Jornal Estado de Minas

Alerta contra o tempo seco e o risco de queimadas

Ameaça de chuva faz umidade do ar aumentar no estado, mas secura volta nesta quarta-feira e eleva risco de incêndios. Na Serra do Curral, brigadistas estão de olho em qualquer foco

Paula Sarapu

Wemerson Ribeiro, vigilante do Parque das Mangabeiras, observa a mata à procura de fogo. Ele foi preparado para atuar em casos urgentes - Foto: Beto Novaes/EM/D.A Press



Mais de 50 dias de estiagem e as nuvens acinzentadas no céu mineiro ainda não representam chegada de chuvaCausam, no entanto, bem estar porque trazem umidadeO tempo seco deu uma trégua desde o fim de semana e, segundo meteorologistas, a umidade mínima está em torno de 40% a 45%Até a última sexta-feira, a umidade ainda era extrema, de apenas 30%, mas a circulação marítima que vem do oceano atlântico trouxe nebulosidade e amenizou o clima na regiãoA previsão, no entanto, é que o sol predomine já a partir de amanhãCom isso, a temperatura sobe e o clima volta a ficar seco, o que aumenta o risco de focos de incêndios Desde junho, segundo o Corpo de Bombeiros, foram registradas 2.238 ocorrências em todo o estado, uma média de 31 atendimentos por diaNa Serra do Curral, dentro da área do Parque das Mangabeiras, funcionários foram treinados para atuar na mata e monitoram o local com binóculos e câmeras.

De acordo com o assessor de imprensa dos bombeiros, capitão Frederico Paschoal, os casos têm se intensificado nos últimos diasNa sexta-feira, por exemplo, foram 34 ocorrências só na capital Segundo ele, um batalhão de 1.200 bombeiros dos setores administrativos foi treinado para combater incêndios florestais e está em alerta para qualquer ocorrênciaEm casos de emergência, eles vão para as florestas
“Estamos chegando ao período mais crítico, que é o fim de agosto e o início de setembroPor causa da estiagem a vegetação fica mais seca, a umidade fica mais baixa e o tempo mais quente”, explica“Este momento propicia o início dos focos e também a propagação, mas nada se compara ao ano passado, quando Minas Gerais registrou um período de seca ainda mais intenso.”

Desde o fim de junho, a Serra do Curral teve três casos de incêndiosOs brigadistas acompanham a fumaça pelas câmeras do circuito de monitoramento e com os binóculos acompanham a extensão do fogoO mais recente, e também o maior, queimou uma área de 800 metros quadradosO capitão lembra que o maior número de casos está na Região Norte da cidade, a mais afetada pelo clima“São áreas de vegetação mais rasteira, de arbustos menores”, justificaEle afirma que outra preocupação são os lotes vagosEntre 1° de junho e 13 de agosto deste ano, 916 focos de incêndio foram controlados nesses locais“Ocorrem em perímetro urbano e oferecem risco maior às casas e pessoas
Prejudica também a qualidade do ar”, afirma o oficial.

Chuva


Nessa segunda-feira, algumas gotinhas atingiram o Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul da capital, mas sequer houve registro nos pluviômetros, com menos de dois milímetros por causa do tempo secoSegundo o meteorologista do TempoClima da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Adelmo Correia, a estiagem já soma mais de 120 dias nas cidades de Manga e Espinosa, no Norte de Minas.

“Houve intensificação das nuvens principalmente no período da manhã na capital, Região Central do estado, no Sul, Leste e Zona da MataMas não há previsão de chuvaEssa situação só ameniza o desconforto causado pelo ar muito seco e beneficia quem sofre com alergias”, explica o meteorologista“Os ventos moderados no início do dia trazem a sensação de estar mais frio, mas entre quarta e quinta-feira a temperatura máxima chega a 26°C”.

Hoje, na Região Metropolitana, a temperatura varia entre 14°C e 23°CSegundo o meteorologista Ruibran dos Reis, há possibilidade de chuva fraca e isolada no vales do Rio Doce, Jequitinhonha e Mucuri“A tendência durante a semana para essas regiões é de chuva fraca pela manhã, provocada pela nebulosidade, mas será isolada”, diz.