A última morte de recém-nascido no hospital ocorreu em 17 de julhoSegundo a mãe da criança, houve negligência no atendimentoAinda chocada com a morte do filho, Luciana Aparecida da Silva, de 31 anos, diz que teve uma gravidez tranquila e ainda não sabe porque o bebê não sobreviveu“Nunca senti tanta dor na hora do partoEstou esperando a necropsia para saber exatamente o que aconteceu”, conta.
Segundo a mãe, o bebê morreu horas depois do parto“Eles usavam aparelho manual de oxigênioAinda falaram que não poderiam ligar meu filho no aparelho automático porque o equipamento estava estragado”, diz
O delegado Rodrigo Noronha informa que Luciana não é a única mãe que acusa o hospital de erro médico“Esse caso será investigado, assim como outros que já estão com inquéritos em andamentoEstamos apurando a possibilidade de erro médico e aguardando o resultado de laudos feitos no Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte e no IML de Bom Despacho”, explica o policial
Antes da morte do filho de Luciana, em maio, uma mulher de 22 anos também perdeu o bebêA suspeita é que a demora no atendimento e a falta de estrutura tenham sido os motivos do óbitoNa época, o bloco cirúrgico e a maternidade foram interditados durante duas semanas e não havia sequer estoque de sangue porque a geladeira onde o material ficava armazenado estava estragada.
Sequelas do parto
Uma das mortes investigadas é a do filho de Cristiane Aparecida da Silva, de 21, ocorrido em 2010Além de perder o bebê no sexto mês de gestação, ela ficou com sequelas do parto: perdeu 85% da audição no ouvido direito e 75% no esquerdo“A médica deixou pedaços de placenta, e o remédio contra infecção que tomei afetou meus rins e minha audição
Segundo a mulher, a equipe médica não conseguiu retirar o feto e teve que fazer uma cesariana de emergência“Como ficaram pedaços de placenta na minha barriga, muitos médicos disseram que eu não poderia mais engravidar”, lembraForam necessários dois anos de tratamento para que Cristiane pudesse realizar o sonho de ser mãeHá 11 dias nasceu SofiaCom a filha ao colo, ela comemora e espera que outras mães não enfrentem a perda de um filho por erro médico
A médica Maria Aparecida Silva e Souza já foi punida pelo Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG)Em 9 de fevereiro de 2011, a profissional, acusada de imperícia, imprudência e negligência, recebeu a pena disciplinar de censura públicaO Estado de Minas tentou entrar em contato com a obstetra, mas foi informado que ela viajou para resolver problemas particularesA médica também não retornou nenhuma das ligações feitas para o consultório e para o celular.
O Hospital São José, que é administrado por uma fundação, informou que não fará declarações sobre as denúncias ou sobre a investigação da Polícia Civil. A unidade realiza cerca de 100 partos por mês, segundo sua assessoria de imprensa