O delegado Juarez Gomes, da 4ª Delegacia de Contagem, na Grande BH, informou que deve autuar por injúria qualificada a suspeita de xingar de “negra, preta horrorosa e feia” uma menina de 4 anosPorém, o advogado Amadeus Carlos de Miranda Pimenta, que defende a família da garota, disse que novos fatos podem mudar o rumo da investigação e o caso ser tratado como racismoNa manhã desta segunda-feira, a professora Denise Cristina Pereira Aragão, de 34 anos, que presenciou o xingamento, e a mãe da criança, Fátima Viana Souza prestaram depoimento
No dia 7 de julho, a menina dançou quadrilha com o neto de Maria Pereira da Silva, no Centro de Educação Infantil Emília, em ContagemConforme consta no boletim de ocorrência, no dia 10, a avó invadiu a escola aos gritos querendo saber porque o neto havia dançado com uma negra. A professora Denise presenciou tudo e relatou à diretoriaIndignada com a atitude da dona e da diretora da escola, que não tomou providências para defender a aluna e tentou abafar o caso, Denise pediu demissãoEla contou o fato para a família, que registrou boletim de ocorrência
Segundo o delegado, não ficou configurado o racismoEle entende que houve uma ofensa em razão da cor de pela da criança, mas o racismo seria confirmado caso a aluna fosse impedida de dançar na festa ou se matricular na escolaPortanto, Gomes pode autuar Maria Pereira por injúria qualificada, de acordo com o parágrafo 3 do artigo 140 do Código Penal
O advogado que defende a família da menina concorda com a atitude do delegado, mas diz que novas testemunhas podem mudar o rumo das investigações
Testemunhas procuraram a organização não governamental SOS Racismo, onde o advogado trabalha, para relatar que no dia da festa, a mulher ficou revoltada ao ver o neto dançando com uma negra e teria xingado a criança Maria Pereira teria chamado a diretora da escola para tentar acabar com a festa, mas depois desistiu“Segundo essas pessoas que nos procuraram, a mulher desistiu e falou que só não fez nada em respeito à diretora”, explica Amadeus PimentaPara ele, o fato de a mulher voltar na escola para fazer as ofensas foi todo planejado“Isso mostra que foi um ato criminoso, mostra que ela planejou ir ao colégio apenas para fazer os xingamentos”, indagou
A família da garota verbalemente agredida pretende pedir indenização na Justiça
A diretora da escola, Joana Reis Belvino, vai prestar depoimento na tarde desta segundaA suspeita de ofender a menina seria ouvida na terça-feira, porém chegou na delegacia também nesta tarde.