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Estado de Minas

BR-356 vira ladeira de pegas sem fiscais na capital

Jovens se aproveitam de falha na fiscalização para desafiar autoridades e promover corridas em trecho de 600 metros da BR-356, no Belvedere. Polícia rodoviária promete coibir abusos


postado em 25/09/2012 06:00 / atualizado em 25/09/2012 07:03

Mesmo durante o dia, motoristas abusam da velocidade na descida da rodovia, após a barreira eletrônica do Shopping Ponteio(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 27/6/12)
Mesmo durante o dia, motoristas abusam da velocidade na descida da rodovia, após a barreira eletrônica do Shopping Ponteio (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 27/6/12)

Os jovens que desafiam autoridades e disputam pegas nas madrugadas, levando perigo a motoristas na Avenida Nossa Senhora do Carmo e na BR-356, se aproveitam de uma lacuna na fiscalização. De acordo com a Polícia Militar, o trecho da Avenida do Contorno ao trevo do Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul da capital, é de responsabilidade do Batalhão de Trânsito (BPTran). Dali em diante, na BR-356, a jurisdição é da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), que informou promover blitzes na maioria das vezes a partir do BH Shopping. Sem ninguém para policiar a “zona cinza” da ladeira do Bairro Belvedere, condutores irresponsáveis se sentem livres para acelerar entre outros automóveis, chegando a desenvolver até 149 km/h num trecho de apenas 600 metros após a barreira eletrônica, como mostrou ontem o Estado de Minas. A PM promete reformular ações para coibir os abusos.

O perigo nesse trecho é evidente. No dia 15, por exemplo, dois jovens morreram em acidentes marcados pela alta velocidade e desrespeito às sinalizações de trânsito. Uma semana depois, na madrugada de sábado, a reportagem do EM testemunhou seis veículos apostando corrida em duplas que descem emparelhadas, desenvolvendo velocidades acima de 113 km/h. Entre as 2h e as 4h30, nenhuma viatura policial esteve no local para coibir os abusos.

No primeiro acidente com morte, Michael Donizete Lourenço, de 22 anos, bateu seu Land Rover num Focus, no Trevo de Belvedere, matando o administrador Fábio Fraiha, de 20. Uma câmera da BHTrans mostra que o veículo dele e outro, ainda não identificado, passaram acima da velocidade permitida, de 60 km/h, e lado a lado como se disputassem um pega. A polícia aguarda o resultado de laudos para encaminhar o inquérito à Justiça. À noite, na mesma via, morreu o estudante de direito Thiago Rocha Lage, de 19 anos, depois de passar pelo radar da Curva do Ponteio a 88 km/h, não conseguir fazer a curva e bater em árvores.

Blitzes

O comandante da PMRv, tenente-coronel Sebastião Olímpio Emídio Filho, justifica a falta de policiamento no trecho entre o BH Shopping e o Trevo do Belvedere, onde ocorrem os pegas, à grande extensão de estradas a ser fiscalizada na Grande BH e à necessidade de blitzes em locais seguros. “A rodovia com mais operações e fiscalizações é justamente a BR-356. Mas, geralmente, fazemos mais próximo do BH Shopping, focando nos frequentadores de casas noturnas no Vale do Sereno e do Jardim Canadá (Nova Lima)”, disse.

O militar afirma que a polícia tem feito monitoramentos e verificado denúncias e pretende intensificar ações para impedir as corridas ilegais no trecho. Contudo, o tenente-coronel Sebastião Emídio Filho nem em todos os locais se podem fazer blitz. “Não podemos armar uma fiscalização na saída de uma curva como a do Ponteio, porque isso colocaria em risco os condutores e militares. A pessoa em alta velocidade teria pouco tempo para reagir. Tem de ser em um local estratégico para coibir com segurança”, afirma.

O BPTran informa ou que vai monitorar esse tipo de atitudes, dentro de sua jurisdição, para evitar pegas e acidentes. “Precisamos de saber qual a frequência disso. Realizamos operações sempre na Avenida Nossa Senhora do Carmo, nas sextas-feiras, sábados e domingos. Vamos levantar as placas desses praticantes, prender, multar por direção perigosa, apreender a habilitação e o veículo”, promete o comandante do batalhão, tenente-coronel Roberto Lemos. Outro fator que precisa continuar sendo combatido, na avaliação do policial, é a mistura de álcool, drogas e direção, com as blitzes da Lei Seca. “Álcool e drogas são ingredientes fundamentais nesses pegas. O condutor irresponsável se sente mais confiante e por isso acelera, arrisca a sua vida e a dos outros. Se esse fator é controlado, temos menos abusos”, disse.


PALAVRA DE ESPECIALISTA: Alberto Vidal Guimarães, Consultor técnico em Manutenção de Veículos

Avenida não é autódromo

“Os carros que usamos para o tráfego do dia a dia não estão preparados para serem usados como automóveis de corrida. Não há manutenção para isso e não há peças trocadas a cada corrida para se comportarem assim. Se um carro de uso normal estiver com amortecedores desgastados e pneus com baixa quantidade de borracha, ou calibragem inadequada, isso amplia o risco de acidentes, como capotamentos, derrapagens, perda de trajetória e colisão. As vias de tráfego regular não são feitas para receber carros desenvolvendo velocidades tão altas assim. Não há espaço, inclinação ou áreas de escape para isso. A Curva do Ponteio, onde a reportagem flagrou carros a 149 km/h, não tem porte para isso. Foi um risco irresponsável de acidente. Todas essas condições adversas podem levar o mais habilidoso dos pilotos a sofrer um grave acidente. Principalmente porque nos autódromos não temos carros trafegando a 60 km/h na frente do piloto.”
 


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