Depois dos outdoors, os relógios de rua são o próximo alvo da guerra contra a poluição visual em Belo Horizonte. A prefeitura promete redução de 14% no número de equipamentos que, além de hora, data e temperatura, contam com espaço para publicidade. Outra mudança diz respeito ao valor da permissão repassado aos cofres públicos, que vai aumentar pelo menos 400%. Atualmente, a administração municipal recebe R$ 35 por mês por cada um dos 350 relógios instalados na cidade, o que representa apenas R$ 147 mil por ano. A partir do ano que vem, BH vai ter 300 relógios digitais, que renderão ao município, no mínimo, R$ 210 cada, num total de R$ 756 mil ao ano.
As novas orientações serão divulgadas no pregão eletrônico que será aberto na próxima semana pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento. “Como as diretrizes agora são de diminuir a poluição visual, vamos reduzir o número de relógios, mas espalhá-los melhor pela cidade”, afirma a assessora jurídica da pasta, Adriana Lafetá. “Os novos permissionários também pagarão mais, pois, a partir de um estudo de viabilidade econômica, vimos que, como há agora menos outdoors em BH, os relógios deixaram de ser só mais um espaço de publicidade”, afirma a assessora, ressaltando que a receita com os equipamentos vai para o caixa único da prefeitura.
A última licitação dos aparelhos ocorreu em 2003, há quase 10 anos, e concedeu à Cemusa do Brasil o direito de explorar publicidade em relógios digitais, com a condição de fornecer, instalar e manter os equipamentos. O Estado de Minas entrou em contato com a Cemusa para saber a arrecadação da empresa com as placas e como funciona a manutenção, mas não teve retorno até o fechamento desta edição. O contrato da Cemusa do Brasil vence em março de 2013, quando os 350 equipamentos deverão ser retirados. Apesar disso, a previsão da Secretaria de Desenvolvimento é de, até novembro, colocar 60 unidades em regionais carentes do mobiliário. A instalação dos outros 240 ocorrerá até abril de 2013.
Vendedor não confia
Embora trabalhe em frente a um desses relógios, na Avenida Afonso Pena, no Centro da capital, o vendedor Antônio Ferreira, de 61 anos, não acompanha a hora pelo equipamento. “Acho que o principal foco é propaganda. Na época da chuva, eles sempre costumam dar problema”, afirma. No tempo seco, entretanto, os ponteiros parecem estar bem ajustados, ao contrário da temperatura. Vestido com casaco de couro, o psicólogo Samuel Damásio, de 25, se espantou ao ver o relógio marcar 37°C, às 14h de ontem, na Avenida Afonso Pena, na esquina da Rua Pernambuco.
“Não estaria suportando usar esse casaco caso a temperatura fosse de fato 37°C. Não costumo olhar esses relógios, pois não confio”, diz. No quarteirão de baixo, entretanto, o equipamento acusava 30°C e, mais acima, outro aparelho marcava 28°C, nas mesmas 14h.
Enquanto isso, na torre da Prefeitura
Os relógios da Prefeitura de Belo Horizonte, na Avenida Afonso Pena, continuam sem funcionar. Às 15h30, cada um dos três equipamentos, situados na torre da sede, marcava um horário diferente: 5h25, 10h30 e 1h15. “Esse é o retrato da administração pública”, afirma a professora Cibelle de Castro, de 25 anos. O aposentado Domingos Diniz, de 80 anos, considera um desrespeito com o cidadão. A aposentada Terezinha Dias Machado (foto), de 79, quase se confundiu ao olhar o relógio, em frente ao ponto de ônibus onde aguardava a condução. “Meu marido comentou que iríamos voltar muito cedo para casa, pois o relógio marcava 1h15. É por isso que sempre ando com o meu relógio”, afirma, com o acessório dependurado no pescoço. A prefeitura informou que está licitando empresas para fazer a manutenção do equipamento, mas tem encontrado dificuldade em contratar firmas especializadas no serviço.
As novas orientações serão divulgadas no pregão eletrônico que será aberto na próxima semana pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento. “Como as diretrizes agora são de diminuir a poluição visual, vamos reduzir o número de relógios, mas espalhá-los melhor pela cidade”, afirma a assessora jurídica da pasta, Adriana Lafetá. “Os novos permissionários também pagarão mais, pois, a partir de um estudo de viabilidade econômica, vimos que, como há agora menos outdoors em BH, os relógios deixaram de ser só mais um espaço de publicidade”, afirma a assessora, ressaltando que a receita com os equipamentos vai para o caixa único da prefeitura.
A última licitação dos aparelhos ocorreu em 2003, há quase 10 anos, e concedeu à Cemusa do Brasil o direito de explorar publicidade em relógios digitais, com a condição de fornecer, instalar e manter os equipamentos. O Estado de Minas entrou em contato com a Cemusa para saber a arrecadação da empresa com as placas e como funciona a manutenção, mas não teve retorno até o fechamento desta edição. O contrato da Cemusa do Brasil vence em março de 2013, quando os 350 equipamentos deverão ser retirados. Apesar disso, a previsão da Secretaria de Desenvolvimento é de, até novembro, colocar 60 unidades em regionais carentes do mobiliário. A instalação dos outros 240 ocorrerá até abril de 2013.
Vendedor não confia
Embora trabalhe em frente a um desses relógios, na Avenida Afonso Pena, no Centro da capital, o vendedor Antônio Ferreira, de 61 anos, não acompanha a hora pelo equipamento. “Acho que o principal foco é propaganda. Na época da chuva, eles sempre costumam dar problema”, afirma. No tempo seco, entretanto, os ponteiros parecem estar bem ajustados, ao contrário da temperatura. Vestido com casaco de couro, o psicólogo Samuel Damásio, de 25, se espantou ao ver o relógio marcar 37°C, às 14h de ontem, na Avenida Afonso Pena, na esquina da Rua Pernambuco.
“Não estaria suportando usar esse casaco caso a temperatura fosse de fato 37°C. Não costumo olhar esses relógios, pois não confio”, diz. No quarteirão de baixo, entretanto, o equipamento acusava 30°C e, mais acima, outro aparelho marcava 28°C, nas mesmas 14h.
Enquanto isso, na torre da Prefeitura
Os relógios da Prefeitura de Belo Horizonte, na Avenida Afonso Pena, continuam sem funcionar. Às 15h30, cada um dos três equipamentos, situados na torre da sede, marcava um horário diferente: 5h25, 10h30 e 1h15. “Esse é o retrato da administração pública”, afirma a professora Cibelle de Castro, de 25 anos. O aposentado Domingos Diniz, de 80 anos, considera um desrespeito com o cidadão. A aposentada Terezinha Dias Machado (foto), de 79, quase se confundiu ao olhar o relógio, em frente ao ponto de ônibus onde aguardava a condução. “Meu marido comentou que iríamos voltar muito cedo para casa, pois o relógio marcava 1h15. É por isso que sempre ando com o meu relógio”, afirma, com o acessório dependurado no pescoço. A prefeitura informou que está licitando empresas para fazer a manutenção do equipamento, mas tem encontrado dificuldade em contratar firmas especializadas no serviço.