Sob um sol de 30°C, o promotor de vendas Daniel Henrique de Araújo Santos, de 22 anos, se contorcia de dor enquanto era ajudado por quem estava ontem na Rua Padre Pedro Pinto, em Venda Nova
O caso de Daniel ilustra como a morosidade dos atendimentos de urgência, perícias e policial afetam mais do que o trânsito, trazendo reflexos no planejamento de combate a acidentes e projetos de tráfego, uma vez que acidentes graves como esse deixam de ser registradosQuando chegou ao local onde Daniel estava estirado, os agentes do Samu justificaram a demora e insistiram para que a Polícia Militar fosse chamada, mas os policiais não apareceram“Só temos três equipes na região (Venda Nova)
Ansioso, andando de um lado para o outro, um dos envolvidos no acidente com a motocicleta, o empresário Clóvis Roberto, de 47 anos, disse ter chamado a PM pelo telefone logo que o acidente ocorreuEle garantiu ainda que correu até militares que estavam com as motos estacionados no quarteirão ao lado “Não quiseram vir nem para colocar uns cones, organizar o tráfego ou chamar o socorro mais rápidoDisseram que, como não eram policiais de trânsito, isso não era obrigação deles”, conta Clóvis
Ajuda
Quem passava por perto acabou ajudando o motociclistaO técnico em enfermagem Fabiano Rodrigues, de 25 anos, orientou o dono de um carrinho de água de coco a imobilizar com as mãos o pescoço do acidentado
Quando o Samu chegou, levou apenas cinco minutos para remover Daniel para o Hospital Risoleta Tolentino Neves, não sem antes o socorrista ter insistido para que a Polícia Militar fosse acionada novamenteComo ninguém da corporação apareceu, três parentes da vítima levantaram a moto para levá-la para uma picapeA PM é necessária nessas horas para que registrar a ocorrência, orientar a remoção dos veículos e preservar a fluidez do trânsitoComo isso não ocorreu, os parentes de Daniel ergueram o veículo amassado sem qualquer orientaçãoSobre as peças quentes o combustível do tanque começou a vazar.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que a demora em atender o paciente ocorreu porque ele estava “estabilizado e consciente”Ainda de acordo com a secretaria “no momento em que foi solicitado o resgate, todas as ambulâncias do serviço e também do Corpo de Bombeiros estavam em atendimentoUma ambulância que estava na central do Samu, localizada na Região Noroeste (Bairro Coração Eucarístico), sendo higienizada e equipada para novo resgate”O tempo de atendimento ideal seria de 12 a 14 minutos, de acordo com a secretaria.