Jornal Estado de Minas

UnB tranquiliza moradores de Montes Claros sobre tremor, mas população tem medo

Luiz Ribeiro

Telhado de ponto comercial despencou devido a tremor de terra em Montes Claros - Foto: Ilson Gomes/TV Alterosa

A chefe interina do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), Mônica Von Huelsen, declarou na quinta-feira, que não há motivo de pânico para os moradores de Montes Claros (Norte de Minas), onde foi registrado um tremor, de 2,9 graus na Escala Richter, na noite de quarta-feiraSegundo ela, o abalo “foi considerado um evento fraco, apesar de a população ter se assustado”Não houve vítimas, mas na região mais atingida na cidade, o telhado de frente um ponto comercial desabou e moradores dizem que aumentaram as trincas e rachaduras de casas que tinham sido afetadas por abalos anteriores

Entretanto, na quinta-feira o clima entre a população ainda era de medo devido ao registro de frequentes dos fenômenos sísmicos na cidadeDesde 2008, foram registrados pelo menos 18 tremores de terra no municípioO mais forte deles, de 4.5 graus na Escala Richter, ocorreu na manhã do último dia 19 de maio e afetou as estruturas de cerca de 60 casas, das quais seis - localizadas na região da Vila Atlântida - foram condenadas pela Defesa Civil e as famílias ficaram desabrigadas.

De acordo com especialistas, não é possível prever a ocorrência de novos tremoresMas, no caso de Montes Claros, a população também vive uma angústia: até hoje não se sabe exatamente qual é a causa dos sismos no municípioA suspeita é que os fenômenos estariam relacionados com a existência de uma falha geológica na regiãoDesde o final de maio, uma equipe de técnicos da UnB instalou cinco sismográficos em Montes Claros, com o objetivo de confirmar a existência da falha geológica, bem como sua profundidade e dimensão, para, a partir daí, tomar as medidas preventivas contra novos tremoresPorém, até agora, ainda não houve resposta sobre os resultados dos estudos.

O professor André Menezes, do Observatório Sismológico da UnB,  disse que os dados colhidos pelos sismógrafos instalados em Montes Claros ainda estão sendo analisados e que a conclusão de um relatório final ainda “depende de mais estudos e verbas”Ele afirmou que não pode fixar prazo para a conclusão dos estudos

Antes, a própria UnB tinha divulgado que o resultados deverão ser anunciados até novembro, quando será instalada uma estação sismográfica da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), viabilizada com recursos do Governo do Estado

Dejanira Ferreira de Jesus monstra as rachaduras na parede de sua casa e fala que estava lavando os pratos quando aconteceu - Foto: Solon Queiroz/especial EM DA PressEnquanto não se sabe o resultado dos estudos científicos, moradores da Vila Atlântica continuam vivendo num clima de medo e ao mesmo tempo de preocupação e com a desinformação‘Será que não dá para saber quando vai novo tremor?”, questiona o aposentado José Antonio Alves, de 82 anos, um dos moradores do bairroPor causa de AVC (Acidente Vascular Cerebral), sofrido há alguns anos, José Antonio tem o lado direito do corpo paralisadoEle conta que passou por apuros quando ocorreu o tremor de 2,9 graus na Escala Richter“Eu estava sentado no sofá, assistindo televisãoDe repente, ouvi um estrondo e senti a terra tremerTodo o meu corpo ficou “duro” e não consegui me mexer”, recorda o aposentado.

A aposentada Dejanira Ferreira de Jesus, de 72, mulher de José Antonio, conta que vive amedrontada porque, a casa dela, cuja construção é fraca, foi muito atingida pelo “grande tremor” de 4,5 graus, do dia 19 de maioUma parede do banheiro da casa apresenta uma grande rachadura“A gente fica até com medo de entrar no banheiro”, diz Dejanira
Ela também conta que teve um grande susto por causa do tremor de anteontem à noite“Eu estava lavando vasilhas no tanque do lado de fora da casaQuando aconteceu o “estrondo’, deixei o copo cair”, relata.

Por causa do abalo ocorrido ás 20h56 de quarta-feira, moradores de muitos bairros de Montes Claros saíram para a rua“Fiquei com medo e só entrei para dentro de casa quando já passava de meia noite”, conta o aposentado Valmir Ferreira de Souza, que também mora na Vila Atlântica