Entre a cruz e a espada. Moradores do Belvedere, na Região Centro-Sul de BH, e motoristas obrigados a passar, principalmente à noite e de madrugada, pelo trevo da Avenida Nossa Senhora do Carmo que dá acesso ao bairro, vivem entre fogos cruzados: de um lado, a ameaça constante de acidentes, como o que vitimou, no dia 15, o estudante Fábio Pimentel Fraiha, de 20 anos; e do outro, os assaltos a veículos. O microempresário Marcos, de 31 anos, do Bairro Buritis, na Região Oeste, diz que, depois de certa hora, não para nos semáforos. “Sei que cometo uma infração grave, mas prefiro preservar minha vida do que ser rendido pelos bandidos”, diz Marcos, que preferiu não dar o sobrenome. “É um local perigoso, as autoridades deveriam deixar o semáforo piscando ou então desligado depois da meia-noite”, explica.
Para se proteger, ele adota uma prática particular: “Quando vou me aproximando do sinal, já vou acelerando, assim afasto qualquer assaltante do carro. Não posso arriscar a vida, já fui assaltado, então, não brinco. O resultado dói no bolso, pois fui multado duas vezes”, afirma. O advogado José Roberto Balbi, morador de Nova Lima, na Grande BH, também prefere passar no trevo sem respeitar o sinal vermelho de madrugada. “Não podemos dar moleza. Aquele trecho é muito perigoso e prefiro avançar o sinal. Há relatos de pessoas que tiveram bolsas arrancadas pela janela.”
Velhos conhecedores da região, motoristas de táxi de um ponto no Bairro Belvedere têm opiniões divididas: há os que não param de jeito nenhum nos sinais e os que “manjam a barra, primeiro, antes de avançá-los”. “Aqui é assim, quando não é assalto é acidente, então, de madrugada é praticamente impossível parar. Do contrário, pode haver problema”, conta Airton Moreira da Silva, de 40, de Contagem.
Outros taxistas falam dos seus temores. “Dificilmente a gente para neste local. Minha vida e do passageiro vêm em primeiro lugar, então, para evitar acidentes, vou chegando devagar até o semáfaro e, quando vejo que não vem carro, pego a outra pista”, diz o taxista. Miguel Veloso também trafega de forma cautelosa. “Olho bem para os lados e sigo em frente, pois os assaltos são comuns por aqui”. De acordo com os motoristas, os assaltos, na maioria, são cometidos por moradores do Aglomerado Morro do Papagaio, às margens da Avenida Nossa Senhora do Carmo.
Coração na mão
Moradora há 40 anos do Bairro São Pedro, a bióloga aposentada Míriam Ferreira, de 74, tem uma visão particular da situação. “Dirijo só durante o dia, mas sempre temo pela vida dos filhos e netos. Tenho mais medo do trânsito do que dos assaltos, por isso não avanço o sinal de jeito nenhum. Lá da minha casa ouço o barulho de freadas neste local”, contou. Quem também não corre riscos é o motorista Alves Prata, Contagem, que trabalha no transporte de funcionários de um supermercado. “Sempre paro no sinal do Trevo do Belvedere, mas com o coração na mão. Fico tremendo, com medo de que alguém entre no ônibus, mande uma pedra, enfim nos ataque.”
Segundo o tenente-coronel Luiz José Francisco Filho, comandante do 22º Batalhão da Polícia Militar, há um posto de observação e vigilância perto do trevo, não sendo registradas ocorrências de assaltos no local. “Essa situação é mais antiga. Hoje, só há registro num trecho mais abaixo, perto do Morro do Papagaio. Uma das dicas para evitar problemas é manter bolsas e outros pertences debaixo do banco ou no porta-mas, jamais em local visível. Outra dica é reduzindo a marcha até o sinal para que, quando chegar lá ele esteja aberto para o motorista”, explica.
Para se proteger, ele adota uma prática particular: “Quando vou me aproximando do sinal, já vou acelerando, assim afasto qualquer assaltante do carro. Não posso arriscar a vida, já fui assaltado, então, não brinco. O resultado dói no bolso, pois fui multado duas vezes”, afirma. O advogado José Roberto Balbi, morador de Nova Lima, na Grande BH, também prefere passar no trevo sem respeitar o sinal vermelho de madrugada. “Não podemos dar moleza. Aquele trecho é muito perigoso e prefiro avançar o sinal. Há relatos de pessoas que tiveram bolsas arrancadas pela janela.”
Velhos conhecedores da região, motoristas de táxi de um ponto no Bairro Belvedere têm opiniões divididas: há os que não param de jeito nenhum nos sinais e os que “manjam a barra, primeiro, antes de avançá-los”. “Aqui é assim, quando não é assalto é acidente, então, de madrugada é praticamente impossível parar. Do contrário, pode haver problema”, conta Airton Moreira da Silva, de 40, de Contagem.
Outros taxistas falam dos seus temores. “Dificilmente a gente para neste local. Minha vida e do passageiro vêm em primeiro lugar, então, para evitar acidentes, vou chegando devagar até o semáfaro e, quando vejo que não vem carro, pego a outra pista”, diz o taxista. Miguel Veloso também trafega de forma cautelosa. “Olho bem para os lados e sigo em frente, pois os assaltos são comuns por aqui”. De acordo com os motoristas, os assaltos, na maioria, são cometidos por moradores do Aglomerado Morro do Papagaio, às margens da Avenida Nossa Senhora do Carmo.
Coração na mão
Moradora há 40 anos do Bairro São Pedro, a bióloga aposentada Míriam Ferreira, de 74, tem uma visão particular da situação. “Dirijo só durante o dia, mas sempre temo pela vida dos filhos e netos. Tenho mais medo do trânsito do que dos assaltos, por isso não avanço o sinal de jeito nenhum. Lá da minha casa ouço o barulho de freadas neste local”, contou. Quem também não corre riscos é o motorista Alves Prata, Contagem, que trabalha no transporte de funcionários de um supermercado. “Sempre paro no sinal do Trevo do Belvedere, mas com o coração na mão. Fico tremendo, com medo de que alguém entre no ônibus, mande uma pedra, enfim nos ataque.”
Segundo o tenente-coronel Luiz José Francisco Filho, comandante do 22º Batalhão da Polícia Militar, há um posto de observação e vigilância perto do trevo, não sendo registradas ocorrências de assaltos no local. “Essa situação é mais antiga. Hoje, só há registro num trecho mais abaixo, perto do Morro do Papagaio. Uma das dicas para evitar problemas é manter bolsas e outros pertences debaixo do banco ou no porta-mas, jamais em local visível. Outra dica é reduzindo a marcha até o sinal para que, quando chegar lá ele esteja aberto para o motorista”, explica.