Mais de 1 mil casos envolvendo abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes em Belo Horizonte, entre inquéritos e denúncias anônimas, alguns parados há mais de sete anos no Departamento de Investigação, Orientação e Proteção à Família da Polícia Civil, serão reabertos hoje, quando começa a Operação Anti-Herodes de combate à pedofilia, abuso e exploração sexual de menores. O esforço para retomar as investigações tem a participação da Polícia Civil, Polícia Militar, Ministério Público e Juizado da Infância e Juventude e vai se prolongar até a Semana da Criança, em outubro.
Entre os casos cuja apuração será reaberta está o de uma menina abusada pelo marido de uma tia em 2005, quando a vítima tinha apenas 12 anos. A menina tomou coragem e contou tudo ao pai, que procurou a polícia e fez a denúncia. Em um trecho do inquérito, é possível perceber a extensão do drama vivido pela garota e por seus parentes. O pai declarou em depoimento que “a filha lhe contou que foi abusada sexualmente pelo suposto autor, o qual é seu cunhado. Ela tem vergonha de revelar os detalhes do acontecido para o pai e para a mãe”. O pai também disse que em uma reunião na escola onde a vítima estudava os professores informaram que a adolescente permanecia solitária e chorando por causa da violência a que fora submetida.
Coordenadora da Operação Anti-Herodes, a delegada Tânia D’Arc, de 45 anos, que assumiu há quatro meses o Departamento de Proteção à Família da Polícia Civil, informou que a operação terá três frentes de trabalho. “Não vai haver lugar para estes Herodes, que estão matando por dentro nossas crianças”, diz a policial, pós-graduada em direito público e em segurança e criminalidade pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A delegada revela que o nome da operação foi a sugestão de uma escrivã, que lhe enviou uma mensagem pelo celular, de madrugada, dizendo que havia se lembrado do rei Herodes, o soberano da Judeia que mandou matar todas as crianças de Belém na tentativa de matar Jesus Cristo. “Gostei do nome. Se eu conseguir salvar uma criança, é um Herodes a menos”, desabafa Tânia D’Arc.
Grande esforço
Não vai ser fácil o trabalho dos policiais, juízes e promotores envolvidos na operação. Na primeira etapa, serão colhidos os depoimentos de 3 mil pessoas, entre testemunhas, vítimas de pedofilia e acusados. Já foram expedidos 20 mandados de prisão para casos em que a investigação está mais adiantada e a culpa já foi comprovada. Um mutirão de 90 escrivães, formado por aspirantes da Academia de Polícia, vai ajudar nas oitivas, na sede do Departamento de Proteção à Família, no Edifício JK.
Agressores e vítimas não podem se encontrar, bem como as testemunhas do crime, que devem ser resguardadas. Hoje, começam a ser colhidos os depoimentos das vítimas, que terão prioridade, sempre que possível. Entre os casos mais dramáticos, que chamaram a atenção da policial, o de um bebê de três meses, vítima de abuso, e o de ma menina de 14 anos que atua como prostituta na Avenida Afonso Pena e já está na segunda gravidez. “Os criminosos sexuais precisam saber que o silêncio vai ser rompido e que eles estão na nossa mira”, diz a delegada. Segundo ela, 90% dos casos de abuso sexual ocorrem dentro de casa, com o envolvimento de padrasto, pai, irmãos e tios.
Uma simples leitura pelos inquérios revela um grande número de histórias tristes. Informações contidas em uma denúncia anônima, feita por telefone em maio passado, revelam que uma mulher conhecida como Maria explora crianças de 12 a 15 anos na casa dela. Os clientes são traficantes e o pagamento dos serviços é feito com drogas. Segundo Tânia D’Arc ainda falta muito a fazer para combater os abusos contra crianças e adolescentes. “O Estado está preocupado com a questão da pedofilia, mas ainda faltam recursos humanos e material, como funcionários, viaturas, computadores e impressoras”, afirma a delegada, que transformou seu gabinete em sala de depoimentos. No lugar, foram instalados seis mesas com computadores e lugar para os escrivães e as pessoas que serão ouvidas.
Na segunda etapa do trabalho serão cumpridos mandados de busca e apreensão em locais onde podem estar escondidos vídeos, fotos revistas com conteúdo de pedofilia. Os endereços já foram identificados e pelo menos 50 mandados já foram expedidos pela Justiça.
A policial acredita que a Operação Anti-Herodes pode incentivar mais denúncias contra pedófilos, aumentando o êxito do trabalho da polícia para reprimir esse tipo de crime. “Muitas vezes, as pessoas ficam com medo de revelar o que sabem, de se expor e pôr em risco suas famílias, achando que a denúncia não vai levar a nada. A hora de denunciar é agora”, afirma a delegada. Segundo ela, as denúncias podem ser feitas de forma anônima pelos telefones 181 (Disque-denúncia da Polícia Civil), Disque 100 (Disque-denúncia nacional de abuso contra a criança e o adolescente) e 0800-031-1119 (Disque Direitos Humanos).
Entre os casos cuja apuração será reaberta está o de uma menina abusada pelo marido de uma tia em 2005, quando a vítima tinha apenas 12 anos. A menina tomou coragem e contou tudo ao pai, que procurou a polícia e fez a denúncia. Em um trecho do inquérito, é possível perceber a extensão do drama vivido pela garota e por seus parentes. O pai declarou em depoimento que “a filha lhe contou que foi abusada sexualmente pelo suposto autor, o qual é seu cunhado. Ela tem vergonha de revelar os detalhes do acontecido para o pai e para a mãe”. O pai também disse que em uma reunião na escola onde a vítima estudava os professores informaram que a adolescente permanecia solitária e chorando por causa da violência a que fora submetida.
Coordenadora da Operação Anti-Herodes, a delegada Tânia D’Arc, de 45 anos, que assumiu há quatro meses o Departamento de Proteção à Família da Polícia Civil, informou que a operação terá três frentes de trabalho. “Não vai haver lugar para estes Herodes, que estão matando por dentro nossas crianças”, diz a policial, pós-graduada em direito público e em segurança e criminalidade pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A delegada revela que o nome da operação foi a sugestão de uma escrivã, que lhe enviou uma mensagem pelo celular, de madrugada, dizendo que havia se lembrado do rei Herodes, o soberano da Judeia que mandou matar todas as crianças de Belém na tentativa de matar Jesus Cristo. “Gostei do nome. Se eu conseguir salvar uma criança, é um Herodes a menos”, desabafa Tânia D’Arc.
Grande esforço
Não vai ser fácil o trabalho dos policiais, juízes e promotores envolvidos na operação. Na primeira etapa, serão colhidos os depoimentos de 3 mil pessoas, entre testemunhas, vítimas de pedofilia e acusados. Já foram expedidos 20 mandados de prisão para casos em que a investigação está mais adiantada e a culpa já foi comprovada. Um mutirão de 90 escrivães, formado por aspirantes da Academia de Polícia, vai ajudar nas oitivas, na sede do Departamento de Proteção à Família, no Edifício JK.
Agressores e vítimas não podem se encontrar, bem como as testemunhas do crime, que devem ser resguardadas. Hoje, começam a ser colhidos os depoimentos das vítimas, que terão prioridade, sempre que possível. Entre os casos mais dramáticos, que chamaram a atenção da policial, o de um bebê de três meses, vítima de abuso, e o de ma menina de 14 anos que atua como prostituta na Avenida Afonso Pena e já está na segunda gravidez. “Os criminosos sexuais precisam saber que o silêncio vai ser rompido e que eles estão na nossa mira”, diz a delegada. Segundo ela, 90% dos casos de abuso sexual ocorrem dentro de casa, com o envolvimento de padrasto, pai, irmãos e tios.
Uma simples leitura pelos inquérios revela um grande número de histórias tristes. Informações contidas em uma denúncia anônima, feita por telefone em maio passado, revelam que uma mulher conhecida como Maria explora crianças de 12 a 15 anos na casa dela. Os clientes são traficantes e o pagamento dos serviços é feito com drogas. Segundo Tânia D’Arc ainda falta muito a fazer para combater os abusos contra crianças e adolescentes. “O Estado está preocupado com a questão da pedofilia, mas ainda faltam recursos humanos e material, como funcionários, viaturas, computadores e impressoras”, afirma a delegada, que transformou seu gabinete em sala de depoimentos. No lugar, foram instalados seis mesas com computadores e lugar para os escrivães e as pessoas que serão ouvidas.
Na segunda etapa do trabalho serão cumpridos mandados de busca e apreensão em locais onde podem estar escondidos vídeos, fotos revistas com conteúdo de pedofilia. Os endereços já foram identificados e pelo menos 50 mandados já foram expedidos pela Justiça.
A policial acredita que a Operação Anti-Herodes pode incentivar mais denúncias contra pedófilos, aumentando o êxito do trabalho da polícia para reprimir esse tipo de crime. “Muitas vezes, as pessoas ficam com medo de revelar o que sabem, de se expor e pôr em risco suas famílias, achando que a denúncia não vai levar a nada. A hora de denunciar é agora”, afirma a delegada. Segundo ela, as denúncias podem ser feitas de forma anônima pelos telefones 181 (Disque-denúncia da Polícia Civil), Disque 100 (Disque-denúncia nacional de abuso contra a criança e o adolescente) e 0800-031-1119 (Disque Direitos Humanos).