Quadrilhas especializadas em sequestro relâmpago não escolhem bairros, horários ou regiões de Belo Horizonte para atacar
Em 8 de julho, uma família inteira foi rendida no Bairro Jaqueline, Região Norte de BHA moradora foi abordada quando chegava em casa de carroOs ladrões entraram com a mulher para a residência, renderam o marido e os dois filhos e recolheram tudo de valor, como computadores, relógios e dinheiroAs vítimas foram obrigadas a entrar em um carro e passaram oito horas sob o poder dos bandidos até serem liberadas em locais diferentesHoras depois, a PM recebeu denúncia anônima e prendeu um dos suspeitos no esconderijo da quadrilhaDois homens conseguiram escapar.
A vítima de 13 de julho, um vendedor de peças para carros que sofreu sequestro relâmpago quando visitava um cliente na Avenida Waldomiro Lobo, no Bairro Aarão Reis, Região Norte, relata o terror que viveu
Em setembro, Belo Horizonte já registrou pelo menos um caso de sequestro relâmpagoNa quarta-feira, no Bairro Minascaixa, em Venda Nova, um casal viveu três horas de terror após ser abordado e levado por bandidos à noite“Foi terrível
Frequência
Na Região Centro-Sul da capital, principalmente onde moram pessoas de maior poder aquisitivo, os habitantes estão com medo diante do que consideram uma onda de crimes dessa modalidadeNo Bairro Belvedere, por exemplo, no mesmo dia em que L., um estudante universitário de 21 anos, foi sequestrado por dois homens armados, o motorista de um desembargador também foi levado por criminosos a uma agência bancária e obrigado a sacar R$ 1,5 milUma terceira pessoa ainda foi vítima no bairro no mesmo dia.
Os moradores reclamam que os crimes continuam acontecendo mesmo com a PM desenvolvendo estratégias de segurança para a região, por meio da Operação VisibilidadeEles também relatam que assaltos e arrombamentos a residência estão ocorrendo com frequênciaPor outro lado, as polícias Civil e Militar garantem que estão agindo e prendendo os suspeitosEm 23 de agosto, três homens foram presos em Betim, na Grande BH, suspeitos de roubar carros e praticar sequestros relâmpagos em diferentes regiões da capitalEles pertenceriam a duas quadrilhas e uma delas teria atacado o estudante do BelvedereO Kia Sorento do jovem foi recuperado com dois dos suspeitos, um adulto e um adolescenteUma BMW também foi recuperada em Betim, possivelmente a que havia sido roubada de um desembargadorO carro foi usado em outro sequestro relâmpago.
Trabalho
Segundo o comandante do Policiamento da Capital (CPC), coronel Rogério Andrade, o trabalho de repressão e proteção já começa nas cidades limítrofes com outros estados, com as operações Fronteira e Cinturão de SegurançaElas servem para impedir a entrada de criminosos, segundo o coronel“Essas ações são replicadas em Belo Horizonte com a Operação Relâmpago, específica para combater o sequestro relâmpago”, disse Rogério Andrade.
Apesar de o crime estar sob controle, a situação é acompanhada o tempo todo, segundo o coronel, citando outras duas operações desencadeadas, Impacto e Alerta de Segurança“Instituímos também os Corredores de Segurança em Belo Horizonte, de forma que estamos com estratégias voltadas para o problema relacionado a pessoas vitimadas quando se utilizam veículos”, disse o coronel AndradeSegundo ele, se o crime vier a sair do limite de controle, essas ações serão incrementadas“Entendemos que nós temos que estar preocupados, envolvidos e acompanhando o tempo todoExistiram e existem alguns casos que são resolvidos muitas vezes com prisões e apreensões”, acrescentou.
Violência se repete em família
Primeiro foi o filho J., de 21 anos, estudante de administração, sequestrado na entrada do condomínio onde mora, em Nova Lima, no ano passado, enquanto aguardava a chegada de um colega que seguiria de carona com ele para a faculdadeCom cartão universitário, levou prejuízo de R$ 500 e foi deixado amarrado, com nariz sangrando, sem camisa e os tênis na Várzea das FloresTrês dias depois, a caminhonete Fiat Strada foi localizada sem rodas, painel e caixa de marcha
Em 3 de agosto, foi a vez do pai, o funcionário público C., de 56Ele aguardava a filha de 13 anos andar de skate com a amiga no Bairro Belvedere, por volta das 17h30, quando dois assaltantes armados invadiram o Mitsubishi Outlander de R$ 130 milMandaram seguir, apesar dos protestos de Cavisando que a filha aguardava por ele“Durante o tempo que durou o sequestro, minha filha me ligou 39 vezesEla me viu saindo com o carro, mas a ação foi tão rápida que não percebeu que se tratava de um sequestroOs caras proibiram de atender o telefone, justificando que não mexiam com criança”, explica
Depois de entregar quatro cartões de crédito e as senhas, Cpercorreu a cidade duas horas de carro, enquanto os bandidos faziam saques e compras em um shopping de Contagem“Perdi R$ 1 mil de um cartão de débito, um celular de R$ 2 mil e as compras que estavam no carro, mas o maior impacto é emocional”, conta o funcionário público, que sentiu um misto de alívio e apreensão quando foi abandonado no meio do mato em Betim“Não sabia ao certo o que iriam fazer comigo, mas aceleraram e foram emboraAndei alguns metros e encontrei a entrada da Refinaria Gabriel Passos (Regap) A segurança acionou a polícia e me ajudou a avisar a famíliaMinha filha estava revoltada achando que eu a havia deixado para trás."
No sequestro relâmpago de Cos assaltantes ficaram o tempo inteiro ameaçando dar coronhadas caso ele não permanecesse de olhos fechadosEm vãoNa semana seguinte, uma quadrilha foi presa e os policiais fizeram contato com ele por intermédio da ocorrência policial“Por mais que tente permanecer no anonimato, o bandido deixa rastros porque expõe o rosto no caixa rápido, nas lojas”, diz Leonardo Vieira Dias, delegado-chefe do 1º Departamento de Polícia Civil.
DICAS PARA SE PROTEGER
» O crime de sequestro relâmpago tem alta exposição dos infratoresEles abordam pessoas em veículos, forçam a sair do banco da frente e ir para a parte de trásPor isso, se perceber alguma movimentação suspeita, acione imediatamente a PM pelo 190 ou 181.
» Também ligue para a PM caso perceba alguma pessoa em atitude estranha em caixas eletrônicos e agências bancáriasObserve se a pessoa está suando, trêmula ou sentir que está um tanto acuada.
» Evite situação de vulnerabilidadeObserve com atenção a rua ao entrar ou sair da garagemSe houver algum veículo suspeito, dê uma volta no quarteirão e não pare.
» Namorar no carro ou em locais escuros e desertos, ficar com o veículo parado esperando alguém ou mesmo falando ao celular são situações de riscoFique atento ao parar em semáforos, principalmente se estiver sozinho e à noite.
Fonte: Coronel Rogério Andrade, comandante do Policiamento da Capital