De acordo com o relato das testemunhas, pouco depois das 23h dois homens armados chegaram ao Restaurante Viola Encantada, na Avenida Itaité, 117, e se identificaram como policiaisO primeiro a entrar, armado com uma pistola, se dirigiu à mesa onde estava Vítor Leonardo dos Santos Souza, de 28 anos, e atirou várias vezes contra ele, que morreu na horaA vítima tinha várias passagens pela polícia e entre seus crimes está um homicídio.
Em seguida, o segundo atirador apontou uma submetralhadora 9mm, de fabricação espanhola, e disparou várias rajadas contra as pessoas que estavam na casa noturna, matando Mara Lúcia da Silva, de 28, e Cezar Augusto dos Santos Brito, de 28Em meio ao pânico, os assassinos saíram correndo e tentaram fugir em uma motocicletaNa saída, a dupla foi surpreendida por duas guarnições do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) que faziam a ronda na regiãoHouve troca de tiros com os policiais e um dos assassinos, Rodrigo Luiz Marques Cerqueira, de 22, que estava na garupa da moto, foi morto pelos militaresO outro conseguiu fugirUm terceiro homem, que dava proteção à dupla, também escapou.
O homem morto pelos militares já havia sido condenado por roubo de veículo e era foragido da Penitenciária Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na Grande BH, de onde saiu em 26 de agosto do ano passado beneficiado pelo regime semiabertoQuanto aos dois cúmplices que conseguiram fugir da PM, eles foram identificados como Peter e Luizinho e teriam envolvimento na briga de traficantes da região.
O tenente-coronel Marcelo Vladimir, comandante do Gate, informou que os militares que atiraram contra Rodrigo Luiz foram detidos e estão à disposição da Justiça Militar“Eu fui ao local onde ocorreu a troca de tiros para entender a dinâmica dos fatos e tudo indica que eles agiram para se defender
Momomentos de terror
O tenente reformado PM Eduardo Peixoto, dono do restaurante onde tudo ocorreu, estava no local na hora da confusão e disse que o desespero tomou conta dos fregueses e funcionários da casa“Os dois afirmaram que eram policiais e mandaram os porteiros saírem da frenteInicialmente ouvi o barulho e imaginei que alguém poderia ter soltado uma bomba, por causa do jogo entre Atlético e CruzeiroMas logo depois vi um homem atirando em outro com uma pistola”, contou a testemunha.
Ele acrescentou que o segundo homem, que carregava a metralhadora, também atirou contra a vítima, já caída, e em seguida girou a arma e disparou contra as pessoas"Foi um verdadeiro terrorPedi para que todos se abaixassem, para evitar o piorMesmo escondido, pude ouvir mais tirosDepois, vi as pessoas feridas"Desanimado, o militar reformado afirmou que nunca teve um problema no restaurante, inaugurado há quase dois anos, e não sabe se manterá o negócio.
Entre os feridos no tiroteio, Eloá Alves de Oliveira, de 22, está em estado muito grave no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII e respira com a ajuda de aparelhos
Violência aumenta a cada dia
Os assassinatos nos bairros São Geraldo e Boa Vista começaram há quatro anos, numa disputa que envolve quadrilhas de traficantes da Vila Mariano de Abreu, conhecida como Rock in Rio, e grupos das ruas Lassances e CopéiaA violência se acirrou desde o assassinato de duas garotas, de 18 e 17 anos, em fevereiro de 2009, na Rua Itaité, a mesma onde ocorreu a chacina de domingo à noiteO suspeito do crime foi apedrejado por parentes e amigos das jovens e por pouco não morreuNa ocasião, a comunidade se calou, temendo retaliaçãoPoliciais militares chegaram a ocupar a área por alguns meses, mas depois que saíram os homicídios se tornaram mais constantes
Em junho de 2010, dois homens invadiram uma casa na Rua Deolinda Cândida, no Boa Vista, para executar um rival, que conseguiu escaparEm agosto do ano passado, o motoboy Leonardo Ferreira Santos, de 25 anos, foi morto a tiros quando cortava cabelo em um salão na Rua Aperê, no São GeraldoLeandro Gualberto Inocêncio Silva, de 23, escapou com ferimentos gravesEm maio, dois jovens de 20 e 21 anos foram mortos dentro de casa, no Boa Vista, depois que cerca de 10 homens invadiram o imóvelOutros homicídios na região foram registrados, mas a polícia não confirma se há ligações entre os crimes.
(Landercy Hemerson)