aquisição dos aparelhos está muito atrasada porque temos hoje um sistema prisional superlotado, com unidades sujas, que colocam nossos presos em condições subumanasEm algumas, o espaço para cada preso é de pouco menos de um metro quadradoAs tornozeleiras podem ser um paliativo para essa situaçãoOutros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, começaram a discussão do uso das tornozeleiras na mesma época de Minas e já usam há pelo menos dois ou três anos, com experiências de sucessoVejo com bons olhos a implantação das tornozeleiras, mas já ouvi vários outros anúncios e os equipamentos nunca saíram do papelEspero que desta vez seja algo concretoTorço pelo sucesso dessa política, que só trará benefícios para o sistema prisional