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Estado de Minas

Quadrilhas de sequestro relâmpago agem em todas as regiões

Nos últimos dois meses, crimes foram registrados na Centro-Sul, Nordeste, Norte e também em Contagem, na Grande BH. No Belvedere, moradores estão em pânico com tantas ocorrências


postado em 10/09/2012 06:51 / atualizado em 10/09/2012 06:48

Quadrilhas especializadas em sequestro relâmpago não escolhem bairros, horários ou regiões de Belo Horizonte para atacar. Além das ocorrências na Região Centro-Sul, a polícia registrou crimes na Nordeste, Norte e na cidade de Contagem, na Grande BH. No Bairro Caiçara, Região Nordeste, por exemplo, um casal sofreu sequestro relâmpago quando conversava dentro do carro. Era 3 de julho quando os dois foram rendidos por três homens armados. O rapaz foi colocado no banco de trás do veículo e a mulher libertada. Ela avisou a polícia, que conseguiu prender o bando 20 minutos depois.

Em 8 de julho, uma família inteira foi rendida no Bairro Jaqueline, Região Norte de BH. A moradora foi abordada quando chegava em casa de carro. Os ladrões entraram com a mulher para a residência, renderam o marido e os dois filhos e recolheram tudo de valor, como computadores, relógios e dinheiro. As vítimas foram obrigadas a entrar em um carro e passaram oito horas sob o poder dos bandidos até serem liberadas em locais diferentes. Horas depois, a PM recebeu denúncia anônima e prendeu um dos suspeitos no esconderijo da quadrilha. Dois homens conseguiram escapar.

A vítima de 13 de julho, um vendedor de peças para carros que sofreu sequestro relâmpago quando visitava um cliente na Avenida Waldomiro Lobo, no Bairro Aarão Reis, Região Norte, relata o terror que viveu. “Colocaram a arma na minha cabeça e um deles entrou no meu carro, dizendo: ‘Perdeu, perdeu’. Me colocaram no banco traseiro e me abandonaram numa fazendinha. Disseram que precisavam do carro para pagar uma dívida. Ameaçaram o tempo todo estourar minha cabeça com um tiro. Fiquei em pânico”, disse a vítima. No dia 16, uma ocorrência foi registrada em Contagem. Pela manhã, um homem foi levado por três homens armados na Via Expressa. Um dos ladrões assumiu a direção do carro da vítima e eles seguiram em alta velocidade até serem detidos pela PM.

Em setembro, Belo Horizonte já registrou pelo menos um caso de sequestro relâmpago. Na quarta-feira, no Bairro Minascaixa, em Venda Nova, um casal viveu três horas de terror após ser abordado e levado por bandidos à noite. “Foi terrível. Pensei que a gente ia morrer”, disse em lágrimas a vendedora Fabiana, de 30 anos. Até então, eles acreditavam que esse tipo de crime só ocorria na Zona Sul.

Frequência
Na Região Centro-Sul da capital, principalmente onde moram pessoas de maior poder aquisitivo, os habitantes estão com medo diante do que consideram uma onda de crimes dessa modalidade. No Bairro Belvedere, por exemplo, no mesmo dia em que L., um estudante universitário de 21 anos, foi sequestrado por dois homens armados, o motorista de um desembargador também foi levado por criminosos a uma agência bancária e obrigado a sacar R$ 1,5 mil. Uma terceira pessoa ainda foi vítima no bairro no mesmo dia.

Os moradores reclamam que os crimes continuam acontecendo mesmo com a PM desenvolvendo estratégias de segurança para a região, por meio da Operação Visibilidade. Eles também relatam que assaltos e arrombamentos a residência estão ocorrendo com frequência. Por outro lado, as polícias Civil e Militar garantem que estão agindo e prendendo os suspeitos. Em 23 de agosto, três homens foram presos em Betim, na Grande BH, suspeitos de roubar carros e praticar sequestros relâmpagos em diferentes regiões da capital. Eles pertenceriam a duas quadrilhas e uma delas teria atacado o estudante do Belvedere. O Kia Sorento do jovem foi recuperado com dois dos suspeitos, um adulto e um adolescente. Uma BMW também foi recuperada em Betim, possivelmente a que havia sido roubada de um desembargador. O carro foi usado em outro sequestro relâmpago.

Trabalho
Segundo o comandante do Policiamento da Capital (CPC), coronel Rogério Andrade, o trabalho de repressão e proteção já começa nas cidades limítrofes com outros estados, com as operações Fronteira e Cinturão de Segurança. Elas servem para impedir a entrada de criminosos, segundo o coronel. “Essas ações são replicadas em Belo Horizonte com a Operação Relâmpago, específica para combater o sequestro relâmpago”, disse Rogério Andrade.

Apesar de o crime estar sob controle, a situação é acompanhada o tempo todo, segundo o coronel, citando outras duas operações desencadeadas, Impacto e Alerta de Segurança. “Instituímos também os Corredores de Segurança em Belo Horizonte, de forma que estamos com estratégias voltadas para o problema relacionado a pessoas vitimadas quando se utilizam veículos”, disse o coronel Andrade. Segundo ele, se o crime vier a sair do limite de controle, essas ações serão incrementadas. “Entendemos que nós temos que estar preocupados, envolvidos e acompanhando o tempo todo. Existiram e existem alguns casos que são resolvidos muitas vezes com prisões e apreensões”, acrescentou.


Violência se repete em família

Primeiro foi o filho J., de 21 anos, estudante de administração, sequestrado na entrada do condomínio onde mora, em Nova Lima, no ano passado, enquanto aguardava a chegada de um colega que seguiria de carona com ele para a faculdade. Com cartão universitário, levou prejuízo de R$ 500 e foi deixado amarrado, com nariz sangrando, sem camisa e os tênis na Várzea das Flores. Três dias depois, a caminhonete Fiat Strada foi localizada sem rodas, painel e caixa de marcha.

Em 3 de agosto, foi a vez do pai, o funcionário público C., de 56. Ele aguardava a filha de 13 anos andar de skate com a amiga no Bairro Belvedere, por volta das 17h30, quando dois assaltantes armados invadiram o Mitsubishi Outlander de R$ 130 mil. Mandaram seguir, apesar dos protestos de C. avisando que a filha aguardava por ele. “Durante o tempo que durou o sequestro, minha filha me ligou 39 vezes. Ela me viu saindo com o carro, mas a ação foi tão rápida que não percebeu que se tratava de um sequestro. Os caras proibiram de atender o telefone, justificando que não mexiam com criança”, explica.

Depois de entregar quatro cartões de crédito e as senhas, C. percorreu a cidade duas horas de carro, enquanto os bandidos faziam saques e compras em um shopping de Contagem. “Perdi R$ 1 mil de um cartão de débito, um celular de R$ 2 mil e as compras que estavam no carro, mas o maior impacto é emocional”, conta o funcionário público, que sentiu um misto de alívio e apreensão quando foi abandonado no meio do mato em Betim. “Não sabia ao certo o que iriam fazer comigo, mas aceleraram e foram embora. Andei alguns metros e encontrei a entrada da Refinaria Gabriel Passos (Regap). A segurança acionou a polícia e me ajudou a avisar a família. Minha filha estava revoltada achando que eu a havia deixado para trás."

No sequestro relâmpago de C. os assaltantes ficaram o tempo inteiro ameaçando dar coronhadas caso ele não permanecesse de olhos fechados. Em vão. Na semana seguinte, uma quadrilha foi presa e os policiais fizeram contato com ele por intermédio da ocorrência policial. “Por mais que tente permanecer no anonimato, o bandido deixa rastros porque expõe o rosto no caixa rápido, nas lojas”, diz Leonardo Vieira Dias, delegado-chefe do 1º Departamento de Polícia Civil.

 

DICAS PARA SE PROTEGER
» O crime de sequestro relâmpago tem alta exposição dos infratores. Eles abordam pessoas em veículos, forçam a sair do banco da frente e ir para a parte de trás. Por isso, se perceber alguma movimentação suspeita, acione imediatamente a PM pelo 190 ou 181.

» Também ligue para a PM caso perceba alguma pessoa em atitude estranha em caixas eletrônicos e agências bancárias. Observe se a pessoa está suando, trêmula ou sentir que está um tanto acuada.

» Evite situação de vulnerabilidade. Observe com atenção a rua ao entrar ou sair da garagem. Se houver algum veículo suspeito, dê uma volta no quarteirão e não pare.

» Namorar no carro ou em locais escuros e desertos, ficar com o veículo parado esperando alguém ou mesmo falando ao celular são situações de risco. Fique atento ao parar em semáforos, principalmente se estiver sozinho e à noite.

Fonte: Coronel Rogério Andrade, comandante do Policiamento da Capital

 


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