O rastro da pichação foi mapeado no Hipercentro de Belo Horizonte, região onde 273 grupos já deixaram suas marcas de sujeira por fachadas, muros, marquises e paredes de imóveis em uma área de 120 quarteirões e cinco praças
Em fase conclusiva, o estudo que será finalizado em março de 2013 mostra que enquanto algumas áreas são mais cobiçadas pelos mãos que carregam rolinhos ou frascos de aerosol, outras são poupadas em função do policiamento, da revitalização ou da grande movimentação de pessoasO que dá a ideia, segundo levantamento, de que a geografia da pichação não é homogênea na capitalEntretanto, normalmente os imóveis comerciais são os mais visados, com 1.640 rabiscos, liderando a lista de alvosPara essa questão, pesa também o fato de que a área escolhida para o estudo tem vocação tipicamente voltada para os negócios
Diferentemente de outras épocas, como o período pós-ditadura, de quando datam os primeiros registros de pichação em BH, as marcas do vandalismo na capital mineira na atualidade têm intenção de demarcar território, como explica o professor do Programa de Pós-graduação em Geografia da PUC Minas Alexandre Diniz"O que percebemos é que esses grupos buscam ser vistos, disputam notoriedade e querem cada vez mais pichar para mostrar que estão em mais partes da cidade", ressalta o professorCoordenador da pesquisa intitulada Pichação: demarcação territorial do Hipercentro de Belo Horizonte, Diniz afirma que prova da rivalidade entre os grupos está na cobiça pelos pontos mais altos dos prédios ou pelas construções mais conhecidas"As áreas mais visadas são os topos dos prédios”, diz
Mais pichados
O olhar dos pesquisadores Sérgio Alves Alcântara e Rodrigo Guedes Braz Ferreira, – graduandos em geografia e bolsistas do programa de iniciação científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) –, revelou ainda que o abandono e a falta de manutenção são fatores que estimulam a ação dos vândalosProva disso é que o prédio identificado pelo estudo como o mais pichado foi uma construção na Avenida do Contorno, à época abandonada, onde hoje está sendo construído um hotelNo mesmo nível, o prédio da Imprensa Oficial, na Avenida Augusto de Lima, chama a atenção dos pesquisadores pela concentração de rabiscos
Por outro lado, explica Rodrigo, áreas recém- revitalizadas, como o entorno do Minascentro e do Mercado Central, bem como áreas privadas como o Shopping Cidade, onde há vigilância 24 horas, são menos focadas pelos infratores