Prestes a completar 30 dias, as blitzes diárias da Lei Seca em Belo Horizonte já trazem números que mostram um retrato da atuação da Polícia Militar de segunda a quinta-feira, dias em que normalmente o movimento em bares, restaurantes e casas noturnas é menor do que nos fins de semana, mas não tão pequeno para a tradicional vida noturna da capital mineira. Desde 14 de julho até quarta-feira, foram abordados 2.238 veículos, sendo 1.433 nas sextas-feiras, sábados e domingos, que totalizam 11 dias, e 805 de segunda a quinta-feira, somando 15 dias no período. Enquanto a média de abordagens do fim de semana é de 130 carros por noite, ela estaciona em 53 nas noites de segunda a quinta, ou 40% do que é fiscalizado nos fins de semana.
Nos fins de semana foram flagrados 27 motoristas com nível superior a 0,33 miligramas de álcool por litro de sangue, o que significa crime de trânsito. Nos outros 15 dias considerados de semana, apenas três condutores sopraram o bafômetro e tiveram resultado superior a 0,33mg/l. A discrepância se observa também nas infrações de quem é flagrado entre 0,14 e 0,33 mg/l e aqueles que se recusam a soprar o etilômetro. Contando as sextas-feiras, sábados e domingos entre 14 de julho e 9 de agosto, foram 70 infrações, enquanto nas demais 15 noites foram apenas nove.
Segundo o capitão Orleans Antônio Dutra, do BPTran, esse cenário é normal e suficiente, em razão do consumo de álcool mais baixo nos dias de semana. “Menos pessoas bebem nesses dias e, além disso, muitos daqueles que têm costume de beber de segunda a quinta-feira o fazem mais perto de casa, se deslocando a pé para os bares”, diz.
Para o advogado Carlos Cateb, especialista em trânsito, de fato o consumo de álcool nos bares e restaurantes de BH é maior nos fins de semana, mas ele não acredita que nos demais dias a redução seja compatível com a diminuição da fiscalização. “Basta olhar os bares quarta e quinta-feira e ver que ficam lotados, o que justifica a atuação permanente da polícia para resolver a violência no trânsito de BH”, diz.