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Estado de Minas

Mulher separada da família por causa da hanseníase vai continuar busca por filhas


postado em 03/10/2012 07:19 / atualizado em 03/10/2012 07:24

Maria Aparecida da Silva - 65 anos, dona de casa(foto: Leandro Couri/EM DA Press)
Maria Aparecida da Silva - 65 anos, dona de casa (foto: Leandro Couri/EM DA Press)

A tristeza voltou a rondar a ex-colônia de hansenianos São Francisco de Assis, em Bambuí, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais. Deu negativo o resultado do DNA que poderia unir Maria Aparecida da Silva, de 65 anos, separada há 45 anos da filha levada de seus braços quando ainda era bebê. Se o resultado fosse positivo, a história traria esperança aos mais de 40 mil filhos isolados de seus pais a partir da década de 1940 no Brasil. Naquela época, como forma de evitar o contágio pela lepra, que ainda não tinha cura, os bebês eram internados em orfanatos, os pais viviam presos nas colônias.

A esperança era de que a filha de Aparecida, com o nome de Joana, estaria morando no interior de São Paulo, trabalhando como enfermeira, a mesma profissão de Reinaldo, o filho de Maria Aparecida que ajuda a mãe na busca pela filha. Ao nascer, a criança foi retirada do convívio da mãe e levada para uma creche com 15 dias de vida. Aos quatro meses, foi dada como morta, mas Aparecida nunca viu o corpo nem soube a causa. Sempre suspeitou que a filha estivesse viva.

"É até difícil de acreditar que não possa ser ela. Até as pessoas de fora que viram nossa foto juntos nos acharam parecidos. O nariz é igualzinho"D, comentou Reinaldo, sem esconder a decepção com o resultado do exame. "Já estávamos gostando dessa Joana, que é uma pessoa muito humana e alegre", lamentou. Envolvida com questões pessoais, Joana tomou conhecimento do resultado por meio do laboratório, mas evitou comentar o assunto publicamente.

Com o revés da história, divulgado anteontem, Aparecida continua a busca pela filha, registrada com o nome de Joana D'Arc da Silveira, nascida em 26 de junho de 1967. Ela também procura a mais velha, batizada como Renata Maria Silva, que veio ao mundo em 16 de outubro de 1962, e também foi retirada do convívio com a família. Hoje, Renata estaria a poucos dias de completar 50 anos. Isso segundo os dados das certidões de nascimento original das duas meninas, que podem ter tido nomes, datas e local de nascimento alterados, como forma de facilitar a adoção dos filhos da hanseníase no país e até no exterior.

A última esperança para Aparecida pode vir do banco nacional de dados, uma parceria do Movimento de Reintegração das Pessoas com Hanseníase (Morhan) com o Instituto Nacional de Genética Médica Populacional, que vai ajudar reunir famílias separadas pela doença. Desde 2011 estão sendo realizados exames genéticos, feitos pela saliva, em pessoas cadastradas pelo movimento. Em Minas, já foram coletadas 37 amostras de ex-portadores de hanseníase à procura de parentes e outros 40 permanecem na fila para entrar no banco. Segundo o presidente nacional do Morhan, Artur Custódio, até hoje só foi feito o cruzamento de informações no Acre e o próximo local a ser pesquisado será Recife.


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