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Estado de Minas

Pai de jovem morto na Nossa Senhora do Carmo diz que filho foi assassinado


postado em 16/09/2012 07:13

Carro de Fábio Pimentel Fraiha totalmente destruído(foto: Maria Tereza Correia/EM DA Press)
Carro de Fábio Pimentel Fraiha totalmente destruído (foto: Maria Tereza Correia/EM DA Press)

Mais uma família chora o resultado da imprudência ao volante nas madrugadas de Belo Horizonte. Foi cremado no fim da tarde de ontem o corpo do estudante de administração Fábio Pimentel Fraiha, de 20 anos, que morreu depois que o Focus que dirigia foi atingido em cheio pelo Land Rover conduzido pelo estudante de odontologia Michael Donizete Lourenço, de 22 anos. O desastre ocorreu no Trevo do Bairro Belvedere, na pista de descida da Avenida Nossa Senhora do Carmo, Região Centro-Sul da capital. Com sintomas de estar alcoolizado, segundo os militares que atenderam a ocorrência, Michael se recusou a fazer o teste do bafômetro, alegando que não confiava no aparelho, mas foi autuado por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar. Preso em flagrante, o jovem não teve direito a fiança.

O acidente ocorreu pouco antes das 4h de ontem. Michael, que mora no Bairro Santo Agostinho, estava no carro de um amigo mais velho, sem os documentos do veículo. Ele alegou à polícia que dava voltas pela cidade com outros quatro amigos. Disse que o Focus teria desrespeitado o sinal vermelho, fazendo o retorno no trevo, em direção ao Shopping Ponteio, e que não conseguiu parar a tempo de evitar a tragédia. Com o choque violento, o air bag do Land Rover se abriu e a porta do Focus, no lado do motorista, foi esmagada até o câmbio. Michael estava no primeiro ano de habilitação, com permissão para dirigir.

“Se ele estivesse em condições normais, em velocidade compatível com o local, o acidente não teria sido como foi, naquela gravidade. A Polícia Militar relata sinais de embriaguez, pelos olhos avermelhados e hálito etílico. Pela violência do impacto, ele aparentava estar com excesso de velocidade. Ninguém faz aquilo a 60 km/h”, afirma o coordenador de Operações Especiais do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG), delegado Ramon Sandoli.

Dificuldade

Apesar do horário do acidente, Michael só foi levado à delegacia às 11h15. Segundo a PM, houve dificuldades para elaborar o boletim de ocorrência e liberar os carros. Com isso, o universitário só foi encaminhado ao Instituto Médico Legal ao meio-dia, oito horas após a batida, para ser submetido a exame clínico. “O ideal era que o rapaz viesse imediatamente, logo após o acidente. Isso atrasa, mas não vai impossibilitar o trabalho da polícia, que o autuou por homicídio com dolo eventual. A pena é de 6 a 20 anos de prisão”, disse Sandoli.

O Land Rover pertence a Luiz Martins Neto, que acompanhou Michael ao Detran, mas não quis dar entrevistas. Foi ele quem chamou um advogado. O jovem, natural de Barcacena, estuda na Faculdade Newton Paiva e disse em depoimento que só bebeu na tarde de sexta-feira, na faculdade. Ele estava acompanhado dos amigos Manoel Victor Noronha de Araújo, Felipe Nairon de Almeida, Pedro Henrique Almeida Pimenta, os três de 21 anos, e Felipe Augusto Cunha, de 20. Este último ficou ferido levemente no rosto e foi levado para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Todos serão chamados a depor.

O pai de Fábio, o empresário Júlio César Frahia, disse que seu filho foi assassinado. “Tudo indica que o condutor estava embriagado e dirigindo numa velocidade incompatível com qualquer via urbana. Ele matou meu filho de maneira trágica, assassinou meu filho de 20 anos”, disse.

O jovem trabalhava havia dois meses na locadora de carros do pai, cumprindo as seis horas do estágio do curso de administração da PUC Minas. Esportista, já nadou pelo Minas Tênis e foi judoca pelo clube. Nos últimos tempos, dedicava-se, além da faculdade, à ginástica e ao curso de francês. “Uma pessoa muito querida, com vários amigos, de boa índole”, resumiu Júlio Frahia. Testemunhas disseram que uma bolsa foi roubada de dentro do Focus, antes de a polícia chegar.

O avô do estudante, Félix Fraiha, pediu Justiça durante o velório. “Infelizmente meu neto foi vítima de mais uma violência do trânsito e espero Justiça para o presente caso. Espero também que isso jamais aconteça com outros familiares, porque a dor é muito profunda.” O avô lembrou, com tristeza, que o neto faria aniversário no dia 20. “Fábio era uma pessoa muito tranquila. Não era de dirigir em alta velocidade, por isso sentimos mais ainda. Era um rapaz que amava os pais e os avós e perdeu a vida dessa forma, é lamentável”, afirma o avô do universitário.


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