A hipertensão arterial é velha conhecida do policial rodoviário federal aposentado Flávio Rocha de Figueiredo, de 67 anos
Os dados são da segunda edição da Pesquisa por Amostra de Domicílios (PAD), divulgada ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP) e pelo Escritório de Prioridades Estratégicas do governo de MinasO estudo, que se refere ao ano de 2011 e leva em conta outros temas, como educação e migração, é um dos instrumentos usados pelo estado para a implantação e planejamento de políticas públicasNo campo da saúde, a PAD detalhou o percentual das doenças crônicas por região no estadoA média mostrou que 17% dos mineiros convivem com pelo menos um mal crônico
A primeira edição da PAD, de 2009, usou metodologia diferente para tratar das doenças crônicas, o que impede a comparação com o novo estudoDa mesma forma, a pesquisa anterior não usou a mesma metodologia para detalhar o ranking das doenças que mais atingem os mineirosPor outro lado, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), destacou que, em 2008, a hipertensão afetava 13% dos mineirosEmbora não seja correto comparar os dois estudos, em razão de adotarem métodos diferentes, os percentuais de 13% e 15,8% sugerem aumento da moléstia no estado
“A partir do momento em que há aumento da expectativa de vida, com a população envelhecendo mais, há maior número de doenças crônicasPor isso, precisamos observar a prevalência delas, tanto para preveni-las quanto para combatê-las”, afirma Mirela Camargos, analista da FJPTodo cuidado é pouco: “A hipertensão arterial é uma doença silenciosa, responsável por 50% dos casos de infarto do miocárdio e principal causa (80%) das mortes por acidente vascular cerebral (AVC)”, alerta o cardiologista Evandro Guimarães de Souza, do Comitê de Prevenção da Sociedade Mineira de Cardiologia
SUBNOTIFICAÇÃO O médico sustenta que o real número de hipertensos vai muito além dos 15,8% divulgados pela FJP
Para evitar o problema, o policial aposentado Flávio Rocha de Figueiredo, que já conhece bem o assunto, sabe que uma das fórmulas é não chegar perto do cigarroEle parou de fumar quando tinha 25 anosA alimentação é outro fator de riscoMesmo sabendo disso, sem titubear Flávio revela que não faz dieta e come de tudo, prática totalmente condenada pelo seu cardiologistaPara tentar compensar a comilança, ele tornou sagradas as caminhadas diárias pelo bairro
“Na época em que eu trabalhava como policial rodoviário, o estresse era muito grande e minha pressão chegava a níveis muito altos”, recorda-se FlávioDono de um sítio na Grande BH, ele está sempre em ação e acredita piamente que não pode é estacionar“Quem para morre rápido”, afirma, não se cansando de repetir que prevenção é fundamental para garantir a saúde do coração
Ao contrário do policial aposentado, o servidor público Luís Paulo Garcia Faleiro, de 45, é o que os médicos chamam de “hipertenso de consultório”Na tarde de ontem, o EM acompanhou sua consulta de rotina ao cardiologistaNa primeira aferição da pressão arterial, ela estava alta (16 por 12)Dez minutos depois, tinha caído para 14 por 9, até chegar, ao fim da consulta, meia hora depois, a 13 por 8, dentro da normalidade, segundo o cardiologista Evandro Guimarães de Souza
As alterações na pressão arterial, conta o paciente, ocorrem nas consultas e também nas condições de estresse“O trabalho, hoje, é o pior fator de estresseMuitas vezes somos submetidos a jornadas diárias superiores a 12 horas”, afirmaO cardiologista diz que Luís Paulo não apareceria nas pesquisas como um hipertenso característico“Ele não precisa tomar medicamentos, mas sua saúde deve ser monitorada, evitando o uso de sal e mantendo a atividade física.” O servidor público explica que bebe apenas socialmente, não fuma e faz ginástica regularmente.