Com 97 dias sem chuvas, Belo Horizonte ainda não bateu o recorde estabelecido no ano passado durante a mesma estação, quando completou 124 dias secosA última chuva significativa ocorreu em 26 de maioEm 2011, a capital chegou a registrar umidade de 12%
A alguns metros dali, os irmãos Maria Helena Bonfim, de 35, jornalista, e Raphael Muniz, de 18, estudante de jornalismo, bebem água de coco sentados na beirada do quiosqueEles se refrescam depois de 40 minutos de caminhada diária, sempre na parte da tarde"Minha irmã aproveita o horário em que a filha está na escolinha e vem até aqui caminhar comigo Comecei há poucos dias um programa de dieta e exercícios físicos e não vou desistir em função da secaTenho de continuar”, afirmou Raphael, convencido pela irmã a trocar a água mineral pela água de cocoO funcionário do quiosque agradece“O movimento tinha caído uns 60%De sexta-feira para cá, começou a melhorar”, comemora Daniel Dutra, que cobra R$ 3 pelo coco e R$ 2 pela água
À espera da primavera
Com a chegada de setembro, há quem esnobe o tempo seco e já esteja de olho na primaveraÉ o caso do escritor e estudioso de insetos Angelo Machado, que não vê a hora de chegar o dia 23“No inverno é assim mesmo, a natureza se esconde e os insetos se protegem na forma de larvasA fauna diminui bastante e a gente fica chateado porque o gramado fica todo secoQuando começa a chover, brotam as folhas, a grama fica verde e é uma explosão de insetos”, explica o professorEle lembra que, antes mesmo das chuvas, os ipês começam a florir nos próximos 15 dias
Eleito esta semana para a Academia Mineira de Letras (AML), o escritor mineiro de livros infantis como Que bicho fez o buraco? e O dilema do bicho-pau não está preocupado com o inverno excessivamente seco dos próximos dias“Só espero que o inverno continue assim, sem maiores incidentesNesta mesma época, ano passado enfrentávamos o incêndio no Parque do Rola-MoçaVamos torcer para que continuemos com sorte que venha a primavera, com muitos insetos”, comenta o entomologista
Segundo Machado, há quem não goste de insetosNão é o caso, porém, dos netos deste avô tão especialTodo ano, ele promove uma espécie de gincana no quintal de casa, na Região da PampulhaAs crianças são estimuladas a descobrir a primeira borboleta do ano e a flagrar o canto da cigarra