A tristeza voltou a rondar a ex-colônia de hansenianos São Francisco de Assis, em Bambuí, na Região Centro-Oeste de Minas GeraisDeu negativo o resultado do DNA que poderia unir Maria Aparecida da Silva, de 65 anos, separada há 45 anos da filha levada de seus braços quando ainda era bebêSe o resultado fosse positivo, a história traria esperança aos mais de 40 mil filhos isolados de seus pais a partir da década de 1940 no BrasilNaquela época, como forma de evitar o contágio pela lepra, que ainda não tinha cura, os bebês eram internados em orfanatos, os pais viviam presos nas colônias.
A esperança era de que a filha de Aparecida, com o nome de Joana, estaria morando no interior de São Paulo, trabalhando como enfermeira, a mesma profissão de Reinaldo, o filho de Maria Aparecida que ajuda a mãe na busca pela filhaAo nascer, a criança foi retirada do convívio da mãe e levada para uma creche com 15 dias de vidaAos quatro meses, foi dada como morta, mas Aparecida nunca viu o corpo nem soube a causaSempre suspeitou que a filha estivesse viva.
"É até difícil de acreditar que não possa ser elaAté as pessoas de fora que viram nossa foto juntos nos acharam parecidosO nariz é igualzinho"D, comentou Reinaldo, sem esconder a decepção com o resultado do exame"Já estávamos gostando dessa Joana, que é uma pessoa muito humana e alegre", lamentouEnvolvida com questões pessoais, Joana tomou conhecimento do resultado por meio do laboratório, mas evitou comentar o assunto publicamente.
Com o revés da história, divulgado anteontem, Aparecida continua a busca pela filha, registrada com o nome de Joana D'Arc da Silveira, nascida em 26 de junho de 1967
A última esperança para Aparecida pode vir do banco nacional de dados, uma parceria do Movimento de Reintegração das Pessoas com Hanseníase (Morhan) com o Instituto Nacional de Genética Médica Populacional, que vai ajudar reunir famílias separadas pela doençaDesde 2011 estão sendo realizados exames genéticos, feitos pela saliva, em pessoas cadastradas pelo movimentoEm Minas, já foram coletadas 37 amostras de ex-portadores de hanseníase à procura de parentes e outros 40 permanecem na fila para entrar no bancoSegundo o presidente nacional do Morhan, Artur Custódio, até hoje só foi feito o cruzamento de informações no Acre e o próximo local a ser pesquisado será Recife