Os radares que deveriam conter a velocidade dos motoristas e trazer mais segurança às rodovias federais mineiras não funcionam em sua totalidade e não vêm cumprindo a função de inibir abusos em trechos sinalizados. Sem monitoramento constante, motoristas passam em alguns dos pontos que deveriam estar sob vigilância excedendo o dobro do limite permitido. Foi o que constatou a equipe do Estado de Minas ao percorrer na última semana a BR-040 e a BR-381, as mais perigosas estradas mineiras.
O efeito prático da política que prioriza as multas em vez da ampliação da capacidade das vias tem sido a imprudência e o aumento da duração das viagens. De cada cinco radares instalados na BR-381 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), um ainda não está em pleno funcionamento no trecho conhecido como Rodovia da Morte, entre Belo Horizonte e João Monlevade (Vale do Aço).
Dos 20 aparelhos da estrada que leva ao Vale do Aço, Espírito Santo e Nordeste do Brasil, quatro não estavam ativos na última semana, contrariando anúncio do superintendente da autarquia, José Maria da Cunha. No dia 9, em entrevista coletiva, o chefe do Dnit mineiro declarou que desde 30 de julho todos os 213 equipamentos de monitoramento estariam operando nas rodovias federais mineiras. Disse mais: que até o fim deste ano serão mais 208 máquinas para fortalecer essa política de fiscalização, totalizando 421 equipamentos, ainda que nem todos montados na primeira leva estejam aplicando multas. A previsão é de que a licitação para duplicar a Rodovia da Morte saia no próximo mês.
Logo que deixa o Anel Rodoviário de BH e ingressa na BR-381, sentido Vale do Aço, o motorista tem uma amostra de que o monitoramento não é rígido na mais perigosa estrada do estado. O primeiro radar naquele sentido, na saída da ponte sobre o Rio das Velhas, em Santa Luzia (Grande BH), não marca a velocidade de quem passa. As luzes amarelas intermitentes mostram que, apesar de estar instalada, a máquina não autua ninguém. O que continua travando os condutores e impedindo acidentes no local, ao custo de muita paciência, é o desenho apertado da pista para o tráfego pesado de carretas carregadas.
Mais à frente, três outros aparelhos fixos em postes não operam. Suas hastes vazias deveriam conter flashes de iluminação para flagrar excessos à noite e também antenas para transmitir dados. Outra condição que representa perigo para quem trafega e não conhece bem a estrada são os radares em curvas ou em locais sem sinalização. Apesar de a legislação não mais requerer que se sinalize a presença da fiscalização eletrônica, o Dnit havia garantido que manteria essa prática, para não surpreender condutores e aumentar a segurança das estradas.
Na BR-040, próximo a um dos radares, de 60 km/h, em Congonhas (Região Central de Minas) não há placas alertando sobre sua presença. Na BR-381 são dois aparelhos que aparecem sem advertência e um que fica escondido pela copa das árvores, na curva que antecede a entrada sul da cidade de São Gonçalo do Rio Abaixo.
Medo de multa
Paliativo para reduzir acidentes enquanto a duplicação das mais importantes rodovias mineiras não sai, o uso intensivo dos radares nas estradas acabou se tornando uma cômoda política na visão de especialistas. “Há dois problemas nisso: primeiro, os aparelhos não são disciplinadores, mas limitadores de velocidade em pontos críticos”, alerta o mestre em engenharia de transportes e professor da PUC Minas Paulo Rogério da Silva Monteiro.
O segundo problema que o professor detecta é o fato de alguns equipamentos de fiscalização estarem funcionando e outros não, gerando conflito entre motoristas que passam com frequência no trecho e os eventuais. “Quem não sabe tem a atitude do brasileiro com medo de multa e não de acidentes: reduz a 40 km/h no radar de 60 km/h. Quem sabe que o radar está desligado acelera e pode não conseguir desviar de quem freou”, alerta.
Foi de tanto acelerar e frear nas curvas sinuosas da BR-381 que o caminhoneiro capixaba Wellington Manuel Rabelo, de 28 anos, tombou sua carreta na quinta-feira , em uma subida sinuosa de São Gonçalo do Rio Abaixo, Região Central de Minas. Para o motorista, essa quantidade de reduções bruscas que os radares e placas de sinalização o obrigam a fazer põe à prova a resistência das amarrações das grandes cargas. “Isso vai contribuir com defeitos nos freios, enfraquece as cordas. No meu caso, a carreta virou justamente porque uma das correias arrebentou”, conta.
Sem uma das amarras, as 25 toneladas de peças de compensado que levava para o Espírito Santo escorregaram para o lado e arrastaram o veículo até o acostamento. A carreta virou e derramou 300 litros de óleo combustível de seus tanques na pista.
O efeito prático da política que prioriza as multas em vez da ampliação da capacidade das vias tem sido a imprudência e o aumento da duração das viagens. De cada cinco radares instalados na BR-381 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), um ainda não está em pleno funcionamento no trecho conhecido como Rodovia da Morte, entre Belo Horizonte e João Monlevade (Vale do Aço).
Dos 20 aparelhos da estrada que leva ao Vale do Aço, Espírito Santo e Nordeste do Brasil, quatro não estavam ativos na última semana, contrariando anúncio do superintendente da autarquia, José Maria da Cunha. No dia 9, em entrevista coletiva, o chefe do Dnit mineiro declarou que desde 30 de julho todos os 213 equipamentos de monitoramento estariam operando nas rodovias federais mineiras. Disse mais: que até o fim deste ano serão mais 208 máquinas para fortalecer essa política de fiscalização, totalizando 421 equipamentos, ainda que nem todos montados na primeira leva estejam aplicando multas. A previsão é de que a licitação para duplicar a Rodovia da Morte saia no próximo mês.
Logo que deixa o Anel Rodoviário de BH e ingressa na BR-381, sentido Vale do Aço, o motorista tem uma amostra de que o monitoramento não é rígido na mais perigosa estrada do estado. O primeiro radar naquele sentido, na saída da ponte sobre o Rio das Velhas, em Santa Luzia (Grande BH), não marca a velocidade de quem passa. As luzes amarelas intermitentes mostram que, apesar de estar instalada, a máquina não autua ninguém. O que continua travando os condutores e impedindo acidentes no local, ao custo de muita paciência, é o desenho apertado da pista para o tráfego pesado de carretas carregadas.
Mais à frente, três outros aparelhos fixos em postes não operam. Suas hastes vazias deveriam conter flashes de iluminação para flagrar excessos à noite e também antenas para transmitir dados. Outra condição que representa perigo para quem trafega e não conhece bem a estrada são os radares em curvas ou em locais sem sinalização. Apesar de a legislação não mais requerer que se sinalize a presença da fiscalização eletrônica, o Dnit havia garantido que manteria essa prática, para não surpreender condutores e aumentar a segurança das estradas.
Na BR-040, próximo a um dos radares, de 60 km/h, em Congonhas (Região Central de Minas) não há placas alertando sobre sua presença. Na BR-381 são dois aparelhos que aparecem sem advertência e um que fica escondido pela copa das árvores, na curva que antecede a entrada sul da cidade de São Gonçalo do Rio Abaixo.
Medo de multa
Paliativo para reduzir acidentes enquanto a duplicação das mais importantes rodovias mineiras não sai, o uso intensivo dos radares nas estradas acabou se tornando uma cômoda política na visão de especialistas. “Há dois problemas nisso: primeiro, os aparelhos não são disciplinadores, mas limitadores de velocidade em pontos críticos”, alerta o mestre em engenharia de transportes e professor da PUC Minas Paulo Rogério da Silva Monteiro.
O segundo problema que o professor detecta é o fato de alguns equipamentos de fiscalização estarem funcionando e outros não, gerando conflito entre motoristas que passam com frequência no trecho e os eventuais. “Quem não sabe tem a atitude do brasileiro com medo de multa e não de acidentes: reduz a 40 km/h no radar de 60 km/h. Quem sabe que o radar está desligado acelera e pode não conseguir desviar de quem freou”, alerta.
Foi de tanto acelerar e frear nas curvas sinuosas da BR-381 que o caminhoneiro capixaba Wellington Manuel Rabelo, de 28 anos, tombou sua carreta na quinta-feira , em uma subida sinuosa de São Gonçalo do Rio Abaixo, Região Central de Minas. Para o motorista, essa quantidade de reduções bruscas que os radares e placas de sinalização o obrigam a fazer põe à prova a resistência das amarrações das grandes cargas. “Isso vai contribuir com defeitos nos freios, enfraquece as cordas. No meu caso, a carreta virou justamente porque uma das correias arrebentou”, conta.
Sem uma das amarras, as 25 toneladas de peças de compensado que levava para o Espírito Santo escorregaram para o lado e arrastaram o veículo até o acostamento. A carreta virou e derramou 300 litros de óleo combustível de seus tanques na pista.