O domingo seco em todo o estado e os ventos fortes dificultaram ainda mais o combate aos incêndios florestais em Minas. Balanço parcial do Corpo de Bombeiros registrou 62 chamadas para combate a chamas em vegetação somente na Região Metropolitana de Belo Horizonte, muitos em áreas de proteção ambiental. No interior a situação também é preocupante, com muitos focos de incêndio. No Parque Nacional da Serra da Canastra, no Centro-Oeste do estado, brigadistas e bombeiros, com auxílio de aviões e helicópteros, continuavam a combater as chamas que haviam destruído quase 2 mil hectares da vegetação nativa.
Uma das áreas mais críticas da Região Metropolitana de Belo Horizonte é a Serra Três Irmãos, em Sarzedo, no limite com Brumadinho. O risco de que o fogo se alastrasse em direção ao Parque Estadual da Serra do Rola Moça, onde ficam várias nascentes responsáveis pelo abastecimento da capital, mobilizou ontem um grande aparato com três helicópteros, um avião e mais de 50 brigadistas e bombeiros. O enfrentamento às chamas começou no fim da tarde de sábado e continuou durante todo o dia de ontem.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, pelo menos 140 hectares de vegetação mista (o equivalente a 140 campos de futebol) foram queimados. O Rola Moça fica a 19 quilômetros da área incendiada. Por isso, bombeiros também fizeram trabalho de prevenção no interior do parque, numa tentativa de proteger a área verde das chamas. Na semana passada, dois incêndios foram registrados na área de conservação ambiental. O parque sempre sofre com as queimadas durante o período de seca. Em 2011, um incêndio que durou mais de seis dias consumiu cerca de 80% da vegetação do local.
Canastra
Brigadistas voltaram aos trabalhos na manhã de ontem para combater o incêndio que assola o Parque Nacional da Serra da Canastra, em São Roque de Minas, há quatro dias. De acordo com o chefe da unidade de conservação federal, Darlan Alcântara de Pádua, o fogo seguia sem controle. Ao todo, 37 brigadistas e quatro aeronaves, duas do Instituto Chico Mendes e duas do Previncêndio, tentavam debelar o fogo.
Bombeiros e brigadistas tinham a esperança de que o fogo se extinguisse durante a madrugada quando passasse pelo Ribeirão dos Coelhos. Porém, as chamas acabaram atingindo a outra margem. Somente em agosto, a área de preservação de 200 mil hectares foi vítima de 12 focos de incêndio. No primeiro, o fogo chegou perto das nascentes do Rio São Francisco e a causa, além da longa estiagem, foi a prática ilegal das queimadas por parte de alguns criadores de gado.
Além do Parque Nacional da Serra da Canastra, há incêndios no Parque Estadual Verde Grande, em Matias Cardoso, no Norte de Minas, onde as chamas começaram há seis dias e são combatidas por 32 brigadistas; no Parque Nacional Grande Sertão Veredas, entre o Norte e o Noroeste do estado, com o fogo também completando hoje seis dias, e no Parque Estadual do Rio Doce, em Timóteo, onde o incêndio começou há quatro dias e é combatido por 40 brigadistas.
Condomínio
Em Nova Lima, somente no começo da madrugada de ontem a tranquilidade voltou para os moradores do condomínio Villa Alpina. O incêndio que começou por volta das 18h de anteontem na mata da Mina da Mutuca, que pertence à mineradora Vale, no limite com o residencial, demorou cerca de seis horas para ser controlado. Quem mora no condomínio reclamou que a mineradora não enviou equipes para ajudar no combate ao fogo, que foi debelado pelos funcionários do residencial, com auxílio dos moradores.
Eles também criticaram a demora do Corpo de Bombeiro em enviar uma equipe ao local. Quando uma guarnição chegou à área, no fim da noite de sábado, a situação já estava controlada. Ontem, os bombeiros não informaram os motivos da demora em atender o chamado. O fogo chegou perto de alguns imóveis, mas nenhum foi atingido.