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Estado de Minas

Das 21 pessoas mortas por gripe suína em MG, 57% tinham problemas de saúde

Ministério recomenda uso imediato do Tamiflu diante dos sintomas


postado em 04/08/2012 06:00 / atualizado em 04/08/2012 07:28

Wagner Luiz Ribeiro conta que a esposa estava grávida de 5 meses, era cardíaca, fumante e bebia
Wagner Luiz Ribeiro conta que a esposa estava grávida de 5 meses, era cardíaca, fumante e bebia
A maioria das mortes em Minas Gerais ocasionadas pela H1N1 tinha, por trás do quadro gripal, uma doença crônica ou fator de risco. Das 21 vítimas, pelo menos 12 (57%) tinham algum problema, como diabetes, hipertensão, doença renal, obesidade ou pneumopatia (incluindo asma). Elas fazem parte do grupo das 15 primeiras confirmações de óbito pela influenza, no qual estão concentradas até agora 80% das vítimas com comorbidades. A análise epidemiológica das outras seis mortes, comprovadas nesta semana, que servirá para verificar a ocorrência de doença preexistente, ainda está em andamento, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Em todo o país, foram registrados 2.059 casos e 254 óbitos até quarta-feira, segundo relatório do Ministério da Saúde atualizado quarta-feira. O Secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, do ministério, ressalta que em algumas situações não é o H1N1 o responsável pela morte, mas algum fator de risco do paciente que agrava o quadro clínico. “O vírus da influenza geralmente produz quadros mais graves em pessoas muito idosas e crianças muito pequenas. Mas o H1N1 tem um comportamento diferente, porque pode produzir também complicações em caso de gravidez, obesidade mórbida, pneumopatia, entre outras, ainda que seja em pessoas muito jovens”, afirma.

O secretário acrescenta que essas pessoas têm mais vulnerabilidade para desenvolver uma síndrome respiratória aguda grave. Nos casos de alguma comorbidade, a recomendação do Ministério da Saúde é de que diante de um quadro de febre superior a 38 graus, tosse, dores de garganta, de cabeça e pelo corpo, o paciente procure imediatamente um médico para começar o tratamento com o Tamiflu, mais eficaz nas primeiras 48 horas.

O levantamento da SES mostra que grande parte das pessoas contaminadas em Minas estão fora da faixa etária do grupo de risco, que além de portadores de doenças crônicas e gestantes, inclui maiores de 60 anos e crianças com idade entre 6 meses e 2 anos. Entre as 15 primeiras mortes, somente quatro foram de mais velhos. Três vítimas tinham entre 10 e 19 anos, uma estava na faixa etária de 20 a 39 anos e sete na de 40 a 49. Mesmo diante desse fato, a SES informa que não há necessidade de estender a vacina a toda a população.

A coordenadora estadual de Doenças e Agravos Transmissíveis, Janaína Fonseca Almeida, afirma que os vírus respiratórios sempre circulam mais durante o inverno e, por isso, todos os anos é esperado aumento no número de casos nesta época. “Mesmo se houvesse vacinação universal para a influenza, não deixaríamos de ter casos graves provocados por outros vírus respiratórios”, afirma. “A vacinação universal não depende apenas de recursos financeiros, mas também de critérios técnicos e epidemiológicos. Contudo, o atual programa de vacinação do governo federal é bastante amplo e inclui os grupos mais vulneráveis à influenza, como é feito em outros países”, completa.

Jarbas Barbosa informa que o pico de transmissão passou, já sendo observada redução no número de casos no país. “A pior época é o inverno, mas o cuidado deve ser o ano inteiro. Neste ano, por exemplo, tivemos um surto no Ceará em pleno fevereiro, quando houve 120 casos”, diz. Ele destaca que nas análises do ministério foi comprovado que a maioria das pessoas que morreram Brasil não receberam o medicamento ou o recebeu tardiamente.

Gestante resiste a vacina

Entre as vítimas mineiras portadoras de fatores de risco estava a dona de casa Gleicimara Guimarães, de 31 anos, moradora de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Ela morreu no Hospital Risoleta Neves, em Venda Nova, há cerca de 15 dias. O marido, o gari Wagner Luiz Ribeiro, de 42, conta que a esposa estava grávida de 5 meses, era cardíaca, fumante e bebia. Ela deixou quatro filhos: um menino de 10 anos e três meninas, de 8, 5 e 1 ano e 8 meses. Gleicimara foi uma das mulheres que contribuíram para que o grupo das gestantes não atingisse a meta de pelo menos 80% de cobertura vacinal no estado – 79,06% delas foram imunizadas. “Na época, levamos nossa filha para vacinar, mas ela não quis, alegando que aquilo era coisa de velho”, contou Wagner.

O gari lembra que 15 dias antes de morrer a mulher apresentou os primeiros sintomas. “Ela não queria comer, estava amarelada e emagreceu. Mas como fumava e bebia muito, achei que era consequência disso”, relatou. Gleicimara chegou ao hospital por volta das 13h40 de uma terça-feira. No dia seguinte, ela foi entubada, abortou, e na segunda-feira, não resistiu a duas paradas cardíacas. Os filhos menores já fizeram todos os exames e nada foi constatado. Os dois mais velhos e Wagner aguardam aviso para comparecerem à unidade de saúde.

A grande preocupação dele agora é conciliar o trabalho com o cuidado aos filhos, pois não tem com quem deixá-los. Ele pensa em abandonar o emprego, em BH, se não conseguir uma solução até a semana que vem. “Vou perder o serviço, mas vou cuidar dos meus filhos. Não vou deixar o conselho tutelar tirá-los de mim.”


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