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Estado de Minas

Belvedere tomado pelo medo devido a onda de violência

Um dia depois de empresário ser baleado em assalto, moradores e comerciantes do bairro afirmam que vivem em clima de insegurança e cobram mais ação e presença dos policiais


postado em 12/08/2012 07:44 / atualizado em 12/08/2012 08:16

 

São inúmeros os relatos de quem já foi vítima de bandidos em uma das regiões mais nobres da capital. Segundo o presidente da associação de moradores, este ano foram registrados mais de 70 assaltos e invasões(foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)
São inúmeros os relatos de quem já foi vítima de bandidos em uma das regiões mais nobres da capital. Segundo o presidente da associação de moradores, este ano foram registrados mais de 70 assaltos e invasões (foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)

Moradores e comerciantes do Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, amanheceram ontem aterrorizados com a violência que vitimou o empresário César de Moura Gomes, de 49 anos, atingido por dois tiros na cabeça no interior de sua loja, a Body Way Sport Wear, na noite de sexta-feira, durante uma tentativa de assalto. Para quem vive ou trabalha na região, o ato de covardia contra o comerciante, baleado à queima-roupa quando estava sentado, comprova a insegurança na região e a incapacidade da polícia de reprimir a criminalidade.

Na Avenida Luiz Paulo Franco, onde ocorreu o crime, ninguém está tranquilo. Carlos Henrique Carneiro Calixto, dono de uma padaria, diz que nunca foi assaltado, mas inúmeras vezes acolheu pessoas desesperadas depois de terem sido atacadas. Ele conta que os casos mais frequentes são as saidinhas de banco. “Já tivemos casos de dar água para pessoas que tinham acabado de ser roubadas. A gente não vê polícia por aqui”, afirma o empresário.

Para a proprietária de uma lanchonete que fica a poucos metros da padaria, é necessário aumentar o número de policiais circulando a pé. “Seria melhor para ficar mais perto das pessoas”, acredita Joyce Andrade. Gerente de um salão de beleza na mesma avenida, Débora Souza diz que os crimes estão aumentando. “A polícia é omissa. Eles vêm depois do acontecido, ficam pouco tempo e tudo volta ao normal”, critica.

Funcionário de uma pizzaria na Avenida Luiz Paulo Franco, ao lado da loja de César, Cláudio Luiz Pereira diz que o restaurante já foi alvo de uma tentativa de arrombamento e acredita que o bairro é muito visado por ser nobre e concentrar um comércio com lojas variadas e bancos. “Outro problema é que aqui é passagem de pessoas de todos os tipos. Tem gente de Raposos, Rio Acima, Nova Lima, além de gente que vem de vários pontos de Belo Horizonte. O policiamento tem que ser mais ostensivo”, diz ele.

Henrique Frizzera, funcionário de outro restaurante, acredita que a polícia deveria ser mais presente principalmente no horário de fechamento das lojas e das agências bancárias. “Só depois que acontecem os crimes é que eles reforçam o policiamento. Desse jeito não adianta”. Segundo Frizzera, as notícias de assalto são comuns no entorno da Luiz Paulo Franco. “Trabalhamos sempre com medo. Quem fica no caixa, sofre mais ainda”, completa.

Fazendo coro às reclamações dos comerciantes, o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Belvedere, Ricardo Michel Jeha, afirma que a situação é crítica. Ele calcula que somente este ano 70 residências na região foram assaltadas ou invadidas por bandidos. E lista algumas das reivindicações já apresentadas ao comando da Polícia Militar para devolver a tranquilidade a quem mora na região: “Queremos mais uma equipe da PM para patrulhar o bairro, pois só temos uma. Pedimos também a realização de blitzes com maior frequência e a divulgação das estatísticas de violência em poder da Polícia Militar, para podermos cobrar da Polícia Civil o andamento das investigações”. Jeha acrescentou que os moradores estão dispostos a colaborar, lembrando que a associação pode fornecer aparelhos celulares para falar com os policiais, pedir auxílio ou informar algo suspeito.

Ubirajara Pires Glória, presidente da Associação Amigos do Bairro Belvedere, destaca que os repetidos casos de violência são resultado da falta de policiamento preventivo no bairro. “Os policiais só prestam um bom serviço depois que acontece algo. Se ocorre um crime, a polícia vem e faz o trabalho dela, mas não age de forma preventiva”, destaca o representante dos moradores de edifícios.

Igor Campos de Oliveira Pires, diretor jurídico da associação, destaca a ousadia dos assaltantes, que costumam usar motocicletas para cometer os crimes. “Muita gente faz caminhada ou pratica outro tipo de esporte por aqui. Os assaltantes se aproximam nas motos, mostram a arma e exigem relógio, tênis, não importa o horário. Sou corredor e estou assustado”, confessa.

RETRATO FALADO
A Polícia Civil prometeu apresentar até amanhã o retrato falado do homem que atirou contra o empresário e causou o clima de medo e revolta na região. Ontem, a funcionária da loja Body Way Sport Wear que estava no local na hora do assalto foi ouvida mais uma vez. Mas como estava muito nervosa, não conseguiu descrever o assaltante e por isso vai ser feita uma tentativa de melhorar o desenho. A vítima é irmã de um delegado da Polícia Federal, que não quis comentar o caso.

As investigações estão sob a responsabilidade do Departamento de Operações Especiais (Deoesp), que conseguiu imagens de câmeras de segurança que mostram o atirador usando casaco e boné, seguindo em direção à Lagoa Seca depois de balear o empresário. Há informação de que o assaltante fugiu em um ônibus que seguia para Raposos. De acordo com policiais, a descrição física do rapaz e as características da roupa que ele usava devem ser divulgadas nesta segunda, junto com o retrato falado.


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